"Festival de carácter diferenciado e único, em época de sweet november, com ampla e qualificada programação que explora dimensões menos exploradas noutros festivais, e se retrata por várias cidades do nosso país.
Em 2016, o Misty Fest continuará a privilegiar na substância a palavra, a actualidade musical, o novo, mas também o mesmo desafio-convite aos músicos para apresentação nestes espectáculos de algo com carácter inédito, único e por isso imperdível.
Como nos anos anteriores, ambientes sonoros de songwriters, das músicas do mundo, do jazz, em ângulos e padrões diferenciados daqueles que habitualmente passam pelas salas e festivais do nosso País, marcarão presença nesta edição.
Porque sabemos que quem ama a música, não vive só em Lisboa e Porto, as melhores salas do país são eleitas tendo em conta a capacidade para dar a artistas e público as melhores condições de som e conforto, para a apreciar ao vivo os espectáculos que irão acontecer entre os dias 1 e 13 de Novembro.
As cidades eleitas para o festival em 2016 são: Lisboa, Porto, Braga, Espinho, Coimbra, e as novidades Leiria, Torres Novas e Évora. Algumas novidades poderão ainda surgir, e deixar as grandes experiências Misty, ainda mais perto de todos.
Ser Misty é acreditar que há espaço para fazer a diferença com dimensão e relevância. "
Misty Fest 2016
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Ana Sofia Carvalhêda conversou na tarde da Antena 1 na passada 4ª feira com Amélia Muge e ouviu a canção "O menino de oiro" de José Afonso interpretada por Maria Monda. Captação e mistura Eric Harizanos:
Numa outra conversa com Amélia Muge, a ser transmitida no próximo sábado (16h00) no programa "Mundo Fantástico" de Noémia Gonçalves, Ana Sofia Carvalhêda ouviu ainda a interpretação de Maria Monda da canção "Ó sino da minha aldeia" com palavras de Fernando Pessoa e arranjos de Rodrigo Crespo.
Captação e mistura Eric Harizanos:
Concerto De VIVA VOZ – Canto Profundo à Capela:
- 12 Novembro – Teatro Tivoli BBVA, Lisboa
"A tradição já não era o que é, nem será o que foi e nunca foi o que pensávamos que era" (Domingos Morais).
Se soubéssemos que temos um passado comum, só pelo que os livros ou os registos sonoros nos contam, seria pouco. É porque esse passado continua – sabiamente – a produzir futuros, que estes cantos nos enchem de emoção, alegria e nos dão uma dimensão maior ao escutá-los.
Em primeiro lugar, são cantos que trazem a sabedoria dos tempos, que encontram sempre um modo de repor continuamente o que de essencial permanece, como característica do humano.
Depois, são cantos despojados – contam apenas com a voz e o corpo de quem os canta. Mas vão buscar a sua riqueza a esse despojamento – prolongam os sons das vozes de origem, das vozes rituais, encomendam cantos aos deuses e aos santos, celebram colheitas, espantam medos nos embalos, apoiam gestos de trabalho, dão mote aos tempos de luto ou de folia, celebrando os amores, a casa e o mundo.
São cantos despojados, sim, mas cheios de tudo isto, o que traz uma sonoridade espantosa que misteriosamente se renova, com cada geração que a eles se entrega e os prolonga, com novos arranjos e novas composições.
Na evocação do canto à capela, vão estar neste concerto quatro dos grupos de mulheres que, em Portugal, lhe dão a grandeza maior de uma tradição que se repete, se interroga e continuamente se transforma:
Cramol, Maria Monda, Segue-me à Capela e Sopa de Pedra.
Com direção artística de Amélia Muge, estão pela primeira vez todas juntas, partilhando a sua voz pelos quatro cantos da sala maior do Cinema Tivoli em Lisboa. É um apelo aos sentidos e à sua indispensável presença.
