Em 1989 começou a tomar forma uma ideia diferente de desenvolver campanhas regulares de recolha de fundos e também de comunicação tendo em vista uma perspetiva o combate ao vírus VIH e à sida. Um ano dois entrava em cena “Red Hot + Blue”, o primeiro disco da Red Hot Organization. Com Cole Porter no centro da atenções, uma família de grandes músicos criaram 20 versões de grandes clássicos, muitos deles hoje com o estatuto de standards. “Red Hot + Blue” foi assim, em 1990, o primeiro episódio de uma história feita com discos que, de então para cá, juntou a este já muitos outros, criando uma obra ainda hoje dedicada à mesma causa e à qual se junta, agora, um trio de lançamentos que têm Sun Ra no epicentro das atenções, figura impar na história da música, com um percurso muito pessoal em caminhos que podemos sobretudo associar ao jazz, mas que definiram também espaços de exploração de universos como o afrocentrismo ou a ficção científica.
A assinalar os 30 anos do seu desaparecimento, Sun Ra é o mote para três novas edições da Red Hot, duas delas tendo como ponto de partida “Nuclear War”, composição de 1982 criada na sequência do acidente na central de Three Mile Island (na Pensilvânia, EUA, em 1979). São eles “Red Hot & Ra – Nuclear War”, apresentado como um disco de “comentário político e social” e “Red Hot & Ra – Nuclear War LP – The Remixes”. Um terceiro volume, com o título “Red Hot & Ra : SOLAR”, não só acrescenta mais pontos de vista ao músico homenageado como assinala mais um cruzamento das edições desta série com a música do Brasil.
Hoje, ao se assinalar a passagem de mais um Dia Mundial de Luta Contra a Sida, a Antena 1 volta a olhar para este vasto e importante corpo de lançamentos discográficos em mais um episódio do “Gira Discos”.
Estes são os lançamentos anteriores da Red Hot Organization:
1990. “Red Hot + Blue”. Tributo a Cole Porter com a colaboração de Neneh Cherry, David Byrne, U2, Iggy Pop + Debbie Harry, Thompson Twins, Tom Waits, Annie Lennox ou Salif Keita, entre outros
1992. “Red Hot + Dance”. Disco de música de dança ou remisturas dançáveis com Madonna, George Michael, EMF, PM Dawn, Young Disciples ou Crystal Waters, entre outros.
1994. “No Alternative”. Um olhar pelo panorama rock alternativo de inícios de 90, com colaborações dos Sonic Youth, Soundgarden, Smashing Pumpkins, Pavement, American Music Club ou Breeders, entre outros.
1994. “Red Hot + Country”. Músicos da country em campanha, com contribuições de Johnny Cash, Books & Dunn + Johnny Cãs, Nancy Griffith + Jimmy Webb ou Wilco + Syd Straw, entre outros.
1994. “Stolen Moments: Red Hot + Cool”. Em tempo de reencontro do jazz com a música popular, um manifesto jazz hip hop com parcerias como Donald Byrd + Guru e Ronny Jordan, MC Solaar + Don Cárter, Me’Shell + Herbie Hancock ou Roots + Roy Ayers, entre outras.
1994. “Red Hot on Impulse”. Disco companheiro do álbum que cruzou o hip hop com o jazz, esta compilação junta gravações de arquivo de músicos de jazz como John Coltrane, Pharaoh Sanders, Charles Mingus ou Archie Sheep.
1995. “Red Hot + Bothered”. Um segundo olhar sobre o panorama rock alternativo de 90 com Lisa Germano, The Verlaines, The Sea And Cake, Liquorice e Flying Nuns, entre outros.
1996. Offbeat. Uma experiência spoken word com ambientes e trip hop, juntando Moby, Laika, My Bloody Valentine + Skylab, David Byrne, Barry Adamson e Soul Coughing, entre outros. Disco-companheiro da exposição “The Beat Experience” que gerou ainda um CD-Rom com conteúdos multimedia.
1996. “America Is Dying Slowly”. Artistas hip hop em campanha, com contribuições de De La Soul, Coolio, Pete Rock + The Lost Boyz ou Wu Tang Clan, entre outros.
1996. “Red Hot + Rio”. Um tributo à bossa nova, com as participações de Money Mark, Astrud Gilberto + George Michael, David Byrne + Marisa Monte, Everything But The Girl ou Cesária Évora + Caetano Veloso + Ryuichi Sakamoto, entre outros.
1996. “Nova Bossa: Red Hot on Verve”. Disco companheiro do álbum que teve o Brasil na berlinda, esta compilação junta contribuições de arquivo ilustrando episódios da história da música brasileira.
1997. “Silencio = Muerte: Red Hot + Latin”. Músicos latino-americanos em campanha, cm contribuições de Los Lobos, Café Tacuba + David Byrne, Juan Perro, Cibo Matto, Gegy Tah + King Changó, entre outros.
1998. “Onda Sonora: Red Hot + Lisbon”. Um tributo à lusofonia, com participações de David Byrne + Caetano Veloso, General D + Funk’N’Lata, k.d. lang, Paulo Bragança + Carlos Maria Trindade, Durutti Column e Bonga + Marisa Monte + Carlinhos Brown, entre outros.
1998. “Lisboa – Red Hot on Portugal”. Na linha do que tinha acontecido com o disco focado no Brasil, esta compilação recolhe peças de arquivo com Lisboa como mote.
