Esta quinta-feira, dia 19, são revelados os 20 temas e os intérpretes que irão concorrer nas respetivas semifinais do Festival da Canção 2023, que decorrerão a 25 de fevereiro e a 4 de março. Os doze finalistas apurados estarão na grande final que se realiza a 11 de março. A apresentação poderá ser acompanhada em direto, pelas 11h30, no Instagram do festival. Ficarão também disponíveis os lyric videos de cada canção nas multiplataformas de streaming.
Para já, conheça a lista dos 20 compositores.
André Henriques
Com uma carreira sólida com a sua banda Linda Martini, André Henriques tem-se destacado pelo cuidado na escrita de canções. Com 40 anos, estreou-se a solo com um primeiro disco intitulado Cajarana, no qual compôs 12 canções em dois meses, chamando depois o baterista/percussionista Ivo Costa (Bateu Matou, Carminho, Sara Tavares), o guitarrista Pedro Ferreira (Quelle Dead Gazelle) e Ricardo Dias Gomes (Caetano Veloso) para tocar baixo, sintetizadores e coproduzir o disco. André Henriques têm-se distinguido pela “forma como subverte os alicerces da música pop, o seu constante namoro com o fado e a canção portuguesa e pelas suas letras emotivas e contundentes que encontram eco numa geração que se apaixonou novamente pela música portuguesa”. Nos últimos anos, o autor tem-se dedicado também à escrita de canções para outros intérpretes, como Cristina Branco, e às suas prolíficas colaborações com Rui Carvalho (Filho da Mãe). No final de 2020, André Henriques apresentou Cajarana no Capitólio, em Lisboa, álbum que foi considerado um dos melhores desse ano por diversos meios de comunicação de referência.
April Ivy
Nome artístico de Mariana Gonçalves, April Ivy é cantora, compositora e atriz, tendo-se iniciado no mundo das artes aos 9 anos, dando voz a personagens da Disney, e trabalhando como atriz. Já publicava regularmente vídeos e covers no YouTube e no Soundcloud quando, com 14 anos, num projeto escolar, estagiou durante uma semana no Grupo Renascença Multimédia, onde foi descoberta pelo diretor da rádio Mega Hits, Nelson Cunha. Estreou-se profissionalmente no mundo da música aos 16 anos, como artista independente, com o primeiro single, Be OK. O tema, da sua autoria, alcançou o primeiro lugar da lista nacional de Spotify, YouTube e iTunes, para além de ter feito parte da telenovela teen Massa Fresca. Em 2016, tornou-se a primeira artista portuguesa a assinar um contrato internacional com a Universal Music France. Nesse ano, obteve uma nomeação de Melhor Artista Portuguesa nos MTV Europe Music Awards e, no ano seguinte, uma outra nos Globos de Ouro na categoria de Revelação Nacional. Em 2019, lançou o seu primeiro álbum, Game of Love. Aos 23 anos, April Ivy prepara-se para regressar em força com o single Modo Voo, que marcará o início de uma nova etapa na sua carreira.
Bandua
Criado pelo músico e produtor eclético Bernardo Lopes Addario (que tem o projeto a solo Tempura the Purple Boy), e contando com a participação do cantor e músico português Edgar Valente, Bandua representa a primeira vez que o cancioneiro popular da região da Beira Baixa é reutilizado e moldado num disco melancólico-pop eletrónico em língua portuguesa. A ideia de Bandua foi inicialmente concebida por Bernardo Addario em 2018, quando procurava, sem grande sucesso, sons de eletrónica orgânica com raízes portuguesas. Foi nesse processo que surgiu a vontade e a necessidade de criar algo baseado na sonoridade eletrónica downtempo berlinense mas com raízes do folclore português da Beira Baixa. Em 2019, surgiu a base do tema Cinco Sentidos e o convite a Edgar Valente para emprestar a sua voz, teclados e adufe. O terreno estava lavrado para a colheita do disco homónimo, que não defraudou as expectativas, e no qual se reconhecem legados tão distintos como os de Nicolas Jaar ou João Aguardela, Acid Pauli ou José Afonso, Four Tet ou Catarina Chitas. Bandua foi lançado pela editora holandesa-brasileira Frente Bolivarista, graças a uma ligação estabelecida através do DJ e produtor Pedro Martins.
