Um robot telecomandado foi lançado ontem num foguetão da frota Musk e vai palmilhar a Lua durante 14 dias, controlado pela primeira vez a partir do Luxemburgo. Isto acontece em cima de declarações de uma representante de um organismo científico internacional ao Guardian, confirmando a inclusão da Lua na lista de locais ameaçados pela acção humana. Não me peças a Lua nos próximos tempos. A acumulação de lixo espacial ajuda a explicar que afinal O Céu não é Perfeito, diria o Homem no Planeta, provocando mais do que a curiosidade do impressor de férias. O Homem no Planeta continua a manobrar as suas alavancas enquanto o novo rover lunar inicia a aventura de 14 dias até sucumbir aos 200 graus negativos na Estrada Perdida.
Isto acontece no momento em que, movido por um fantasmático grito reclamando acção, o velho sábio de olhar líquido prepara de novo o cortador de relva e se faz à estrada, embalado nos auscultadores pela música de Badalamenti. Quem encontrará pelo caminho, depois do grande susto provocado pela visão de uma orelha humana num meloal do Ribatejo? Na noite do Cartaxo, a Las Vegas do Ribatejo, o viajante pede uma bebida forte na Horta da Fonte, como se ainda estivesse no início do século. No palco, canta a Rossellini, com a sua voz de Veludo Azul.
À mesma hora uma estranha criatura sai de um comboio, na estação do Rossio, o rosto coberto por um capuz. Um bando de rapazolas segue em sua perseguição. Alguém lhe descobre o rosto disforme, o vendedor de castanhas deixa escapar um impropério, a criatura acossada olha em redor, mas não vislumbra o olhar benevolente da magnífica Bancroft. Querem que se vire para a parede, braços ao alto. Grita, desesperado: “Eu não sou um Elefante, sou um Homem!”.
Escapa-se numa bicicleta eléctrica para os lados do rio, alguém grita imitando a voz do engenheiro Moedas: “É um radical”.
Adiante, o saxofonista que encontra na berma da Estrada Perdida” conta-lhe que se escapou de um jogo de espelhos alucinante e de uma prisão e de uma cabana no deserto.
Entram juntos na cidade abandonada onde o viajante de olhar líquido com o cortador de relva fumegante. São surpreendidos por um barulho no radiador do qual sai uma mulher minúscula dançando. A cabeça de um bebé que não para de chorar transforma-se num planeta.
É quando se lhes reúne o casal de jovens amantes em fuga para o sul. Bate no Coração Selvagem de Sailor e de Luna o fantasma dançante de Elvis. Eles ainda não sabem que Musk é o nome verdadeiro do mágico de Oz, nem que um robot telecomandado virá a palmilhar a Lua. Sabem que o Céu não é Perfeito. Desencontrados do guião, conformam-se com a evidência de “um lindo dia, com um sol dourado e céu azul por toda a parte”. Todos escutam o doce sussurro de Laura Palmer: “Não deixes de tocar, Badalamenti”.