Na Grande Final do Festival da Canção, este sábado (9 de março), iolanda sagrou-se vitoriosa com “GRITO”. A artista vai representar Portugal em Malmö, na Eurovisão de 2024.
Canção n.º 6: iolanda, “Grito”
iolanda ia submeter uma canção ao Festival, mas foi contactada para compor uma canção antes disso. Surgiu, então, “Grito”, canção com uma “intensidade humana”, algo que nunca tinha feito. Segundo a cantora, foi um processo “inacreditável e duro”, resultado de uma reflexão interior.
Em palco, apresenta-se toda de branco. Juntam-se a ela um grupo de dançarinos encapuzados com véus rendilhados, uma representação visual para o eco do seu grito.
As restantes atuações estiveram a cargo de Silk Nobre, Rita Onofre, Noble, Buba Espinho, Nena, No Maka ft. Ana Maria, Cristina Clara, Rita Rocha e Leo Middea, Perpétua e João Borsch. Reveja todos estes momentos abaixo.
Canção n.º 1: Silk Nobre, “Change”
“Change” é o cantor, ator e encenador Silk Nobre a querer “comunicar com uma massa que tenha espírito crítico, não só entretenimento”. Há um sentido de comunhão quase gospel neste tema, que sublinha “o papel da música”, isto é, “unir as pessoas sobre esta coisa que é sagrada para nós.”
Nunca só em palco, rodeia-se de uma comunidade e espera alargá-la ao mundo todo. No mínimo, sobre o mundo eurovisivo: “Descobri uma comunidade nova que desconhecia, com um espírito crítico muito grande. a sensação é de lançar um disco inteiro”.
Canção n.º 2: Rita Onofre, “Criatura”
Entre uma “bola de alegria no peito” e o “excitamento de criança”, Rita Onofre colheu o que semeou com a sua canção, que triunfou pelo regime de livre submissão. Ritmo moderado, pop de guitarra trinada, e um arranjo expansivo de vozes constroem “Criatura”.
“É assustador e lindo estar entre este grupo de artistas. Queria estar sozinha em palco para crescer fisicamente”, disse à imprensa, descrevendo a sua atuação como “muito virada para a câmara.”
Canção n.º 3: Noble, “Memory”
Noble entra sozinho em palco, sem nada que distraia da canção, um one man show. “Memory”, a única canção cantada que inglês é um hino ao amor entre pai e filho. No palco, a única companhia são as molduras vazias, reflexo da ausência de memória, e lâmpadas projetadas como uma “réstia de esperança”.
Sente-se satisfeito com a maneira como tem “tocado algumas pessoas que se têm identificado com a história”, algo que imagina ser amplificado com a presença na TV.
Canção n.º 4: Buba Espinho, “O Farol”
O amor paternal, na voz do cantautor de Beja, deu arranque à cerimónia. “Estamos habituados a fazer concertos de 1h30 que contam histórias, [enquanto no Festival], a interpretação tem de ser feita toda em três minutos”, comentou Buba Espinho na conferência de imprensa, recordando o processo de afinar as posições das câmaras e encontrar os movimentos adequados a cada palavra. “O Farol”, matizado a verde, do cenário de fundo à indumentária.
Canção n.º 5: Nena, “Teorias da Conspiração”
A participação no Festival da Canção “solidificou um pouco a carreira que tenho vindo a fazer”, disse Nena que trouxe uma canção que descreve como “acolhedora”, para ouvir “à lareira com uma mantinha” – é a sua “canção é amor”. Sublinhou, como destaque do Festival da Canção, a camaradagem e a rede de artistas que tem vindo a conhecer.
A progressão dos ensaios permitiu sofisticar o ritmo das luzes, por exemplo, partindo de “Interstellar”, filme de Christopher Nolan, como inspiração. Recorda o Pavilhão Atlântico, onde vendeu merchandise da Eurovisão em 2018, e como olhava para aquele palco, imaginando-se nele.
Canção n.º 7: No Maka ft. Ana Maria, “Aceitar”
Por detrás de um vestido cintilante e de uma cidade a anoitecer, esta canção guarda “o cheiro da casa da avó”. Foi assim que os No Maka – dupla formada pelos lisboetas Duarte Carvalho e Emanuel Oliveira – apresentaram à imprensa o tema “Aceitar”, com a participação de Ana Maria, artista de 17 anos.