Bárbara Tinoco
Autodidata na guitarra e no canto, Bárbara Tinoco nasceu em Lisboa em 1998 e estudou Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova. Em 2018, deu que falar na sua muito curta passagem pela fase de casting do programa The Voice Portugal, onde, embora não tenha sido selecionada, cantou um tema da sua autoria. Esse tema era Antes Dela Dizer Que Sim, que lançou em 2019 como o seu single de estreia, contando o videoclip já com mais de 10 milhões de visualizações no Youtube. Em 2020 conquistou o segundo lugar no Festival da Canção com o tema Passe-Partout, da autoria de Tiago Nacarato, e viu a sua ainda curta carreira ser reconhecida com um Prémio Play de Artista Revelação. Antes de editar o seu primeiro álbum, ganhou ainda um Globo de Ouro na categoria de Melhor Intérprete e editou Desalinhados, um EP de colaborações em que participam António Zambujo, Bárbara Bandeira, Carlão, Carolina Deslandes, Martinez e Tyoz. Bárbara, o seu álbum de estreia, chegou em outubro de 2021 e foi apresentado nos Coliseus (esgotados) de Lisboa e Porto. Nesse mesmo ano, regressou ao ponto onde tudo começo tornando-se mentora no The Voice Kids e levou a palco As Canções Que Ninguém Quis, um espetáculo concebido por si e protagonizado em parceria com alguns nomes de relevo da música nacional como Carolina Deslandes, Miguel Araújo, Agir ou Luísa Sobral, entre outros, e no qual cada um dos intervenientes interpreta canções escritas para outras pessoas, mas que acabaram recusadas pelos potenciais intérpretes. Para 2023, tem já marcados concertos para o Campo Pequeno e para a Super Bock Arena e a estreia em palcos internacionais, com um concerto no prestigiado The Jazz Cafe, em Londres.
Churky
Churky é o nome artístico de Diogo Rico, nascido em 1993 em Alcobaça, onde ainda reside. É cantor, compositor e instrumentista, e desde muito cedo que a música faz parte da sua vida – aos 5 anos, já tocava guitarra e cantava pela casa, com 13 formou a sua primeira banda e aos 15 compôs os seus primeiros temas. As suas canções possuem um toque diferenciado, o que contribuiu para que vencesse em 2018 o EDP Live Bands, ganhando a partir daí um reconhecimento maior que lhe permitiu pisar palcos de festivais nacionais e internacionais, como o NOS Alive ou o Mad Cool, em Espanha. Em 2019, edita o álbum de estreia, É, tocando no mesmo ano no EDP Cool Jazz. No início de 2021, lança Mossas, um EP com um recorte mais folk com que fez um périplo por várias cidades portuguesas e também um concerto no São Tomé Literary Festival, em São Tomé e Príncipe. No ano passado, editou um novo disco, Mariposa, inteiramente escrito e produzido por si, e que revela uma composição de canções “mais madura, lapidada e honesta”.
Cláudia Pascoal
Cláudia Pascoal nasceu em 1993 e é original de Arco de Baúlhe, uma pequena aldeia minhota. Mais do que um dado biográfico, as suas raízes são essenciais e preponderantes na forma como tem construído a sua identidade artística. Os videoclips de temas como Quase Dança ou o mais recente Eh para a Frente, Eh para Trás são sinal disso mesmo. Produzido por David Fonseca, o seu segundo álbum encontra-se em fase de preparação, sendo já são conhecidos os temas Fado Chiclete e Eh para a Frente, Eh para Trás. Com edição prevista para o primeiro trimestre deste ano, o novo álbum, ao contrário do de estreia, foi inteiramente escrito e composto por Cláudia Pascoal, fazendo dela uma das cantautoras mais promissoras da sua geração. Na sequência deste percurso, a cantora regressa ao Festival da Canção (que já venceu em 2018 com o tema O Jardim, ao lado de Isaura), desta vez na qualidade de compositora.
