“Aqui, Lisboa, Emissora Nacional!” Foi com esta frase que, a 1 de agosto de 1935, se inaugurou oficialmente a rádio que mudaria a história da comunicação em Portugal. A Emissora Nacional (EN), a partir da Rua do Quelhas, era projeto estratégico do Estado Novo. O objetivo impulsionado pelo ministro das Obras Públicas Duarte Pacheco, era afirmar a nação e o império.
O primeiro diretor foi o capitão Henrique Galvão, figura-chave na propaganda do regime, transformando a rádio num instrumento de. Antes da inauguração oficial, a EN já emitia programas experimentais desde 1933.
As primeiras emissões eram feitas em dois períodos diários — à hora de almoço e ao serão — e juntavam multidões em cafés, lojas e espaços públicos. O elevado preço dos recetores levou a emissora a promover rádios de baixo custo, democratizando o acesso ao novo meio que rapidamente passou das elites intelectuais e financeiras para incluir fado, programas agrícolas e conteúdos de cariz popular.
Porém a potência dos emissores e a interferência de estações estrangeiras deixavam algumas regiões do país a ouvir rádios espanholas. Duarte Pacheco chegou a escrever a Salazar classificando a situação como uma “vergonha nacional”. Resolver estas falhas técnicas tornou-se prioridade para transformar a EN na voz unificadora de uma “comunidade imaginada” portuguesa. A importância cultural foi imediata: múltiplas orquestras criadas na fase experimental deram vida a uma programação que misturava música, informação e propaganda.
A história dos 90 anos da Rádio pública para acompanhar até dia 4 de Agosto. Na colação de fotos de hoje, a década de 30, os primeiros anos. O emissor de Barcarena, a Inauguração Oficial, a primeira reunião de programas, o primeiro carro de exteriores, a renovação de uma válvula de 15 Kw no emissor, a grelha do primeiro dia de emissão, a Orquestra das tardes dançantes no Café Chave D’Ouro, os primeiros locutores como Fernando Pessa, Pedro O’Neill D’Avillez ou António Lopes Ribeiro.