"Pode dizer-se que Last perdurou (em inglês, to last) nas nossas cabeças como a peça que queríamos criar, mas que não encontrava o tempo-espaço certo para acontecer. Em 2014, com Play False, elegemos Shakespeare como o anfitrião para nos orientar ao longo de uma peça em que o texto e a palavra foram a matéria para os nossos gestos e movimentos.
No universo da imagem, em 2016, Henri Cartier-Bresson e o seu trabalho fotográfico, levou-nos à criação de Rule of Thirds, onde o corpo em pausa se tornou o enquadramento perfeito para um trabalho sobre movimento. A música seria a próxima protagonista.
Na procura pela música/obra certa – ou talvez, inconscientemente, a mais incerta – para o ato coreográfico, aceitámos a sugestão de um amigo, Angus Balbernie, que nomeou The Late String Quartets de Beethoven, como o derradeiro desafio. Beethoven compôs estas obras nos seus últimos três anos de vida, terminando o Opus 135, seis meses antes da sua morte, no outono de 1826. Entre uma relativa convenção e a vontade de sair fora dos padrões habituais, The Late String Quartets expõe os seus últimos e mais privados pensamentos em larga escala, sendo considerada uma das mais belas e complexas peças musicais de todos os tempos.