Dapunksportif
Os Dapunksportif surgiram em finais de 2004 em Peniche, tendo por base o duo e núcleo criativo João Guincho e Paulo Franco (companheiros de longa data noutros projetos), e o produtor Marco Jung. Overdrive, a maqueta de apresentação, depressa colheu boas críticas, levando a banda a participar em diversos concursos e a percorrer os palcos de todo o país. Em 2006, lançaram Ready! Set! Go!, álbum de estreia que teve uma excelente receção da crítica nacional e estrangeira. Depois do arranque vertiginoso que este álbum proporcionou, editaram, em 2008, o segundo, Electro Tub Riot, que também recebeu excelentes críticas e permitiu, uma vez mais, o acesso a grandes palcos como o da primeira edição do Festival Alive, Xan Xuan Festival, nas Astúrias, ou a primeira parte de Fu Manchu. Apesar das várias influências musicais, o rock é a essência da banda – um rock “visceral apoiado nos riffs de guitarras elétricas sem limite de velocidade e à boleia de uma secção rítmica desenfreada”. Tendo outros projetos musicais paralelos, os Dapunksportif lançaram em 2018 o seu quarto álbum, Soundz of Squeeze’o’phrenia, mantendo a identidade da banda, caracterizada pelo “binómio riffs-beats sem clivagem entre a parte instrumental e a vocal”. Os Dapunksportif são constituídos por Paulo Franco (voz e guitarra), João Guincho (guitarra), Fred Ferreira (bateria), Vicente Santos (teclas) e Filipe Brito (baixo).
Edmundo Inácio
Natural de Portimão, Edmundo Inácio tem 22 anos e investiu muito tempo nos estudos. Fez formação musical e estudou guitarra dedilhada no conservatório e formou-se também em Cinema na Coventry University, na Inglaterra. Multi-instrumentista e produtor autodidata, diz que demorou 15 anos a encontrar a sua identidade musical. Participou, em 2021-22, no The Voice Portugal, chegando à gala final e tornando-se um dos concorrentes com uma das passagens mais marcantes do programa (pegou em temas popular e tradicionalmente portugueses e recriou-os, dando-lhes uma nova vida, como sucedeu com a sua interpretação recriadora de Comunhão de Bens, de Ágata). Os vídeos das suas atuações somam mais de quatro milhões de visualizações no YouTube. Inspirado pela música portuguesa, espanhola e médio-oriental, Edmundo Inácio assume o compromisso de respeitar e modernizar ao mesmo tempo as suas raízes com uma mistura de rock, pop alternativo, música eletrónica, tradicional e fado.
Inês Apenas
Nome artístico de Inês Oliveira da Costa, Inês Apenas nasceu em Paris, mas reside em Leiria desde os 3 anos. Licenciada em Música na variante de piano clássico pela Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, no Porto, é pianista, cantora e compositora, distinguindo-se por temas que cruzam pop, eletrónica, jazz, soul e sonoridades mais alternativas. Em 2019, fez segundas vozes para Débora Umbelino (Surma), experiência que também a ajudou a moldar a identidade de Inês Apenas, e acompanhou também em banda músicos como Marta Carvalho. Tem atuado em nome próprio um pouco por todo o país e, no ano passado, lançou um EP com seis temas intitulado Um Dia Destes, que inclui o single Tu Fazes Tão, com videoclip realizado por Cláudia Pascoal e Ricardo Leite. O passo definitivo na sua transformação surgiu em 2020, depois de concluir a licenciatura, tendo começado a compor as suas próprias músicas durante o primeiro confinamento, apesar de já ter experiência como teclista em bandas de originais e de versões.
Ivandro
Joaquim Ivandro Paulo, mais conhecido como Ivandro, tem 23 anos, nasceu em Angola e começou a dar os primeiros passos na música em 2013, quando começou a compor os primeiros originais. Passou pelos programas de talentos Ídolos e Got Talent Portugal, sem conseguir, porém, em ambos os casos, chegar à fase final. Frequenta a licenciatura em Tecnologias da Música e, além de tocar guitarra e cantar, aventurou-se a misturar e a masterizar alguns dos seus temas e também os de outros artistas. Em 2017 começa a dar nas vistas nas redes sociais, e desde então tem vindo a trabalhar com artistas de renome como Instinto 26, Waze, Gson, Valdo, Goblin, entre outros. Iniciou a sua carreira ao lado de Bispo e juntos alcançaram a quíntupla platina com o tema Essa Saia. No ano passado, alcançou o topo dos tops nacionais com canções como Moça, Lua e Como Tu, de Bárbara Bandeira. Não se limitando ao território português, Ivandro editou o tema Mó Paz com a artista brasileira Iza e atuou pela primeira vez em Angola.
