A cantora Blanca Paloma, com “Eaea”, venceu este sábado a segunda edição do Benidorm Fest e conquistou o lugar de representante de Espanha no 67ª Festival Eurovisão da Canção cuja final se disputa em Liverpool (Reino Unido), a 13 de maio. Com 33 anos, natural de Elche (que fica entre Valencia e Alicante), e com uma carreira em paralelo no teatro como designer (criando figurinos e cenários), e com singles editados desde 2021, Blanca Paloma tinha já participado na edição inaugural da seleção local espanhola, classificando-se em 5º lugar (em 2022) com “Secreto de agua”. Este ano, depois de vencer a segunda semi-final, conquistou o primeiro lugar tanto na votação do júri como no televoto, ficando em segundo na pontuação do júri demoscópico. “Eaea” é uma canção que podemos inscrever no espaço, hoje com grande vitalidade, do novo flamenco e chega à Eurovisão precisamente 40 anos após a estreia deste mesmo universo musical no concurso, com o histórico “Quien Maneja Mi Barca”, de Remedios Amaya, canção que nessa altura saiu de Munique com zero pontos, mas que com o tempo se transformou numa peça de referência junto de quem segue o percurso histórico da Eurovisão.
https://www.youtube.com/watch?v=yxuO0qZITko&ab_channel=EurovisionSongContest
A segunda edição do Benidorm Fest teve a escolha da vencedora atribuída a um sistema de votação distribuído entre o televoto (25%), um júri demoscópico (25%) e um júri de sala (50%). O júri demoscópico, utilizado também pelo Festival de San Remo, traduz uma amostragem da população através de um painel de 350 pessoas previamente determinadas. O júri de sala incluía, entre os seus elementos, uma antiga vencedora da Eurovisão (Katrina Leskanich, a voz dos Katrina and The Waves, que triunfaram com “Love Shine a Light” em 1997) e figuras ligadas a delegações de outros países ou já com papéis de relevo em produções locais (como o sueco Christer Björkman ou a israelita Tali Eshkoli).
Espanha participa na Eurovisão desde 1961 e conquistou a vitória por duas vezes, em 1968 e 1969. Com 61 participações, integra os “Big five” desde 2004, pelo que tem a presença na final sempre assegurada. Em 2022 “SloMo” de Chanel, a primeira vencedora do Benidorm Fest, acabou a votação em Turim em 3º lugar, o melhor resultado para uma canção espanhola desde 1995.
Na mesma noite da festa em Benidorm, mas noutra latitude, a Noruega escolhia Alessandra e a canção “Queen of Kings” para representar o país em Liverpool. A vencedora do Melodi Grand Prix 2023 foi uma das 21 canções que passaram pelas semifinais da seleção norueguesa e venceu destacada tanto o televoto como a votação do júri internacional.
https://www.youtube.com/watch?v=zt7U0-N1mlk&ab_channel=EurovisionSongContest
De origem italiana, Alessandra Mele, que se mudou para a Noruega há relativamente pouco tempo, tem 20 anos e atualmente estuda música em Lillehammer, onde reside.
A Noruega é habitualmente um país com participações brindadas com votações expressivas e já venceu por três vezes a Eurovisão (1985, 1995 e 2009). A sua primeira passagem pelo concurso ocorreu em 1960 e desde então o país somou já 60 participações. Nos últimos dez anos só não se qualificou para a final em 2016. De resto, no historial norueguês, só em outras duas ocasiões (2007 e 2011) a Noruega não chegou à final.
Ainda no sábado um outro país deu a conhecer a sua canção para Liverpool. Foi a Eslovénia que, através de uma seleção interna, apresentou “Carpe Diem”, a canção da banda de perfil indie Joker Out que, em dezembro tinha já sido apontada como a aposta da televisão eslovena que, assim, deixou de lado o EMA (como é frequentemente designado o Emaevrovizija), festival local criado em 1996 e pelo qual habitualmente é selecionada a canção que representa o país. Os Joker Out surgiram em Liubliana em 2016 têm uma obra em disco que inclui vários singles e já dois álbuns, o mais recente dos quais, “Demoni”, editado em 2022. Tal como no resto da sua obra, “Carpe Diem” será cantada em esloveno.
https://www.youtube.com/watch?v=zDBSIGITdY4&ab_channel=EurovisionSongContest
Dos países que este fim de semana escolheram as suas canções apenas a Eslovénia nunca venceu, tendo como melhor resultado, das suas 27 participações, um 7º lugar, conquistado por duas vezes (1995 e 2001). A Eslovénia foi, juntamente com a Croácia e a Bósnia-Herzegovina, um dos primeiros países chegar à Eurovisão na década em que o concurso se alargou a Leste. Na verdade o país tinha já uma história eurovisiva anterior, uma vez que, como os demais que chegaram em 1993, integrava a Jugoslávia, com presença na Eurovisão desde 1961. E aí, apesar do domínio de representações Sem língua servo-croata, por quatro vezes a representante jugoslava cantou em esloveno (1966, 1967, 1970 e 1975).
Apesar de todas as movimentações em Espanha, Noruega e Eslovénia, as atenções “eurovisivas” para além do espaço que habitualmente segue o concurso estavam depositadas na final irlandesa, que tinha entre os concorrentes os Public Image Ltd., a banda que John Lydon criou depois do fim dos míticos Sex Pistols. “Hawaii”, a canção com travo nostálgico e tranquila que levaram ao Eurosong 2023 não passou contudo do 4º lugar, cabendo a vitória aos Wild Youth, com “We Are One”, que ficou em primeiro lugar na votação do júri irlandês e no televoto e em segundo no júri internacional.
Os Wild Youth são de Dublin e têm já uma multidão de singles editados desde que se estrearam, em 2017. Nestes seis anos de atividade já partilharam os palcos com nomes como os de Niall Horan, Lewis Capaldi, ou Westlife.
A Irlanda é a recordista de vitórias na Eurovisão, somando sete triunfos (1970, 1980, 1987, 1992, 1993, 1994 e 1996), três dos quais consecutivos. Estreou-se em 1965 e soma já 55 participações, as últimas das quais sem grande sucesso. Desde 2013 só por duas vezes a Irlanda chegou à final, correspondendo uma dessas ocasiões em Lisboa (2018), onde Ryan O’Shaughnessy levou “Together” ao 16º lugar.