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Imagem de “West Side Story”: de Shakespeare às ruas de Nova Iorque
"West Side Story" em palco: foto de Jan Versweyveld
Cultura Nuno Galopim | 6 ago, 2025, 00:00

“West Side Story”: de Shakespeare às ruas de Nova Iorque

O segundo episódio de “Notas no Palco” conta a história de um clássico com música de Leonard Bernstein.

Imagem de “West Side Story”: de Shakespeare às ruas de Nova Iorque
Cultura Nuno Galopim | 6 ago, 2025, 00:00

“West Side Story”: de Shakespeare às ruas de Nova Iorque

O segundo episódio de “Notas no Palco” conta a história de um clássico com música de Leonard Bernstein.

Tudo começou por volta de 1949, seis anos depois da noite em que o maestro Bruno Walter foi atacado por uma gripe e o jovem Leonard Bernstein teve de ser desafiado, mesmo em cima da hora, para a dirigir a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, num programa com música de Richard Strauss, Miklos Rozsa, Robert Schumann e Richard Wagner. Foi um triunfo… E nos seis anos seguintes Bernstein, que além de maestro já se tinha também afirmado como compositor, tinha estreado as suas duas primeiras sinfonias, várias peças de música de câmara, obras vocais e corais, dois bailados, música para teatro e até mesmo um musical. Esse primeiro musical, “On The Town”, partia de um desenvolvimento do bailado “Fancy Free” que Bernstein tinha criado em pareceria com o coreógrafo Jerome Robbins. “On The Town” teve estreia na Broadway em dezembro de 1944 e estava então a caminho de uma adaptação ao cinema por Stanley Donnan e Gene Kelley, contando no elenco com este último, ao lado de Frank Sinatra, Betty Garrett e Ann Miller…

Imagem de West Side Story

West Side Story

Nasceu na Broadway em 1957 e entretanto já conheceu duas vidas nos ecrãs de cinema. West Side Story é um dos maiores clássicos do género.

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Data precisamente desse ano um outro desafio lançado pelo coreógrafo Jerome Robbins ao seu amigo compositor e maestro Bernstein para que, em conjunto, criassem uma visão, com ponto de vista contemporâneo, para Romeu e Julieta de Shakespeare. A nova abordagem teria Nova Iorque como cenário e apresentaria duas famílias de ascendências distintas como rivais…

A ideia envolveu pouco depois a colaboração do dramaturgo Arthur Laurents, e começou a ganhar forma como “East Side Story”, apontando portanto a trama ao East Side de Manhattan… Mas o trabalho ficou na gaveta. E assim foi até ao dia em que, estando Leonard Bernstein em Los Angeles, o compositor voltou a estar reunido com o Laurents. Falaram da possibilidade de um trabalho conjunto, não pensaram duas vezes, e voltaram a pegar no projeto do tal East Side Story. Mas mudaram as coordenadas originais. Passaram a trama para a outra face Manhattan. E dos sinais dos tempos chegou outro dado. Gangues, delinquência juvenil e violência urbana. E a história começou a ganhar forma….

Como não há dois sem três, Jerome Robbins chegou por esses dias a Los Angeles. Tinha sido contratado para colaborar na adaptação ao cinema do musical “The King and I”… Foi por esta altura que Stephen Sondheim se cruzou por sua vez com Arthur Laurents numa estreia em Nova Iorque. Laurents Desafiou-o… E então, aconselhado pelo veterano Oscar Hammerstein, o jovem Sondheim deu o sim… O quarteto fantástico estava finalmente reunido.

Mas voltemos à trama… Por essa altura o duelo de rivalidades inicial tinha mudado na sua caracterização sociológica e cultural. De um lado uma comunidade porto-riquenha. Mas num bairro onde, parte da população era constituída uma outra comunidade com ascendência polaca e irlandesa. E com uma história em permanente evolução, a trama, os personagens e as canções foram nascendo sem esquecer a inspiração encontrada nas linhas mestras do “Romeu e Julieta” de Shakespeare.

Surgem então os gangues rivais. Os Jets, americanos e caucasianos. E os Sharks, porto-riquenhos, latinos… E entre os dois gangues e ao seu redor aparecem as personagens-chave. Riff comanda os Jets. Bernardo é o chefe dos Sharks e namora com Anita. Maria é a irmã de Bernardo e a família quer casá-la com Chino, também de origem porto-riquenha. Mas, depois de um baile que junta todo o bairro, Maria apaixona-se pelo antigo líder do bando rival, Tony… E a trama depois adensa…


A produção original estreou na Broadway em setembro de 1957, depois de algumas primeiras representações, já com público, em Filadélfia e Washington DC durante o mês de agosto. A música era de Leonard Bernstein, as letras de Stephen Sondhein, a dramaturgia era assinada por Arthur Laurents e a coreografia e direção de palco cabia a Jerome Robbins. O musical fez mais de 700 representações, até Junho de 1959, ao que se seguiu uma digressão nos Estados Unidos. Antes disso, ainda em 1958, uma estreia no west end londrino, no Her Majesties Theatre.

Esta primeira produção deu a Jerome Robbins um Tony para Melhor Coreografia e a Oliver Smith um outro para melhor Cenografia. E mais prémios Tony chegaram com produções subsequentes. Houve novas produções em Londres em 1974 e em Nova Iorque, na Broadway, outras mais em 1980, 2009 e 2020. Isto sem esquecer as diversas digressões. E muitas produções internacionais que levaram este musical à Austrália, à Alemanha, a Hong Kong, à Rússia, ao Japão, à Coreia do Sul ou outras paragens.

