A ficha ainda não caiu para os NAPA, os vencedores desta edição do Festival da Canção. Numa edição renhida e inesperada, o quinteto madeirense, que conquistou o 4.º lugar pelo voto do júri e o 2.º lugar pelo televoto, somando, assim, os 17 da vitória.
Chegaram à semifinal já com uma tração invulgar no mundo digital. A canção é uma homenagem a todas as pessoas que, por alguma razão, tiveram de deixar a sua casa e os que se identificam alavancaram a canção foram publicando vídeos em vídeo-chamada com família, “uma asinha de um avião, um emigrante que chega a casa” — de repente, milhares de visualizações e partilhas nas redes sociais. No dia da final, ultrapassaram um milhão de escutas no Spotify que, por si só, já era motivo de comemoração. Mas há, agora, mais uma conquista para celebrar: em maio, representam Portugal em Basileia, na Suíça, no Festival Eurovisão da Canção. NAPA sucedem assim a iolanda, que compareceu às semifinais como jurada e à final como intérprete, trazendo-nos “Grito” em versão 2.0 antes da passagem de testemunho.
“Eu senti mesmo que foi a realidade a impor-se. A vossa vitória, embora inesperada, torna-se muito clara”. Quem o diz é Gonçalo Madail, diretor criativo do Festival da Canção, que explica o fenómeno que levou à vitória a banda da Madeira. O desempate com Diana Vilarinho (ambos foram classificados com 17 pontos) deu-se pelo televoto, que lhes deu os 10 pontos. Quem levou os 12, no entanto, foi HENKA, cuja canção “I Wanna Destroy U, ficou em quarto lugar. “Foi surreal. Já não estávamos à espera. Só nos apercebemos que tínhamos ganhado quando dizem que recebemos 10 votos do público”, dizem.
A “União” e as grandes homenagens desta final
“Em palco, vou divertir-me”. A frase foi dita por Emmy Curl, mas o sentimento é partilhado por todos os doze finalistas do Festival da Canção 2025. Não é incomum ouvir-se que os competidores levam desta experiência “verdadeiramente imersiva” é “comunidade”, “partilha”, “união”.
A grande final foi marcada pela homenagem a Carlos Paredes levada a cabo pelos Expresso Transatlântico. Receberam em palco dois convidados de luxo, Paulo Furtado aka The Legendary Tigerman e Ana Lua Caiano. “Movimento Perpétuo”, “Canção”, “Mudar de Vida” e “Verdes Anos” foram os três temas clássicos apresentados com uma roupagem contemporânea.
Houve ainda espaço para uma viagem pela história da Eurovisão. João Borsch que, no ano passado, venceu no televoto e conquistou o segundo lugar, convidou Maria João e HUCA. Trouxeram-nos versões únicas de “Refrain”, de Lys Assia, a primeira vencedora da Eurovisão, The Code, a canção vencedora de 2024 e, ainda, “Ne Partez Pas Sans Moi”, a entrada da Suíça interpretada por Céline Dion.
Na emissão especial da Antena 1, Noémia Gonçalves e os comentadores Edmundo Inácio e Diana Castro receberam João Almeida, diretor da Antena 2 e “fã confesso” do Festival da Canção, que nos fala da vitória entusiástica dos NAPA, e também iolanda, que agora passa o testemunho ao quinteto. Fala-nos do “rebranding” do “Grito”, uma nova versão da canção que levou à Eurovisão no ano passado, e, ainda, da tournée que arrancou assim que regressou de Malmö. “Há muitas frentes a desenvolver e todo um trabalho por trás, incluindo com as plataformas digitais que podemos usar a nosso favor. Lá fora faz-se tanto mais e há tanto mais público para conquistar. Há muito trabalho para fazer”, diz-nos a cantora, que dá-nos ainda uma antevisão do novo álbum, a sair este ano.
Sofia Vieira Lopes, investigadora, passou também pelos estúdios da Antena 1. “Justiças e injustiça na Eurovisão” foi o tema da Conferência Internacional EUROVISIONS, e a etnomusicóloga fala-nos do facto de, este ano, ter havido uma candidata tão diferente da norma, HENKA, e a maneira como os gostos são tão variados. “As preferências despontaram. Por muita unanimidade que exista, há sempre teorias. Este ano é, de facto, sui generis”.
Pelo estúdio, Gonçalo Madail, Nuno Galopim, e os apresentadores da grande final, Vasco Palmeirim, Filomena Cautela, Alexandre Guimarães, Wandson Lisboa, Catarina Maia; Edmundo Inácio e Diana Castro, os nossos comentadores de serviço da Antena 1 que estiveram pelos estúdios da Antena 1 durante todas as semifinais, e, claro, os grandes vencedores.
Para a Eurovisão, ainda há caminho a traçar. Para já, “é preciso arrumar a bateria, guardar os materiais no carro”. Em maio, no entanto, NAPA rumam a Basileia, na Suíça, para representar Portugal no 69.º Festival Eurovisão da Canção.