Uma balada que desabrocha, com um jogo de palmas e uma mensagem de saudade e superação.
Canção n.º 8: Cristina Clara, “Primavera”
“Escolhi a canção no momento do convite, era o que fazia sentido e que me representa. Em três minutos, é impossível representar o nosso trabalho”, afirmou Cristina Clara à imprensa. “Trata-se sobretudo de trabalhar a interpretação, o cenário e as parcerias, como passamos a mensagem – tem de ser sincero.”
O tule lilás e os arranjos florais denunciam a missão de Cristina Clara para a segunda semifinal: ser “encorajadora sem querer ser presunçosa”. Se esta canção “fosse um cheiro, seria jasmim”, disse a cantautora, a propósito de “Primavera” – que se anuncia ao soar das guitarras e dos adufes, contando ainda com uma secção recitada. “Apuramos a performance, o palco, as pessoas, a equipa.
Canção n.º 9: Rita Rocha, “Pontos Finais”
Rita Rocha entrou em palco de harpa em riste para tocar “Pontos Finais”, canção-luto pelo fim de uma relação. Procurou uma performance intensa, que fizesse jus à canção, atribuindo “um quarto escuro” o lugar ideal para desfrutar da canção.
Com apenas 17 anos, regressa aos palcos da RTP após passagem pelo “The Voice Kids” em 2021, e vê no Festival da Canção uma oportunidade de ter uma projeção maior: “seria um desperdício não aproveitar esta incrível porta que se abriu”.
Canção n.º 10: Leo Middea, “Doce Mistério”
Foi em 2017, ano da vitória de Salvador Sobral na Eurovisão, que o cantautor brasileiro chegou a Lisboa. Desde então, dedicou-se à “música de coração aberto”, de que “Doce Mistério” é mais um testemunho (incluindo o verso “Tua beleza é rara como o disco ‘Bicho’ de Caetano”).
Exatamente um dia a seguir à sua composição, recebeu o convite para o Festival da Canção. Uma coincidência “mística”, como disse na conferência, que traduziu o arranjo orquestral e a boa disposição numa performance alegre e enérgica.
Canção n.º 11: Perpétua, “Bem Longe Daqui”
Em palco, os fatos em tons pastel e a projeção com a estética city pop não enganam. Os “coloridos saltitantes” são Perpétua, que veem no Festival uma grande oportunidade para se revelarem ao público. “Às vezes, a grande dificuldade é chegar a mais pessoas (…), está a ser um processo gratificante”, disse o guitarrista Diogo Rocha na conferência de imprensa.
O que mostram no palco é aquilo que são – procuram não desvirtuar a identidade da banda e procuram na música uma possibilidade para crescer. “Ainda não acreditamos bem que isto está a acontecer”, confessa o quarteto da Gafanha da Nazaré, que faz malabarismos entre a música e carreiras distintas no dia-a-dia.
Canção n.º 12: João Borsch, “…pelas costuras”
Um holofote diferente para João Borsch: surge em estilo conferência de imprensa, rodeado por microfones. Luvas vermelhas, fato preto e apontamentos de metal para uma atuação que ecoa os seus inícios na música – ainda em criança, foi baterista de uma banda de trash metal no Funchal.
“Hesitei em aceitar o convite para participar, mas rapidamente percebi que estava sozinho nisso. A receção tem sido incrível. Adaptar a linguagem corporal à televisão, um meio onde eu ainda não me tinha mostrado”, confessou o cantor de 24 anos na conferência de imprensa.
Nesta Grande Final houve ainda espaço para a celebração dos 50 anos do 25 de Abril através da canção de intervenção portuguesa. Sob comando de Samuel Úria e Filipe Melo, juntou-se um rol de várias gerações e origens para cantar algumas das músicas mais marcantes que abriram o caminho para a Revolução. Ana Lua Caiano cantou José Afonso, Alex D’Alva Teixeira trouxe um novo toque a “Liberdade” de Sérgio Godinho, Luca Argel evocou Chico Buarque com “Tanto Mar” e, como não podia faltar, Paulo de Carvalho cantou “E Depois do Adeus”, primeira senha da Revolução, num novo sussurro.
São também os 50 anos da vitória dos ABBA em Brighton com “Waterloo”, e a homenagem também se fez por cá. The Black Mamba juntaram-se a Tó Cruz, Anabela e Mimicat, no palco do Festival da Canção para um animado medley que contou com os grandes clássicos do quarteto sueco.