Durante os ensaios Jerome Robbins, que dirigiu a produção original, tinha mantido os bailarinos e atores de ambos os grupos rivais em salas separadas. O afastamento tentou travar eventuais indícios de camaradagem. E isto num tempo em que as notícias sobre violência entre gangues estava frequentemente nos jornais. Este sentido de realismo juntou-se a uma história que era musicalmente acompanhada por uma visão na qual Bernstein cruzava as tradições do teatro musical americano com jazz e ritmos latinos. Tal como sucedeu em outras criações suas, através da música Bernstein dava-nos retratos de um tempo e de um lugar. Em concreto da América urbana, em finais dos anos 50…

Ao contrário do que aconteceu com “Hair” ou “O Fantasma da Ópera”, a história, as personagens e as canções de “West Side Story” não esperaram muito tempo para seguir do palco para o ecrã. E, de certa forma, este foi um filme feito “em casa”, com os principais responsáveis criativos diretamente envolvidos na sua criação e concedendo inclusivamente a Jerome Robbins um crédito na realização, partilhada com Robert Wise, o mesmo que quatro anos depois faria “Música no Coração” e que partilhou na sua filmografia a grande arte do filme musical com um interesse pela ficção científica. Afinal foram seus filmes como a primeira incursão de “Star Trek” pelo cinema, em 1979 ou o clássico “O Dia Em Que A Terra Parou”, de 1951.


Para levar “West Side Story” às salas de cinema Wise e Robbins apostaram em não perder as ligações de todo este universo com o seu berço no teatro. A cenografia é muitas vezes mais teatral do que realista. E as coreografias, que foram magnificamente filmadas, ganharam aqui um papel de justificado protagonismo. Vale ainda a pena evocar o elenco com Nathalie Wood na pele de Maria, George Chakiris como Bernardo ou Rita Moreno no papel de Anita. Diz-se que Elvis Presley terá sido abordado para interpretar o par romântico de Maria, ou seja, Tony. Mas o papel acabou nas mãos de Richard Beymer, cabendo assim a ele e a Nathalie Woood a dramática e trágica cena final quer evoca o desfecho da história de Romeu e Julieta, com as ruas de Nova Iorque a tomar aqui o lugar de Verona.

A primeira adaptação de “West Side Story” ao cinema, que entre nós estreou com o título Amor Sem Barreiras, transportou “West Side Story” não só para os ecrãs de cinema mas para um estatuto de popularidade global, reforçada pelo modo como, no ano seguinte, o filme dominou a noite de entrega dos Óscares, conquistando a vitória em dez das onze nomeações.

Quarenta anos depois, “West Side Story” conheceu uma segunda vida no cinema. E esta nova adaptação foi assinada por Steven Spielberg, que por volta de 2014 tinha já mostrado vontade em criar uma nova adaptação de West Side Story. Acontece que o contexto social era então diferente do que tinha visto o musical a nascer em 1957 e a passar para o cinema em 1961. Spielberg notou que a luta no centro da história, que era acima de tudo uma questão territorial, teria agora um peso socio-político diferente.

Então, com uma cenografia mais realista, olhando para a evolução da própria cidade de Nova Iorque, o “West Side Story” de Spielberg não representou de todo uma mera recriação do filme de 1961. Mesmo assim o novo filme não deixava de homenagear a memória do original, de Robbins e Wise, chamando Rita Moreno, a Anita de 1961, para desta vez interpretar o papel de Doc (ou seja, agora a loja tinha uma dona). Além disso coube a Rita Moreno cantar “Somewhere”, um dos momentos maiores da banda sonora.


O impacte gigante do filme de Robert Wise e Jerome Robbins e também a versão mais recente de Steven Spielberg, acabaram contudo por quase abafar as memórias de uma história que começou no teatro. Mesmo assim há um outro universo que não podemos deixar de fora quando falamos de West Side Story… Os discos. É claro que houve edições tanto do elenco original no teatro como das duas adaptações ao cinema. Oscar Peterson ou Dave Bruebeck levaram a disco, cada qual, visões muito pessoais para estas músicas. Mas a coisa não ficou por aí. Tom Waits e também os Pet Shop Boys também “Somewhere”… E há versões das canções de West Story por vozes tão diferentes quanto as de Barbra Streisand, Aretha Franklin, Judy Garland, Sarah Vaughan, as Supremes, a dupla Salt’N’Pepa ou até mesmo os Marretas… Isto sem esquecer uma versão em estúdio com as vozes de Kiri Te Kanawa e José Carreras que o próprio Leonard Bernstein dirigiu nos anos 80.

E assim revistámos West Side Story… Na próxima semana recuamos a cenários da Paris do início do século XX para contar a história de um musical que teve um filme como ponto de partida… Até breve!


Texto e programa de Nuno Galopim

O segundo episódio de “Notas no Palco” encontra-se já disponível na plataforma RTP Play. Uma versão com mais texto e mais entrevistas está disponível nas plataformas de streaming Spotify e Apple Podcasts.

Os episódios desta primeira temporada de “Notas no Palco”, com autoria de Nuno Galopim, incluem entrevistas com Joaquim René (diretor dos teatros Variedades e Capitólio), o encenador Paulo Sousa Costa, os atores (e cantores) Fernando Fernandes (FF), Sissi Martins e Mariana Marques Guedes e ainda o crítico de cinema João Lopes.

Notas no Palco

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