O ano de 2022 marca os 80 anos do nascimento de Adriano Correia de Oliveira e, infelizmente, também os 40 da sua morte. Sim, infelizmente perdemos uma das vozes mais belas e límpidas da nossa canção cedo demais. Quem sabe o que poderia ter feito ao longo dos anos 80 e dos anos 90, duas décadas de transformações na indústria musical? O seu último álbum, Cantigas Portuguesas, de 1980, mostra alguém que sabia ir buscar o melhor das nossas tradições e reapresentá-las como se fosse algo de novo.
Assim, para esta série de três programas emitidos dentro do Gramofone, quis trazer três nomes que trabalharam ao lado de Adriano Correia de Oliveira em fases diferentes da sua carreira – e das deles. Por um lado, respondeu à chamada Rui Pato, guitarrista que ajudou a moldar a imagem sonora da canção de protesto ao longo da década de 1960, quer ao lado de Adriano como de José Afonso. Não tivesse ele seguido uma carreira como médico e talvez tivéssemos um guitarrista ainda mais (re)conhecido – e que ainda há dias teve mais um concerto de justíssima homenagem pública, desta vez em Coimbra.
Mais novos, juntaram-se nestas três emissões do Gramofone dedicadas a Adriano o guitarrista Paulo Vaz de Carvalho e o violinista Manuel Rocha. Este último, ainda muito novo, acompanhou Adriano numa altura em que começava também na Brigada Victor Jara, enquanto o primeiro se dividiu entre a formação em Direito e em Ciências Musicais, tendo acompanhado Adriano na recta final da sua vida, em concertos militantes pelo país.
Através destas várias vozes que o conheceram na primeira pessoa, ficará um retrato de Adriano Correia de Oliveira que se quer cada vez mais completo. Só assim poderemos projectar a sua música para o futuro e ambicionar que a mesma continue sempre a fazer parte de nós.
Texto de João Carlos Callixto. O Gramofone está disponível no RTP Play e é emitido na Antena 1 ao sábado, após as notícias das 8h00.