Episódio 4
Laleh Esteki — Irão; em Portugal desde 2011
Laleh Esteki é iraniana e, agora, portuense. É professora, tradutora, assistente educativa na Faculdade de Engenharia do Porto, e trabalha com o Alto comissariado para as migrações em Portugal, no apoio por exemplo a refugiadas afegãs. Aliás, foi ela que nos ajudou a entrar em contacto com a Casa da Criança em Guimarães que acolheu as artistas afegãs que fazem parte da Zohra Orchestra, a única orquestra feminina do Afeganistão.
Já domina a língua portuguesa, e as nossas tradições de Natal. Mas quando chegou há 12 anos, até o calendário de Natal lhe fazia confusão.Os iranianos, na sua grande maioria muçulmanos, não celebram o Natal, sendo claramente o Ano Novo a sua grande festa. No entanto até essa data é diferente pois o Ano Novo iraniano é celebrado por altura do início da Primavera, no fim de Março.
Estas diferenças de calendário trocaram as voltas a Laleh e à sua família no primeiro Natal que viveram em Portugal, e deram por si a sair à noite na Véspera de Natal à espera de encontrar as ruas cheias de gente a celebrar… o Ano Novo.
Claro que encontraram as ruas às moscas. Hoje em dia Laleh e o marido riem-se muito da gaffe, mas na altura tudo foi bastante assustador.
Apesar de não haver hábito de festejar o Natal no Irão, em sua casa já se habituaram a celebrar o Natal português. A razão é simples: a integração da filha na comunidade portuguesa.
Assim, à mesa desta família iraniana radicada no Porto não falta o bacalhau com os legumes, batatas e ovo cozido. Sobremesas típicas do Natal português também marcam presença, como o bolo rei, ou as rabanadas. Laleh ainda não aprendeu a fazê-las, mas compra e assim ganharam mais uma festa na sua rotina.
Ah… e também uma nova data para celebrar o Ano Novo!
Episódio 5
Mayra Andrade — Cabo Verde; em Portugal desde 2015
É cabo-verdiana, nasceu em Cuba e viveu em vários continentes antes de começar a cantar e a ser conhecida em França. Mas Lisboa sempre foi um ponto de passagem ao longo da vida. Tanto, tanto, que acabou por se tornar morada também.
Mayra Andrade vinha a Lisboa desde que nasceu. Tinha um avô português. E assim, embora Mayra viva em Portugal desde 2015, o primeiro Natal da cantora e compositora em Portugal remonta à sua infância, pois foi precisamente na casa dos avós que se habituou a passar a quadra natalícia.
Recorda-se do avô vestido de Pai Natal, da incontornável montanha de brinquedos, e do ambiente de Natal Europeu comum ao que encontrou por exemplo em França e na Alemanha. Já em relação ao Natal de Cabo Verde, a principal diferença que encontra está no clima.
Do Natal da infância passado em Portugal, Mayra recorda também os seus “shows” caseiros. Já na altura queria cantar e dar espectáculo, e parece que um dos primeiros palcos foi mesmo a sala de estar na noite da consoada.
É certo que o Natal, de há uns tempos para cá, estava um pouco secundarizado na vida de Mayra Andrade. Mas este ano o espírito natalício de Mayra reavivou-se. É que aqui recordámos as histórias do seu primeiro Natal em Portugal. Mas este ano ela vai ter uma nova história para contar: a do seu primeiro Natal como mãe.
Episódio 6
Piet-Hein Bakker — Países Baixos; em Portugal desde 1994
Vive em Portugal desde 1994 e, como fundador da empresa de produção televisiva Endemol Portugal, assinou a produção de mais de trinta programas de sucesso para os diversos canais portugueses. Chuva de Estrelas, Big Brother, Médico de Família, ou as edições anuais dos Globos de Ouro, são apenas algumas das marcas que deixou no pequeno ecrã.
Piet-Hein Bakker gosta muito de viver em Portugal, mas não esquece várias tradições dos Países Baixos, ou da Holanda como ainda gosta de dizer. E no que toca ao Natal, há de facto enormes diferenças entre o Natal dos holandeses e o dos portugueses. Tantas que Piet-Hein Bakker teve problemas “laborais” no seu primeiro Natal em Portugal. É que os holandeses têm dois feriados seguidos: o 25 e o 26. E nesse primeiro dia 26 em Portugal queriam marcar uma reunião de trabalho com Piet-Hein. Imperdoável.
Não é a única diferença no calendário. Nos Países Baixos o dia de troca de prendas é a 5 de Dezembro. Porque o que interessa aos neerlandeses é o São Nicolau, e não o Pai Natal. E há tradições e lendas de São Nicolau muito diferentes do que conhecemos em Portugal: para já, São Nicolau não vem da Lapónia num trenó voador. Vem de barco a partir de Espanha. E tem como ajudantes não os duendes, mas sim os “Pedros Negros”, que decidem se as crianças levam presentes ou castigos em função do seu comportamento.
Muito prático, pragmático e realista. À boa maneira holandesa.
Há muitas outras tradições de Natal dos Países Baixos que Piet-Hein Bakker nos contou. Para as conhecer, ouça o programa e já agora conheça as outras histórias da rubrica “O Meu Primeiro Natal em Portugal”.