No âmbito das comemorações do 50.º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, a Arte 33 produz a sua versão de A Casa de Bernarda Alba de Federico García Lorca.
Vemos esta Casa como uma metáfora de todos os regimes políticos repressores e Bernarda Alba como paradigma do poder que se imagina absoluto. A Casa é uma prisão. Num espaço fechado não há horizontes. A atmosfera que se respira no interior da Casa produz monstros. A Casa é uma febre asfixiante.
As personagens anseiam um futuro que nunca terão. O seu desejo é estéril. Transformam-se em animais, vivem em manada; condenadas ao esquecimento, obedecem, conspiram, cobiçam. A Casa é um ninho de ódio. As mulheres de Bernarda querem amar mas não sabem como ser amadas. A vida não tem futuro nem faz sentido, é uma coisa morta. A Casa é uma fronteira, a Casa não é deste mundo.
Onde há repressão nasce sempre a vontade de ser livre.
A Casa de Bernarda Alba não era eterna.