Nos 50 anos da Revolução dos Cravos, a Antena 1 apresenta “Liberdade para Contar”, uma série documental que oferece dez perspetivas distintas e explora as transformações ocorridas em várias esferas da sociedade portuguesa.
No período anterior a 1974, os jornalistas portugueses trabalhavam sob a sombra opressiva da censura, num ambiente onde cada palavra era escrutinada e potencialmente silenciada. Era um tempo de autocensura, de mensagens codificadas e de uma constante luta para informar o público, apesar das restrições impostas.
A história desenrola-se como um jogo de gato e rato entre os jornalistas, determinados a revelar a verdade, e os censores, empenhados em suprimir qualquer informação considerada subversiva. Os profissionais da comunicação desenvolveram técnicas engenhosas para contornar as barreiras da censura, utilizando metáforas, alegorias e outras formas criativas de expressão para transmitir mensagens nas entrelinhas. O historiador e jornalista Germano Silva partilha um episódio caricato que ilustra os artifícios usados para contornar a censura no Estado Novo. Ao noticiar o caso de uma mulher encontrada nua e moribunda num jardim do Porto, Silva enfrentou o desafio de transmitir a informação sem ferir a moral vigente. A sua solução engenhosa foi descrever a vítima como estando “descalça até ao pescoço”, evitando assim a menção explícita à nudez e conseguindo, com astúcia, publicar a notícia sem sofrer os cortes dos censores.
Os jornalistas Rita Colaço e Diogo Pereira, ambos já nascidos em liberdade, ouviram as histórias de quatro veteranos: Maria Antónia Palla, Germano Silva, Fernanda Antunes e Eduardo Fidalgo. Através deste documentário, os ouvintes são convidados a refletir sobre o valor da liberdade de imprensa, o papel crucial do jornalismo na sociedade e as lições que podemos extrair deste capítulo transformador da história portuguesa.