O “trovador romântico” Tony de Matos nasceu faz agora 100 anos. Famoso por canções como “Cartas de Amor”, “Vendaval”, “Só Nós Dois” ou “O Destino Marca a Hora”, teve também ao longo da carreira algumas versões que acabou por tornar suas, tal eram a força e carisma que imprimia às interpretações.
A carreira discográfica do cantor começou na editora Ibéria, de Manuel Simões, em inícios da década de 1950, passando depois pela Valentim de Carvalho. No Brasil, onde se instala na segunda metade dessa década, grava para várias etiquetas. Até 1963, é a Rádio Triunfo que publica os seus novos temas, mas assina de novo com a casa Valentim de Carvalho, onde permanece até 1967.
No ano anterior, tinha participado no Festival RTP da Canção com “Nada e Ninguém”, com direcção do maestro Jorge Costa Pinto. A canção não acolhe, no entanto, os favores do júri e acaba por ficar em 8.º e último lugar – a vencedora seria Madalena Iglésias, com “Ele e Ela”.
Com a criação do selo discográfico Estúdio, em que Tony de Matos se envolve com o amigo Emílio Mateus, chega também o período editorial mais longevo da sua carreira, de cerca de uma década. Aí, grava a banda sonora do filme “Derrapagem”, uma produção sua, e também uma versão de “E Depois do Adeus”, logo em 1974, entre dezenas de outros temas.
Já nos anos 80, as novas gerações mostram que o talento de Tony de Matos não lhes era de forma nenhuma indiferente, com José Cid, Paulo de Carvalho, Tozé Brito, Vitorino, João Gil ou Rui Veloso a escreverem originais para a sua voz – nos álbuns “Romântico” (1984) e “Cantor Latino” (1988). Ele, como sempre, deixava-se ir com ela.