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Concertos de Dom La Nena:
- 9 Novembro – Teatro Garcia Resende (Évora)
- 10 Novembro – Casa da Música (Porto)
- 12 Novembro – Teatro Micaelense (Ponta Delgada)
Dom La Nena, a menina que se apresentou no ano passado num palco Misty Fest apetrechado de vários instrumentos e deixou de pé um público em ovação, é uma das novidades para o cartaz 2016. Actuará na cidade de Ponta Delgada, marcando a estreia do arquipélago dos Açores no Misty, assim como nas cidades do Porto e Évora.
Violoncelista, que impressiona pela precisão, da sua escuta e da sua graça. Com forte relação com Portugal, gravou no passado um EP com o projecto Danças Ocultas. Os temas e tons daquilo que faz, são de uma musicalidade puríssima que escapam à tirania dos géneros e falam da profundidade do ser simples, da riqueza de viver sem amarras. Para o Misty Fest traz um novo EP, feito de canções que marcaram a sua vida; uma de Lupicinio Rodrigues ("Felicidade"), outra de Brel, da Violeta Parra ("Gracias a la Vida") e uma de Beirut.
Ana Sofia Carvalheda conversou com a cantora-compositora antes destas apresentações.
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Concertos MELINGO:
- 3 Novembro – Teatro José Lúcio Silva, Leiria
- 4 Novembro – Teatro Tivoli BBVA, Lisboa
Melingo tem um novo trabalho, Anda, que será editado na World Village no mês de Setembro. Apresentado como um delírio saído de uma novela de Borges, em que Melingo surge como uma espécie de ilusionista, o novo álbum é também descrito como um filme de Fellini que se vê de olhos fechados e ouvidos bem abertos. Referências mais do que certeiras que posicionam o novo trabalho de Melingo entre o realismo e a fantasia, feito de palavras e imagens fortes e de uma música absolutamente singular onde ao tango se juntam referências de Serge Gainsbourg a Erik Satie. Sinal claro dse que o universo deste incrível criador argentino continua em expansão e cada vez mais refinado.
Ao vivo, Melingo faz-se sempre acompanhar por músicos superiores, uma banda sabedora que estudou os mais obscuros recantos do tango e das milongas, conhecendo igualmente a longa linhagem musical que se estende de Frank Zappa a Tom Waits ou os ecos de sons do mundo como os da canção árabe. Em palco, Melingo surge possuído por esse espírito exploratório e incorpora as personagens que fazem das suas canções tesouros singulares. E o público português já sabe o que esperar: depois de algumas bem sucedidas apresentações em nome próprio, Melingo esgotou o grande auditório da Gulbenkian em 2011 e deliciou-nos com o fantástico "No Sé Nada", tema que resultou da sua colaboração com Rodrigo Leão no álbum "A Mãe", com quem já também subiu ao palco. É um artista que conhece bem o público português e o nosso público não se cansa de o aplaudir. Anda oferecerá, certamente, novos motivos para entusiasmados aplausos.
Ana Sofia Carvalheda apresenta o novo disco de Melingo.
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Concertos de Dino D’Santiago:
- 3 Novembro – CCB Lisboa
- 6 Novembro – Casa da Música Porto
Pode muito bem ser uma das estrelas futuras da música de Cabo Verde: Dino d’Santiago possui uma perspectiva única porque o seu percurso musical não tem paralelo. O artista que acaba de editar novo EP acústico de onde saiu o enorme tema "Dentu Bó", começou no hip hop, trabalhou com os Expensive Soul e ao lado de Virgul (Da Weasel) nos Nu Soul Family. Juntos, Dino e Virgul gravaram também uma fantástica versão de "Desespero" com Jorge Fernando.
Hip hop, soul, fado… nenhum destes universos é estranho a Dino d’Santiago, mas a sua versatilidade tem um expoente na forma como abraça as suas raízes cabo-verdianas. O álbum Eva lançado pela Lusafrica em 2013 levou-o a ligar-se ao som que o tinha acompanhado na infância, ao som da sua família e do seu povo. O disco foi muito aplaudido internacionalmente e apresentado em vários palcos de referência e em importantes festivais do circuito da world music, incluindo, pois claro, em Cabo Verde. A sua versão do clássico dos Tubarões "Djonsinho Cabral", por exemplo, é extraordinária.
