Ana Sofia Carvalhêda conversou com os músicos compositores
Rodrigo Leão e Gabriel Gomes a propósito da reedição do cd "Os Poetas", editado
em 1997, o regresso aos palcos nacionais e a edição de um novo trabalho de
originais, a que deram o nome de "Autografia"…
*****
Autografia
é o novo trabalho d’Os Poetas de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes.
Autografia
é um álbum de música falada. Mais do que um suporte, a música une-se aqui
naturalmente à palavra poética, fundamento e essência da composição.
Este novo
registo é acompanhado
por um DVD também inédito com espectáculo ao vivo na Casa da Música.
O
projecto OS POETAS surgiu dos encontros entre Rodrigo Leão, Gabriel Gomes e
Hermínio Monteiro, então editor da Assírio & Alvim, em cujo espólio
existiam gravações de poetas dizendo os próprios poemas.
O CD Entre
Nós e as Palavras, de 1997, foi o resultado de meses intensos de
composição, de uma afinidade com os poetas escolhidos e da amizade cúmplice
entre os dois músicos, notável quando compõem e quando actuam.
Com
Francisco Ribeiro (ex-Madredeus) e Margarida Araújo nas cordas, o ensemble fez
alguns concertos nos anos 90.
Os Poetas
regressaram em 2012, compuseram novas músicas, encontraram outros poetas e
chamaram o actor Miguel Borges para dizer poemas.
Viviena
Tupikova e Sandra Martins completam o ensemble.
A escolha
de Miguel Borges para dar voz aos textos foi novamente determinada por
sentimentos de cumplicidade e empatia.
Depois de
Entre Nós e as Palavras ter sido reeditado em 2012 e o projecto
ter ido para a estrada, chega agora Autografia, um registo em áudio e
vídeo único d’Os Poetas.
OS POETAS
Facebook: www.facebook.com/OsPoetas.MusicaPoesia
CD
Músicos
Gabriel Gomes – Acordeão e
Metalofone
Rodrigo Leão – Sintetizador, Baixo
e Metalofone
Viviena Tupikova – Violino
Sandra Martins – Violoncelo
Miguel Borges – Voz
João Eleutério –
Guitarra eléctrica em O Poema
Gravado, misturado e
masterizado por Paulo Abelho e
João Eleutério nos Estúdios Armazém 42
Produzido por Gabriel
Gomes e Rodrigo Leão
Utilização da gravação
do poema Nós Somos de António Ramos Rosa
por gentileza da
Universal Music Portugal, S.A.
DVD
Músicos
Gabriel Gomes – Acordeão e
Metalofone
Rodrigo Leão – Sintetizador
Viviena Tupikova – Violino
Sandra Martins – Violoncelo e
Clarinete
Miguel Borges – Voz
Gravações de poemas
ditos por Adília Lopes, António Ramos Rosa e Herberto Helder
Fotografia: Rita Carmo
Grafismo: André
Navarro
*****
Al Berto
"Bom, tudo
seria mais fácil se eu tivesse um curso, um motorista a conduzir o meu carro, e
usasse gravatas sempre. Às vezes uso, mas é diferente usar gravata no pescoço
ou usá-las na cabeça."
Al Berto
nasce em 1948, em Coimbra, mas a sua terra é Sines, onde passa a infância e
adolescência. Exila-se em Bruxelas e regressa à Pátria em 1975. Sines continua o
seu refúgio, quando quer fugir da inquietação noctívaga de Lisboa. Vida e
escrita confundem-se – Al Berto não acreditava naquilo a que chamava "poetas de
apartamento". Interessam-lhe os mistérios da cidade subterrânea e viscosa,
lasciva e mal iluminada. De si dizia que era um "tipo excessivo e minimal".
Morre em
Lisboa a 13 de Junho de 1997.
Adília Lopes
"Adília Lopes e Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira são uma e
a mesma pessoa. São eu. Como uma papoila é poppy. E muitos outros
nomes que eu não sei. A Adília Lopes é água no estado gasoso, a Maria José é a
mesma água no estado sólido. Eu sou uma mulher, sou portuguesa, sou lisboeta,
sou poetisa, sou linguista (todos somos), sou física, sou bibliotecária, sou
documentalista, sou míope, tenho quase 40 anos (nasci a 20 de Abril de 1960),
sou solteira, não tenho filhos, sou católica, tenho os olhos castanhos, meço
1,56 m, neste momento peso 80 Kg, uso o cabelo curto desde 1981, o cabelo é
castanho escuro com muitos cabelos brancos. Sou etc., etc."
António Ramos Rosa
"O poeta é um deslocado, um
viajante, um vagabundo. Deambulamos no espaço."
Nasce em 1924, em Faro. A falta de saúde obriga-o a
interromper cedo os estudos, tornando-se autodidacta. Foi empregado de
escritório e professor, tradutor e ensaísta. A sua vida decorre entre Faro e
Lisboa, a escrita e a actividade política de oposicionista do Estado Novo. Em
1962, fixa-se em Lisboa.
A partir da década de 70, dedica-se exclusivamente à
poesia. Escreve e desenha diariamente.
Herberto Helder
"Tenho de inventar a minha vida
verdadeira."
Herberto Helder nasce em 1930, no Funchal.
Aos 16 anos viaja para Lisboa para estudar. Frequenta a Universidade em Coimbra
que abandona e esquece.
Raramente concedendo entrevistas ou
frequentando a instituição literária, protegeu sempre a sua vida no mais
estrito anonimato.
Mário Cesariny
"E não
julgues que eu não tenho saudade desse tempo em que eu andava pelos cafés,
pelas ruas. Nunca escrevi um poema em casa. Nunca. Não me perguntes porquê. É
como voar."
Nasce em
Lisboa, em 1923. Estuda artes decorativas. No final da adolescência conhece os
amigos com quem viria a desenvolver actividades surrealistas. Adversário do
regime, foi vigiado insistentemente pela PIDE por ser abertamente homossexual.
Além de poeta, foi artista plástico.
Morreu a 26 de Novembro de 2006, em Lisboa.
Ouça aqui mais alguns temas de Os Poetas:
https://soundcloud.com/uguru-music/05-os-poetas-o-cafe-dos-poetas
https://soundcloud.com/uguru-music/03-os-poetas_o-navio-de
https://soundcloud.com/uguru-music/os-poetas-ha-uma-hora-ha-uma