Este projeto coloca-se na zona de exploração do corpo e das identidades muitas vezes fixadas na noção de etnia e de marca territorial. Num momento particularmente crítico no que respeita às questões migratórias, reemerge a importância de pensar o corpo como uma valência transversal e sem fronteiras. A pesquisa irá focar-se nos “muros” enquanto formas visíveis e invisíveis, virtuais e materiais, de modo a questionar as deslocações do familiar, da zona entre privado e público, do íntimo, do periférico, do efémero e do intempestivo na contemporaneidade. Migrantes, deslocados, refugiados, exilados constituem figuras em relação a um espaço sedentário onde são marcados os territórios de reconhecimento do mesmo e de rejeição do estranho.
Num dispositivo cénico que separa os corpos, o trabalho vai convocando imagens e zonas de conflito e de resistência. O som e a voz são o veículo que parece ser a única coisa que passa, que passa mensagens de amor, de ódio, de resiliência ou de desistência.
Alexandre Soares música (ao vivo)
João Mendes Ribeiro cenário
José Álvaro Correia desenho de luz
Maria Gambina figurinos
Ana Deus, Bruno Senune, Elisabete Magalhães, Flávio Rodrigues, Gonçalo Cabral, Joana Castro interpretação
Textos de Eugénia Vilela, excertos de poemas de Paul Celan (tradução de João Barrento) e excertos de poemas de Robert Desnos
Lucinda Gomes produção
Coprodução Balleteatro/Teatro Nacional São João