Nos anos 1950, a Emissora Nacional (EN) consolidou-se como principal estação de rádio em Portugal. O Diário da Emissora Nacional era noticiário de referência, com 45 minutos de duração, marcado pelo rigor do português e pelo enquadramento do Estado Novo.
Em 1950, a EN reforçou a rede de emissores de onda média e curta, ampliando o alcance para o ultramar. Em 1954 foi inaugurado pelo Presidente Craveiro Lopes o Centro Emissor Ultramarino de Onda Curta em Pegões, criando oficialmente o Serviço Internacional. Dois anos depois, em 1956, surgiram os primeiros emissores de FM em Lisboa e na Lousã, acompanhados de reportagens em direto na visita do chefe de Estado ao ultramar. No mesmo período, a EN abandonou os discos de 78 rotações e modernizou estúdios e centros de regência.
Ainda antes do primeiro sinal televisivo, a EN criou em 1953 o Grupo de Estudos de Televisão e incluiu no orçamento uma verba para o novo meio. Em 1955, foi constituída a Sociedade Radiotelevisão Portuguesa, e em 1957 a RTP iniciou emissões regulares a partir de instalações e com técnicos da própria EN. A televisão nascia literalmente de uma costela da rádio. O entusiasmo era tal que se previa o início das emissões televisivas já em 1955, o que não se concretizaria. A 15 de dezembro desse ano nasce a Sociedade Radiotelevisão Portuguesa, com capital dividido entre rádio privada, Estado e público.
A RTP inicia emissões experimentais em setembro de 1956 na Feira Popular de Lisboa e regulares a 7 de março de 1957. Uma das primeiras figuras a surgir no ecrã é o locutor da EN, Raul Feio. Os primeiros técnicos e locutores vêm da Emissora.
Na rádio, a programação diversificava-se: orquestras Sinfónica, Típica e Ligeira, Domingo Sonoro, os diálogos da “Lelé e Zequinha” e superproduções como As Pupilas do Senhor Reitor com Vasco Santana numa adaptação de Adolfo Simões Müller, que se torna um marco dos folhetins radiofónicos. O Centro de Formação de Artistas da Rádio continuava a lançar talentos.
A década vê nascer também uma programação dedicada às novas gerações: em 1955 estreia O Arauto, de Noel Arriaga e Odette de Saint-Maurice. Esta última dedicaria cerca de 20 anos a programas para jovens, criando mais tarde Estrela da Tarde, Tempo de Juventude e O Falcão.
Enquanto campanhas para venda de rádios de baixo custo democratizavam a escuta, o número de ouvintes explodiu: 90 mil novos recetores só em 1953 e, em 1959, cerca de 15 mil licenças mensais. Um inquérito radiofónico de 1953 revelou hábitos marcantes: domingos entre as 15h e as 17h eram dominados pelo futebol; durante a semana, o pico de audiência era noturno, entre as 21h e as 22h.
Locutores lendários como Artur Agostinho marcaram a voz da década, dando credibilidade à informação e dinamismo ao desporto. Entre a cultura, a música e a informação, a Emissora Nacional fez da década de 50 uma era de expansão e inovação, preparando a rádio portuguesa para a chegada de um novo rival: a televisão.
No final de 1956, Maria da Paz Barros Santos assume a liderança da área informativa da EN, destacando-se pelos noticiários e comentários políticos. Pouco depois, o serviço internacional da Emissora ganha peso estratégico, sobretudo com as tensões em Goa e restantes territórios portugueses na Índia.