Jacinta
Jacinta é uma cantora de jazz com uma carreira internacional de quase 30 anos. Foi a primeira artista portuguesa a ser editada na prestigiada Blue Note Records, com o álbum Tribute to Bessie Smith, que lhe deu o único Disco de Ouro da história do jazz português, por vendas acima dos 25 mil exemplares. Já recebeu diversos prémios e nomeações, tais como a de melhor jovem artista de jazz da Europa em 2007. Com o seu terceiro álbum, Convexo, no qual cantou José Afonso, realizou em 2008 a melhor digressão de jazz de sempre em Portugal, com 30 espetáculos esgotados em apenas três meses. Esgotou também diversas salas de espetáculos, conseguindo o feito de ter nove noites consecutivas lotadas no Teatro São Luiz. Foi ainda cabeça de cartaz em vários festivais de jazz internacionais, figurando ao lado de nomes como Herbie Hancock, Hermeto Pascoal, Buika, John Lee Hooker Jr., Chucho Valdés, Eliane Elias, entre outros. Tem oito álbuns editados em nome próprio (está neste momento a preparar a saída do nono), figurando como representante portuguesa em mais de 20 coletâneas de jazz vocal, onde surge em conjunto com artistas como Diana Krall, Norah Jones ou Stacey Kent.
Mimicat
Performer, intérprete e compositora desde muito jovem, Mimicat, o alter ego de Marisa Isabel Lopes Mena, nascida há 33 anos em Coimbra, surgiu em 2014, depois de uma muito aguardada revelação de uma cantora que gravou o primeiro disco aos 9 anos. Com uma voz quente e forte, característica da soul-pop anglo-saxónica (entre as suas referências contam-se nomes como Ella Fitzgerald, Ray Charles ou Jill Scott), edita em 2014 o seu primeiro álbum como Mimicat, intitulado For You, que teve como primeiro single o tema Tell Me Why. De 2015 a 2016, apresentou o disco nos maiores palcos do país e fez a sua estreia internacional com concertos no Brasil. Num registo pop sem nunca perder a força e o carisma que a caracterizam, lançou em 2017 o álbum Back in Town. Em 2019, lança a sua primeira canção em português, Até ao Fim, uma homenagem aos 50 anos de amor dos seus pais, e que surgiu durante a sua gravidez. Depois da paragem para o primeiro filho, regressou em 2021 com o single Tudo ao Ar. No ano passado, apresentou o novo single em português Mundo ao Contrário, que fará parte do terceiro disco de originais que Mimicat irá lançar ainda este ano e que juntará três capítulos da sua história.
Moyah
Originário de Moçambique, veio muito jovem para Lisboa como refugiado político no contexto da guerra civil no seu país, residindo atualmente no Reino Unido. Inspirado pelo amplo e eclético gosto musical dos seus pais e pelo impacto que o rap teve no jovem que veio viver para a Europa, depressa aprendeu que a música poderia ser utilizada não só como entretenimento, mas também como uma ferramenta poderosa para a autoexploração e a expressão social. Essa consciência levou-o a escrever raps em que abordou questões relativas à identidade, injustiça social e espiritualidade sob a perspetiva de uma criança da diáspora africana. O som de MoYah é uma amálgama de letras de rap positivas, edificantes e contundentes com a alta energia do afrobeat, do trap e sons alternativos de ritmos subtempo. MoYah é também curador de arte, e lançou no ano passado o single Praise. Conhecido pelas suas atuações eletrizantes, apresentou-se em concertos na Europa, nos Estados Unidos, na América do Sul e no continente africano, partilhando palcos com artistas como Nas, Africa Bambaataa e Talib Kweli, entre outros.
