Os meios tradicionais estão a converter-se ao estilo dos novos meios? Na Terra Média, achamos que sim, e nem a informação parece permancer incólume.
Foi vez da CBS, casa do mítico 60 Minutes, que decidiu ir buscar a sua nova diretora de informação à cultura online. Bari Weiss, 41 anos, tornou-se conhecida quando saiu do New York Times, acusando o jornal e colegas de discriminar os cronistas mais conservadores. Transformou-se numa ativista contra a cultura “woke” e de cancelamento, participou em podcasts e programas de TV e fundou The Free Press, inicialmente da plataforma Substack que, entretanto, transformou-se num meio de comunicação “alternativo”.
Ora, no ambiente do mais recente conglomerado formado pela Paramount e a Skydance Corportation — fusão que requereu o aval de Trump e custou milhões de dólares num acordo extrajudicial) —, comandada por David Ellison, a escolha de Bari Weiss para a direção de informação da CBS sugere uma mudança profunda no canal e espelha o desejo dos magnatas dos media em agradar o presidente norte-americano.
Marcas a criar os seus próprios programas de TV? Temos
Falamos, muitas vezes, sobre o domínio das redes sociais e dos novos media sobre os formatos mais clássicos nos últimos anos. No entanto, a sensação que temos é que estes meios ainda não se comparam ao prestígio cultural de um grande filme ou sério.
Por isso, as marcas estão, cada vez mais, a produzir os seus próprios conteúdos como forma mais inteligente de marketing.
Embora já existam exemplos (como The Hire, uma série de 8 curtas-metragens produzidas pela BMW, ou o filme The Beauty Inside, da Intel), há provas de que esta tendência só vai aumentar.
Um artigo da Business Fashion de 12 de setembro argumenta que o storytelling tende a aproximar o público do que as marcas pretendem vender, acrescendo a este facto a questão transversal às gerações de que quanto mais óbvio é o product placement, menos interessados parecemos estar em comprar.
Há, inclusivamente, novos conteúdos que fazem duvidar se se trata de publicidade: A Duolingo, plataforma de aprendizagem de línguas, lançou uma série de anime japonesa, The Final Test, do estúdio de séries como Big Mouth ou Star Trek: The Lower Decks.
Em junho deste ano, Michael Sugar, produtor de Hollywood (O Caso Spotlight, Beleza Colateral, The Knick) lançou o Sugar23, estúdio especializado em trabalhos para marcas, intengrando-os em séries ou criando novas especialmente focadas no produto, como explica nesta entrevista a McKinsey & Company.
Recomendações
O Francisco Merino recomenda o podcast “Music, Money & Mayhem”, produção da Novel para a BBC sobre a ascensão e queda da EMI.
A Kenia Nunes recomenda a leitura do artigo do Hindustan Times sobre o porquê do filme Snake Eyes, de Brian De Palma estar viral; e do Notícias ao Minuto sobre a nova plataforma da OpenAI, Sora.
O Álvaro Costa recomenda um vídeo com o data reporter do Financial Times, que responde à questão “Será o TikTok responsável por virar jovens à direita?”; e a série American Conspiracy: the Octopus Murders.