“Uma esponja que sabe ler os sinais dos tempos”: condição fundamental para, aos 80 anos, continuar a pisar os palcos das maiores arenas no mundo. Rod Stewart torna-se octogenário esta sexta-feira (10 janeiro), numa semana que a rádio pública assinala com um especial de João Gobern. Histórias e canções, percorrendo seis décadas de trabalho, uma panóplia de estilos musicais… e um “furacão pessoal”. Ouça os cinco capítulos abaixo; este domingo (12), depois das 22h, pode ouvir o compacto na emissão da Antena 1.
Das baladas folk ao rock, da soul ao R&B, do disco sound à new wave, há poucos estilos que Rod Stewart não experimentou. “Há sempre pérolas espalhadas pelos seus álbuns ao longo de mais de 50 anos”, diz João Gobern sobre um artista cuja obra acompanhou em tempo real, com “Every Picture Tells a Story”, um disco que “ia rodando de casa em casa.” Em cinco capítulos, de sete minutos cada, não há tempo para dissecar toda a discografia, mas lançam-se pistas para o ouvinte complementar os maiores êxitos. “Vantagens de quem, sendo maleável nos arranjos e na escolha – ou escrita – de reportório, faz da sua voz a característica mais perene. E essa está em pleno há décadas.”
Essa voz rouca, que passa pela MEO Arena a 13 de maio (para o que parece ser a sua última digressão mundial), continua a revelar-se “capaz de desafiar – no mínimo – três gerações.” Num pedestal a que ascenderam também Bob Dylan, Paul McCartney ou Mick Jagger, os carinhosamente apelidados avôs do rock, trata-se de “um genuíno camaleão”, nas palavras de Gobern, que não descura a influência do lado mais pessoal na sua arte.
Quem tem uma filha de 62 anos e um filho de 12 não pode ser acusado de ser uma mosquinha morta… Continua caprichoso (por exemplo, decidiu pôr à venda a sua fabulosa colecção de carros porque as estradas suas vizinhas são muito más, no seu entender) e desbocado (disse em 2024 que não fazia ideia de quem é Ed Sheeran nem conhecia nenhuma das suas canções).
Por um lado, é uma esponja que sabe ler os sinais dos tempos. Por outro, continua a fazer o que lhe dá na real gana.
Os episódios da vida romântica aliam-se às diferentes fases da sua música, que se aproxima cada vez mais do cancioneiro norte-americano: uma “opção prolongada” que “dá a entender que ele tem consciência do envelhecimento do seu público nuclear”. Para os fãs mais avançados, há ainda a “indispensável autobiografia, com muito menos filtros e retoques do que noutros casos”, continua João Gobern. “Se bem me recordo, só não fala da estridência às vezes arrepiante do seu próprio guarda-roupa. Enfim, fiquemo-nos pelas canções…”