3 mãos cheias de abraços musicais é a proposta de Sebastião
Antunes e da Quadrilha, como nos conta Ana Sofia Carvalheda
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Sebastião Antunes e a Quadrilha
estão de volta às edições! Três anos depois da sua estreia a solo, e seis anos após
da última edição da Quadrilha, Sebastião Antunes e companhia estão de regresso
"Com um Abraço", nas lojas a partir do dia 24 de Setembro.
Em "Com um Abraço", Sebastião
Antunes, exímio embaixador da música tradicional portuguesa, convidou um grupo
variado de artistas estrangeiros com residência em Portugal para trazerem um
pouco da sua interpretação aos temas compostos por si. Tito Paris, Pumacayo
Conde ou Orlando Santos são alguns dos nomes que responderam ao convite. Também
os Galandum Galundaina, grupo de música portuguesa, animou a "Cantiga da
Burra", o single de apresentação que já roda nas rádios portuguesas.
De "Com um abraço" destaca-se
também a forte influência que a viagem ao Mali, que Sebastião Antunes fez, teve
na composição deste disco. A descoberta da semelhança da música tuaregue com a
música tradicional portuguesa pode ser vista na versão apresentada de "Senhora
do Almortão" ou em "Canção para Ali", dedicada a Ali Farka Tourê.
Ao vivo, Sebastião Antunes e a
Quadrilha continuam a fazer a festa: a fusão entre a tradição portuguesa, a
música de raiz celta e os aromas do Norte de África não deixa ninguém
indiferente.
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Com um abraço
"Que havíamos nós de juntar depois de tudo muito ou pouco que já juntámos, pelos carreiros onde fomos deambulando. Que poderíamos nós abraçar para retomar esta caminhada? O olhar a rodopiar por entre tudo e todos, as mãos a cruzarem-se com tantos que chegam e ficam, e outros tantos que vêm e partem.
As canções são sempre canções mas a maior parte das vezes são inquietas e pedem mais qualquer coisa. Entre caminhos trocados e clareiras entreabertas, surgiu a ideia de convidar gente que quisesse partilhar este abraço. Gente que veio de fora mas que é de cá. Não para que nos trouxessem as suas tradições mas para que nos ajudassem com a sua maneira de interpretar.
Assim, nasceu a ideia de fazer um disco em que os convidados são, na sua quase totalidade, músicos que não sendo portugueses vivem em Portugal e nos quiseram aconchegar com o seu abraço. E lá pedimos a cada um, que à sua maneira, nos emprestasse um bocadinho da sua criatividade e deixasse em cada tema um sorriso ao qual nós respondemos com um grande bem-haja.
A Sociedade Portuguesa de Autores acarinhou este projecto e assim concretizou este abraço.
Entre todos juntámos ideias e entregámo-las aos que as quiseram repartir com um abraço. Abraço que, para além de tudo isto, traz consigo uma grande ternura por experiências e recordações das quais nunca me vou poder separar, como a viagem que fiz ao Mali, ao deserto do Sahara de onde trouxe o toque das mãos carinhosas do povo tamachek (tuaregue), com quem partilhei músicas e conversas regadas pelo chá quentinho que, juntamente com uma lua indescritivelmente grande, ajudavam a afastar o frio nocturno do deserto.
É também para os tuaregues que me acarinharam que vai este abraço e com ele versão da Senhora do Almurtão tocada à maneira do povo do deserto, pois encontrei nas minhas andanças com eles muitas semelhanças com a música que se faz na beira interior. Coisa que mais vale entregar ao sentimento do que tentar arranjar-lhes uma explicação.
Foi também por lá que me surgiu "A Canção para Ali", pois falámos muito dele, e reparei o quanto Ali Farka Tourê é querido por todos mesmo não sendo tuaregue e sendo sim da etnia onsurai. Assim, fica expressa neste trabalho a minha ligação a esta gente que tanto me deu e o voto de que os pedidos de Ali Farka Tourê se voltem a encaminhar.
Até breve não me posso desligar da tarde fantástica em que com os amigos Galandum Galundaina gravámos a "Cantiga da Burra" num divertimento absoluto, cantiga que nos deixa a todos com um sorriso quando a ouvimos.
Foi também com grande entusiasmo que recebemos o abraço generoso do Tito Paris com quem trocámos vozes e guitarras.
O quanto foi gratificante gravar o Nuno Pereira no metropolitano com a sua incrível forma de fazer ritmo.
Por estas experiências e pelas muitas mais que aqui não estão descritas fica um grande bem-haja com um abraço
Um grande obrigado à SPA pelo imprescindível apoio, um grande obrigado ao Tito Paris (Cabo verde – voz e guitarra), ao Denniz Tceftcenco (Ucrânia – violino), ao Pierre Escodo (França – concertina), ao Mark Chekere (Espanha – alaúde), ao Pumacaio Conde (Perú, flauta queñe), à Catherinne Anne Fiero (EUA – Harpa), ao Orlando Santos (Angola – guitarra havaina), ao Sebastien Chirife (Argentina – percurssões várias), Nick Cook (Escócia – violino), ao Phillippe Fontenelle (Brasil – baixo), Sérgio Cobos (Espanha – acordeão). A Pollyanna Jazzmin (sapateado), Miguel Quitério (gaita irlandesa e flauta), Sara Vidal (voz), Carlos Lopes (acordeão), Nuno (ritmo), Galandum Galundaina (vozes, flautas e precurssões) e Amadeu Magalhães (viola braguesa). "
Sebastião Antunes