1998. “Red Hot + Rhapzody”. Tributo a George Gershwin, com a colaboração de nomes como os de David Bowie, Morcheeba, Luscoius Jackson, Sarah Cracknell + Kid Loco, ou Money Mark, entre outros.
1998. “By George (& Ira) – Red Hot on Gershwin”. Disco companheiro do tributo a Gershwin, recolhe gravações de arquivo com interpretações de algumas das suas canções.
1998. “Twentieth Century Blues – The Songs of Nowel Coward”. As canções de Noel Coward estão na base deste disco-tributo que tem curadoria de Neil Tennant e junta Divine Comedy, Paul McCartney, Bryan Ferry ou os Pet Shop Boys. O disco surge em paralelo aos lançamentos da Red Hot, mas doou os fundos recolhidos à organização.
2000. “Red Hot + Indigo”. Tributo a Duke Ellington, com a colaboração de nomes como os de Terry Callier, Tortoise, The Roots, Les Nubiens e David Byrne, entre outros.
2002. “Red Hot + Riot”. Tributo a Fela Kuti, com a participação de D’Angelo, Jorge Ben Jor, Macy Gray, Femi Kuti, Nile Rodgers, Taj maha, Lenine, Manu Dibango, Me’Shell, Baaba Maal e Kelis, entre outros.
2009. “Dark Was The Night”. Sob produção conjunta de Bryce e Aaron Desner dos The National, um conjunto de contribuições vindas de terreno indie, com nomes como os Arcade Fire, Grizzly Bear, Sufjan Stevens, Yo La Tengo, Beirut, Dirty Projecters, Feist ou o Kronos Quartet.
2011. “Red Hot + Rio 2”. Segunda incursão brasileira, desta vez com as contribuições de Vanessa da Mata, Seu Jorg, Almaz, David Byrne, Bebel Gilberto, Marisa Monte, Caetano Veloso, Beck, Mia Doi Todd e John Legend.
2013. “Red Hot + Fela”. Um segundo tributo a Fela Kuti junta desta vez TUnE-yArDs, Questlove, Angelique Kidjo, Kyp Malone, Tunde Adebimpe, Kronos Quartet, Tony Allen, M1 ou Baloji. O disco conheceu uma reedição em vinil em 2023.
2014. “Red Hot + Bach”. Pela primeira vez um nome da música clássica surge como figura central a definir a matéria prima a trabalhar. Participam, entre outros, Max Richter, Mia Doi Todd, Juliana Barwick, Carl Craig, Daniel Hope, o Kronos Quartet e as Amiina.
2014. “Master Mix: Red Hot + Arthur Russell”. Segundo disco editado em menos de um ano, é um tributo (com alinhamento que se estende ao longo de um duplo CD) onde colaboram nomes como os de Sufjan Stevens, Devendra Banhart, Richard Reed Parry, Hot Chip, Robyn, Scissor Sisters e Blood Orange.
2016. “Day of The Dead”. Jerry Garcia, dos Grateful Dead, é a figura no centro das atenções da mais extensa das edições da Red Hot Organization, juntando Angel Olsen, Wilco, Perfume Genius, Flaming Lips ou Bill Callahan.
2020. “T-Pop: No Fear In Love”. A primeira edição apenas em formato digital da Red + Hot Organization é um EP que celebra a música pop associada à comunidade queer de Taiwan. Inclui Enno Cheng, numa parceria com Xiu Xiu, Zooey Wonder, 9m88 e starRo.
2021. “Red Hot + Free”. Primeiro álbum com lançamento exclusivo em suporte digital assinala um reencontro com a música de dança. Envolve novas composições e remisturas por nomes como Billy Porter, Sofi Tukker x Amadou & Mariam, Sam Sparro, Vagabon, Louis The Child & Foster The People, Ultra Naté ou Gloria Gaynor.
2022. “Kele.Le” Um segundo EP integrado nesta coleção propôs um breve panorama sobre vozes femininas emergentes da música nigeriana. Inclui faixas de Bella Alubo, Lady Donli, Tomi Owó e Mz Kiss ft. OSHUN.
2023. “Red Hot & Ra – Nuclear War”. Apresentado como um disco de “comentário político e social” parte de uma composição de Sun Ra, que apresenta em novas leituras por Georgia Anne Muldrow, os Irreversible Entanglements e ainda nomes como Josef Leimberg, Angel Bat Dawid e Malcolm Jiyane Tree-o.
2023. “Red Hot & Ra – Nuclear War – The Remixes”, Mais abordagens a F”Nuc Lear dar”, desta vez com as contribuições de Dennis Bovell, Oui Ennui, o coletivo Moon Medicin ou uma parceria entre Joel Tarman e o Kronos Quartet. Edição digital.
2023. “Red Hot & Ra : SOLAR”. Terceiro tributo a Sun Ra, foca atenções no Brasil e envolve músicos como Metá Metá, Edgar, Xênia França, Fabrício Boliveira, Tiganá Santana, Max de Castro, o Hamilton de Holanda Trio, Jazzmeia Horn e Meshell Ndgeocello.
Como complemento a esta história ficam aqui outro episódio do “Gira Discos”, estreado em 2022 e ainda um outro, o programa “Vitrola” (a versão do “Gira Discos” criada para a rádio Brasil 200) nos quais se escutam mais canções da já extensa discografia criada pela Red Hot Organization.