Vizinho que mora um pouco mais a sul, Marrocos será o país convidado da edição número 20 do Festival MED, a realizar no verão de 2024 em datas ainda a anunciar. A notícia foi avançada à Antena 1 pelo autarca de Loulé, Vítor Aleixo, numa entrevista integrada na emissão especial que acompanhou a terceira e última noite da 19.ª edição do festival, durante a qual passaram pelo estúdio da rádio nomes como a Sétima Legião, Zeca Medeiros, Ana Lua Caiano, os Bateu Matou, os cabo-verdianos Bulimundo (que celebram em 2023 os seus 45 anos de atividade) ou o pianista brasileiro Amaro Freitas.
A noite de sábado foi intensa nos palcos, não apenas com as atuações destes músicos, mas também da norte-americana Sarah McCoy, a brasileira Bia Ferreira, os romenos Balkan Taksim ou o sírio Omar Souleyman, entre muitos outros, encerrando o 19º MED com casa cheia. Pelas ruas do centro histórico de Loulé a movimentação era constante, com paragens onde havia sabores, artesanato, roupa, mas também nos espaços de oferta cultural da cidade que, como é já tradição no MED, abrem as portas em horário noturno durante o festival.
“É um museu… deve estar fechado… e se calhar paga-se”, dizia uma jovem espanhola ao grupo de amigos que, terminada a atuação da dupla Caamaño & Ameixeiras no Palco Hamam, espreitavam a porta do edifício cujo pátio havia acolhido a plateia (apinhada) que assistiu à atuação. “Está aberto, é de facto um museu e é gratuito”, foi a resposta ao grupo, que reagiu entrando, juntando-se assim aos muitos que, ao longo da noite, visitaram assim os Banhos Islâmicos e Casa Senhorial dos Barreto, um dos pólos do Museu Municipal de Loulé. De facto o nome daquele palco surge do velho Hamam criado no século XII, em tempos de presença árabe na região. Os vestígios arqueológicos destes banhos públicos, que se mantiveram em atividade no século XIII, mesmo depois da reconquista cristã, estão hoje transformados num museu que junta a esta história a de um outro edifício que depois nasceu no mesmo lugar, uma casa senhorial do século XV, e cujas memórias ali são também partilhadas, abrindo horizontes para a vida quotidiana de Loulé em dois tempos distintos do seu passado.
Às memórias evocadas neste museu juntam-se outras mais contadas ali bem perto, dentro do velho castelo (em cujo pátio se ergue outro dos palcos do festival) que é casa do Museu Municipal, onde outras mais peças resultantes de diversas campanhas arqueológicas acrescentam factos e objetos a esta construção de visões sobre o passado da cidade. Também ali ao lado a pequena Ermida de Nossa Senhora da Conceição abre mais do que apenas uma janela sobre o passado, já que no chão, sob uma placa de vidro, podemos ver as fundações de uma velha porta da muralha dos tempos da ocupação árabe. Todos estes espaços comunicam vivências e também expressões de criação artística, num centro histórico que não esquece o presente já que, junto do pátio que recebe a programação de jazz e igualmente junto de um outro que dá ecrã ao cinema, há uma galeria de arte que propõe exposições de artistas do nosso tempo. E a multidão, no seu vaivém entre palcos, artes de rua, comidas e compras, vai passando por ali.
Leia também as reportagens anteriores, de quinta e sexta-feira, da Antena 1 no MED 2023 – com as emissões especiais de cada noite.