Com importante obra a solo e também nos Television, banda da qual foi fundador à qual esteve ligada, quer no seu percurso inicial, nos anos 70, quer depois da reunião em 1992, Tom Verlaine é reconhecido como um dos mais importantes guitarristas e autores da sua geração. Os Television, habitualmente referidos como referência do punk nova-iorquino, eram fruto de uma nova etapa de uma antiga cumplicidade entre o guitarrista Richard Hell e Tom Verlaine, nascida nos dias em que ambos frequentavam um colégio interno, o primeiro ainda então conhecido pelo seu nome real Richard Meyers, o segundo como Thomas Miller. Foi por essa altura que Thomas descobriu um interesse pela poesia, que o levaria a adotar como nome artístico o apelido do poeta simbolista francês Paul Verlaine. E a acrescentar o gosto em trabalhar a palavra a uma relação com a música que tinha começado bem cedo, quando começara a ter aulas de piano e, mais tarde, depois de escutar Stan Getz, de safoxone. Coube depois, como reza a mitologia, à canção 19th Nervous Breakdown, dos Rolling Stones o momento de nova epifania que o levaria a encarar de outro modo a guitarra, instrumento que aprendeu a dominar, afirmando-se, com o passar tempo, um dos mais interessantes e desafiantes entre os guitarristas da sua geração e que nos deixou agora, aos 73 anos, na sequência de uma doença breve (como foi revelado pela filha de Patti Smith).
Nascido numa pequena cidade no estado de New Jersey em 1949, com infância passada no Delaware, Tom Verlaine deu por si em Nova Iorque, já nos anos 70, juntamente com o amigo Richard Hell, onde deram luz verde ao sonho partilhado de fazer música. Verlaine acabaria por conduzir os destinos dos Television já sem Richard Hell, vendo o álbum de 1977 Marquee Moon, apesar das vendas discretas, a transformar-se, com o passar do tempo, num título de referência e presença nas listas de melhores e mais influentes discos de sempre. O grupo editaria um segundo álbum, Adventure (1978), separando-se e dando a Tom Verlaine espaço para uma carreira a solo que juntaria à sua obra os álbuns vocais Tom Verlaine (1979), Dreamtime (1981), Words From The Front (1982), Cover (1984), Flash Light (1987), The Wonder (1990) ou Songs And Other Things (2006), os discos instrumentais Warm and Cool (1992) e Around (2006) aos quais juntou mais recentemente a gravação ao vivo Live From Turin (2021).
Um relacionamento com Patti Smith levou-o a colaborar no seu single de estreia Hey Joe (1974) e no álbum de estreia Horses (1975), mais adiante tendo contribuído para os discos Gone Again (1996) e Gung Ho (2000), antes de integrar a banda na digressão em 2005 na qual a cantora recordou o seu clássico álbum de estreia. Entre 1996 e 97 Verlaine produziu três sessões de gravações para o segundo álbum de Jeff Buckley que, apesar de não terem satisfeito completamente o jovem músico, acabaram por ser lançadas postumamente em 1998 como Sketches For My Sweetheart The Drunk após a sua inesperada morte, por acidente. Depois de 1992 Tom Verlaine dividiu o seu tempo entre a obra a solo e os Television, que se voltaram a juntar, tendo gravado um novo álbum de estúdio (Television, 1992) e cumprindo uma agenda de palcos da qual nasceriam registos ao vivo ). Em 2007 integrou os Million Dollar Bashers, uma “superbanda” (onde estavam também Lee Ranaldo dos Sonic Youth ou o baixista dos Wilco e o guitarrista de Dylan) que contribuiu com algumas versões para a banda sonora de I’m Not There, de Todd Haynes.