Morreu João Paulo Guerra. Jornalista e radialista com carreira que atravessou décadas e fronteiras. Começou no Serviço de Noticiários do antigo Rádio Clube Português, marcando desde cedo presença na rádio. O seu talento levou-o a ser correspondente da Rádio Nacional de Angola e, mais tarde, co-fundador da Telefonia de Lisboa. Com um dom nato para a reportagem, destacou-se como repórter e editor na TSF. Uma carreira repartida entre a Rádio Clube Português, Renascença, TSF e Antena 1, Guerra formou gerações de jornalistas e radialistas, transmitindo o seu conhecimento e paixão.
Na rádio pública, João Paulo Guerra foi Provedor do ouvinte entre 2017 e 2021. Foi presença constante na imprensa escrita. Colaborou com publicações como “Memória do Elefante”, “O Diário”, “Público”, “O Jornal”, “Diário Económico” e o suplemento “A Mosca” do Diário de Lisboa – tendo, neste último, criado a expressão “nacional-cançonetismo” para se referir à música ligeira associada à Emissora Nacional nos anos 60 (exemplificada por artistas como Madalena Iglésias e António Calvário), segundo o historiador Rogério Santos.
O trabalho de João Paulo Guerra foi reconhecido com diversos prémios. Recebeu, entre outros, o Prémio Casa da Imprensa, o Repórter X, o Gazeta e o Reportagem de Rádio. Em 2014, foi agraciado com o Prémio Igrejas Caeiro, um tributo à sua longa e distinta carreira no meio radiofónico.
João Paulo Guerra publicou várias obras de pesquisa jornalística e histórica, como “Memórias das Guerras Coloniais”, “Savimbi – Vida e Morte” e “Descolonização Portuguesa – O Regresso das Caravelas”. Aventurou-se também na ficção com “Romance de uma Conspiração” e “Corações Irritáveis”. A sua paixão pelo teatro levou-o a adaptar o romance “Clarabóia” de José Saramago para os palcos, demonstrando uma vez mais a sua versatilidade e talento.