Neon Soho
Os Neon Soho são um trio lisboeta de música pop eletrónica alternativa composto por Ana Vieira, Ricardo Cruz e Vera Condeço. A combinação das várias influências e estilos de cada um dos três membros da banda lisboeta, o choque de referências que cada um traz, resultou num som improvável. Uma sonoridade que reúne influências que vão desde o synth-pop à dança e ao soul. Ana Vieira, que canta com Rodrigo Leão desde 2004, trouxe as influências dos blues, jazz e soul, enquanto Vera Condeço empresta as “linhas obscenas de sintetizador e o magnetismo do disco sound que enforma cada canção”. Já Ricardo Cruz, que passou pelos mais variados projetos musicais, contribui com as cordas, conferindo ao som um lado orgânico. Proof of Love, o álbum de estreia dos Neon Soho editado em 2021, foi produzido Rui Maia (X-Wife, Mirror People), misturado por Nuno Roque e masterizado por André Castro. A banda define o disco como “uma salada de pop, sem regras ou formalismos”.
Quim Albergaria
Quim Albergaria é um baterista, percussionista e vocalista português que já viveu nos subúrbios de Lisboa, mas que atualmente vive e a trabalha na capital. Cresceu entre concertos punk, a coleção de discos dos pais, os hooks e os beats que misturavam América, África e Portugal. Surge no panorama musical nacional como vocalista dos The Vicious Five e, em 2009, cria os PAUS, uma banda rock atípica com uma bateria siamesa ao centro de uma massa sónica exploratória. Em 2018 junta-se a Ivo Costa e a RIOT para criar um trio de percussionistas e produtores empenhados em fazer o baile com os Bateu Matou. Fundou a Vodafone FM e escreveu a popular música Quem Trouxe do Pingo Doce. Quim Albergaria é também cofundador do Estúdio Barulho, uma produtora de músicas para marcas. Considera-se “um tipo que não se leva muito a sério” e vê-se apenas como “um baterista que gosta de refrãos”.
SAL
Formada no final de 2019, a banda SAL nasceu na sequência da última digressão dos Diabo na Cruz, entretanto extintos, e de que faziam parte alguns dos seus elementos. Constituídos por João Pinheiro (bateria), Sérgio Pires (voz e viola braguesa), João Gil (baixo), Daniel Mestre (guitarras) e Vicente Santos (teclados), os SAL têm como matriz musical e estilística o rock, mas incorporam na sua sonoridade instrumentos menos convencionalmente ligados a este estilo, como a viola braguesa, o bandolim, o cavaquinho, os bombos e caixas tradicionais, os adufes e instrumentos de percussão populares. Estes instrumentos dão às suas composições outras cores e possibilitam o encontro permanente com a nossa música popular e tradicional, que interessa à banda manter como parte da identidade da sua própria música. Vindos de origens, percursos e heranças musicais diferentes, os SAL fazem também uma ponte com a música eletrónica através de elementos como a manipulação sónica das vozes, a utilização de sons eletrónicos na composição das batidas e a presença de sintetizadores. Esses elementos permitem abrir possibilidades criativas e dar azo à exploração de caminhos novos no que respeita às ideias e aos arranjos das canções.
Teresinha Landeiro
Teresinha Landeiro quer marcar de forma arreigada o seu fado. Apesar de muito jovem, tem um currículo notável, sendo a casa Mesa de Frades (no bairro de Alfama, em Lisboa), onde se revela semanalmente, o ponto de partida para a construção desse percurso. A jovem fadista e compositora já passou por salas como o Centro Cultural de Belém e o Capitólio, em Lisboa, ou a Casa da Música, no Porto, além de ter participado em eventos como o Festival Caixa Alfama ou o EDP Fado Café, no NOS Alive, pisando também palcos internacionais como o do Festival de Fado em Bogotá, na Colômbia. Em 2021 editou pela Sony o álbum Agora, com música da sua autoria que se traduz num “fado jovem, ambicioso e leve como a própria personalidade da fadista”. No ano passado, criou no Instagram a rubrica Alguidar de Palavras, que consiste em convidar personalidades para escolher uma palavra, construindo a cantora com essa mesma palavra um texto repentista e original para um fado tradicional.