E agora, Dino com o seu novo EP aprofunda ainda mais a sua visão da música de Cabo Verde, com originais que traduzem a sua alma, o seu pensamento e o respeito pela cultura ancestral daquelas ilhas que tanto ama. O balanço especial desse som vai marcar a sua apresentação: música quente, voz doce e profunda e uma alma do tamanho do oceano. É assim Dino d’Santiago.
Ana Sofia Carvalhêda conversou com o artista caboverdiano. Uma entrevista que pode escutar já aqui . Veja também aqui o vídeo da atuação do cantor nos estúdios da Antena1:
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Concerto de PIERS FACCINI:
- 1 Novembro – Cinema São Jorge, Lisboa
Concerto de Abertura Misty Fest
Há uma razão para Piers Faccini se sentir tão à vontade em Portugal: o cantor que em 2014 lançou o projecto colaborativo Songs of Times Lost com Vincent Segal diz-se apaixonado pela ambiguidade cultural das fronteiras, aquele sítio onde por vezes as pessoas sentem pertencer a dois lados ao mesmo tempo, abraçando línguas e sons distintos com a mesma familiaridade. Na nossa história, onde o Brasil e África, a Europa e distantes culturas do Médio Oriente todos representam ou representaram um papel, essa ambiguidade faz todo o sentido. Abraçando com idêntico fervor as influências da folk britânica e as tonalidades das dunas do Saara, Piers tem vindo a construir uma intrigante e sólida carreira, que já conta com sete álbuns, tendo a estreia ocorrido em 2004 com Leave No Trace. Nesse tempo colecionou colaborações e cruzamentos com artistas tão distintos como Ballake Sissoko, Vincent Segal, Ben Harper, Rokia Traore, Patrick Watson e Ibrahim Maalouf, entre outros. Teve igualmente tempo para viajar, para tocar pelo mundo fora. Esteve, por exemplo, presente na primeira edição do Misty Fest. Regressa agora, seis anos e muitas viagens depois. Ao vivo, Piers tem preferido uma versão despedida do seu som, o que só dá mais força às suas canções, que sobrevivem bem com a sua voz, a guitarra e a bateria de Simone Prattico. Essa será a experiência que Piers Faccini trará a Portugal, com o seu novo álbum “I Dreamed An Island” e também canções de toda a sua carreira. A Songlines e várias rádios europeias também não têm poupado distinções para premiar a singular música de um artista que em boa hora regressa a um país onde a sua obra faz pleno sentido.
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Concertos de Wim Mertens:
- 5/11 – Torres Vedras, Teatro Virgínia
- 6/11 – Porto, casa da Música
- 7/11 – Lisboa, CCB (Misty Fest)
Dentro do fértil território Modern Classical, Wim Mertens é uma das maiores referências, um compositor que possui uma tão vasta quanto rica discografia, recheada de prémios, aplausos e distinções várias. Essa discografia prepara-se agora para ser dilatada com a edição de Dust of Truths, parte final de uma trilogia, Cran aux Oeufs, que inclui ainda os registos Charaktersketch e What are we, locks, to do? editados, respectivamente, em 2015 e 2016.
O primeiro momento desse tríptico questionava a posição da cultura num contexto mundial, o segundo inspirava-se na mítica Bliblioteca de Alexandria e o mais recente aborda a Batalha de Actium, que teve lugar na Grécia antiga, em Preveza. Um conflito entre o império Romano e o Egipto, entre duas civilizações, que pode até ser visto como uma metáfora para tempos modernos.
Mertens já compôs para cinema, teatro e até para passagens de moda da prestigiada casa Dior. E tem uma carreira recheada de prémios e distinções, tendo inclusivamente sido nomeado para Embaixador Cultural da Flandres. Em Portugal, apresentará um novo espectáculo que tem merecido os mais veementes aplausos nas melhores salas da Europa.
Antes de pisar os palcos nacionais Wim Mertens esteve à conversa com a Noémia Gonçalves a propósito destes espetáculos.
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