Dia 3 de Março , Carlos Leitão veio à Antena 1 conversar com Filomena Crespo e cantar duas canções em directo e ao vivo.
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Depois de, em 2013, lançar o seu primeiro disco de originais, “Do Quarto”, Carlos Leitão apresenta-se de novo ao público, quatro anos depois, com o seu novo disco “Sala de Estar, numa clara evolução conceptual de um caminho em que o fadista deixa de parte o recato solitário das quatro paredes e de uma porta que o próprio disse, na época, “estar demasiadas vezes fechada ao exterior”.
Aos 37 anos, o Alentejo mistura-se de vez com Lisboa no Fado de Carlos Leitão, numa mesa onde cabem uma série de convidados de luxo que aceitaram o desafio do cantautor para musicarem as suas letras, num compromisso que o próprio explica: “Era condição sine qua non que os convidados reunissem duas características indissociáveis, o meu reconhecimento artístico e pessoal. E estou tremendamente feliz com o resultado”.
Esta Sala de Estar é um espaço claro de partilha e de cumplicidade, ao jeito da tertúlia alentejana, da lareira, do vinho, da boa e enriquecedora conversa, um espaço de amadurecimento pessoal que contribuiu nos últimos anos para o crescimento do fadista, letrista, músico e compositor que fazem de Carlos Leitão um dos nomes mais respeitados da
sua geração.
Convidados como Mário Pacheco, Jorge Fernando e Custódio Castelo personalizam a criação musical referencial de Carlos Leitão ao longo dos anos, a exemplo de Júlio Resende e Rui Veloso que fazem transpirar na música do cantautor outras influências não menos relevantes da sua própria construção intelectual.
Tiago Torres da Silva é autor da única letra que não foi escrita por Carlos Leitão, e Henrique Leitão, Carlos Menezes, Guilherme Banza e Paulo Paz, nomes íntimos do artista, não podiam faltar ao desafio.
São 15 temas de uma viagem densa e descontraída em que Carlos Leitão nos leva pela mão a visitar a sua “sala” de Fado, partilhando o seu canto com a fadista Cuca Roseta, a actriz Lia Gama, e alguns amigos alentejanos inseparáveis.
Carlos realiza ainda o sonho antigo de escrever e compor uma moda para o Cante Alentejano, e enfrenta-se a si mesmo num adagio que dedica à memória do seu pai.
Da sua Sala de Estar, o cantautor acrescenta: “Quis aplicar neste disco o que aplico na minha vida, querendo junto a mim as pessoas de quem gosto, nas quais me revejo e reconheço qualidade artística. Tenho a sorte de ser amigo de todos eles e, modéstia à parte, acho que eles têm razões para gostarem de mim. Sou um lisboeta de sangue e alma alentejanos, tertuliante, epicurista, que gosta de histórias e da História… e essas coisas, normalmente, resultam melhor numa sala de estar, e bem acompanhado”.
“SALA DE ESTAR”
1-“O Telefonema”
Letra Carlos Leitão | Música Daniel Gouveia
2-“Fado de Arraiolos”
Letra Carlos Leitão | Música Henrique Leitão
3-“Sexta-Feira”
Letra e Música Carlos Leitão e Carlos Menezes
4-“Premonição”
Letra e Música Carlos Leitão
5-“Fado de um tempo incerto” (com Cuca Roseta)
Letra e Música Carlos Leitão
6-“A distancia”
Letra Carlos Leitão | Música Jorge Fernando
7-“Que seja Adeus”
Letra Carlos Leitão | Música Rui Veloso
8-“A volta prometida”
Letra Carlos Leitão | Música Custódio Castelo
9-“Verbo amar”
Letra Carlos Leitão | Música Júlio Resende
10-“Deixa cair”
Letra Carlos Leitão | Música Paulo Paz
11-“A noite fica-me bem” (com Pedro Calado, Hugo Baletas, “Buba” Espinho e David Pereira)
Letra e Música Carlos Leitão
12-“Nós somos a noite”
Letra Carlos Leitão | Música Guilherme Banza
13-“O tempo que me é dado”
Letra Tiago Torres da Silva | Música Fernando Freitas
14-“Terra certa” (com Lia Gama)
Letra e Música Carlos Leitão
“Quando se olha para Carlos Leitão não se consegue perceber a imensidão do seu canto.
Eu fui uma das enganadas. E quando o ouvi cantar mergulhei na velhice e antiguidade do fado, mas, com uma alma inovadora que sabe o caminho que quer.
A tradição aliada a um novo Portugal que canta um Povo antigo, com a modernidade do mundo de hoje."
Mariza
"Quando o Carlos canta, eu arrepio-me sempre, é um contador de histórias que nos agarra ao imenso sentimento que consegue colocar nos poemas que esco
lhe. Espantou-me sempre a sua sensibilidade e inteligência, e quando é assim, há arte a jorrar por todos os lados. O Carlos é isso, uma fonte de Arte, que se revela nos poemas que escreve, na interpretação, como músico e como pessoa.
Fazer um dueto com ele foi uma alegria imensa, pois é alguém que admiro muito, pessoal e artisticamente."
Cuca Roseta
“Nesta época que vivemos de concursos de gorjeios e de intermináveis sessões de imitação, parece que uma parte significativa dos habitantes do planeta se convenceu de que o seu futuro é cantar. Mas no mundo real há as vozes de verdade! Aquelas que se destacam pela diferença, pelo timbre, pelo sentimento que veiculam, pela criatividade, pela emoção… essas, como sempre assim foi, são poucas.
Desde a primeira vez que ouvi o Carlos foi isso que senti. O timbre, a emoção, a diferença. E pensei: ou muito me engano ou este moço veio para ficar.”
Rui Veloso