Quatro anos depois da homenagem a Zeca Afonso em Zeca, álbum que chegou a ser o mais vendido em Portugal, e foi distinguido por unanimidade com o Prémio Carlos Paredes no ano seguinte, Pedro Jóia está de regresso ao seu repertório original. “Mosaico” chega a 23 de fevereiro às plataformas digitais e a todas as lojas, em formato CD e vinil.
Que mosaico é este de diferentes latitudes e cumplicidades? A guitarra é o fio condutor e Pedro Jóia o timoneiro de uma grande e fascinante viagem. A partida faz-se nas asas de “Ícaro”, há flamenco em “O Luar dos Peixes”, abrilhantado pelo pianista Victor Zamora, um “Zapateado” com pés de dança, e um fado recheado com o romantismo da chanson française em “Fadinho do Atentado”, com José Manuel Neto e João Frade. O bandolim de Edu Miranda acompanha a “Volta ao Sol” e Mbye Ebrima empresta a magia da kora a “Jula Jekere”.
As cordas engrandecem “Adagietto”, enquanto “Três Pontas” é um tributo musical à cidade do estado de Minas Gerais, no Brasil. A maré enche e vaza em “Acqua Alta” (variaçōes sobre dois motivos de A. Vivaldi) e eis-nos chegados ao porto da mediterrânica e barroca “Catania”.
São frases de guitarra que não precisam de palavras para falar. Despertam emoçōes, criam imagens e suscitam representações. Porque antes do virtuoso, e “Mosaico” é de uma destreza técnica irrepreensível, há um humanista acompanhado por uma guitarra cheia de gente dentro. De amizades e afetos colhidos desde que se profissionalizou aos 19 anos e que fazem dele um músico a solo mas nunca a sós.