The Happy Mess
The Happy Mess são umas das mais acarinhadas bandas de indie pop em Portugal. Com uma paixão pela música que remonta à adolescência, Miguel Ribeiro, vocalista da banda e conhecido pivô da SIC Notícias, só bem mais tarde fundou os The Happy Mess, depois de o jornalismo aparecer no seu caminho e a música ter ficado em pausa. Para celebrar uma década de canções, a banda lisboeta, cujo som se traduz numa “pop elegante e perversa”, editou no ano passado Jardim da Parada, o seu quarto álbum, o primeiro inteiramente escrito em português, e que conta com uma série de convidados especiais como Rui Reininho, Capicua, José Luís Peixoto, Regina Guimarães, Alexandre Soares, Bruno Vieira Amaral, Nuno Costa Santos, Rodrigo Guedes de Carvalho ou Filipa Leal. Na produção deste disco juntou-se à banda Rui Maia (X-Wife), Paulo Mouta Pereira e o carioca Kassin Kamal (produtor de Adriana Calcanhoto, Caetano Veloso ou Los Hermanos). Nos seus dez anos de existência, a banda tem percorrido os principais festivais e salas do país, tendo representado Portugal no festival Eurosonic, na Holanda. Os The Happy Mess são constituídos por Afonso Carvalho, Hugo Azevedo, João Pascoal, Miguel Ribeiro e Paulo Mouta Pereira.
Voodoo Marmalade
Talvez a melhor expressão para definir os Voodoo Marmalade seja “uma marmelada de estilos”. Dos clássicos dos anos 50 e 60, passando pelo rock dos 80 até chegar à pop contemporânea, está lá tudo concentrado em versões acústicas e divertidas. De composições originais a misturas de músicas de outros artistas, e através do som quente de ukeleles, vozes e percussão, a banda lisboeta de indie-folk proporciona espetáculos que são “uma hipnotizante odisseia pelos mais diversos estilos musicais”. Um verdadeiro shaker que consegue misturar Madredeus com Manu Chao, George Michael com Johnny Cash e música tradicional dos Açores com Metallica. Mas o que realmente distingue os Voodoo Marmalade é a sua formação pouco ortodoxa composta por quatro ukeleles, baixo e percussão, sendo justamente na utilização de três tipos de ukeleles (tenores, concertos e sopranos) que encontram a sua riqueza sonora e criativa. Estes instrumentos conseguem dar a temas já consagrados uma sonoridade própria e ao mesmo tempo familiar, considerando as raízes portuguesas do ukelele (primo direito do nosso cavaquinho). A variação das vozes e a utilização de adereços cénicos nos espetáculos completam o festim.
You Can’t Win, Charlie Brown
Seis anos após o lançamento de Marrow, terceiro disco que os levou por uma extensa digressão por todo o país, os You Can´t Win, Charlie Brown (YCWCB) regressaram este ano com Âmbar, que marca um novo capítulo no percurso do sexteto lisboeta, com a totalidade dos temas cantados em português. Este novo disco marca uma mudança na identidade sonora em relação aos anteriores Chromatic (2011), disco de estreia, Diffraction/Refraction (2014) e Marrow (2016), caracterizando-se por um “ecletismo de uma frescura pop, menos elétrico e menos rock”. Compostos por Afonso Cabral (voz, guitarras, teclados e baixo), David Santos (voz, teclados e percussões), João Gil (voz, teclados, guitarras, baixo), Pedro Branco (voz, guitarras e baixo), Salvador Menezes (voz, baixo e guitarra acústica) e Tomás Sousa (voz, bateria e samplers), os YCWCB surgiram em 2009, ainda como quarteto, quando o tema Sad Song foi incluído na coletânea Novos Talentos FNAC. Em 2010, editaram um EP homónimo, muito bem recebido pela crítica, e pouco tempo depois, pela Pataca Discos, estrearam-se nos LP. Em 2019, celebraram dez anos de carreira com uma série de concertos por todo o país.
Texto de Nuno Camacho