A 31 de março, celebramos o Dia Internacional da Visibilidade Transgénero.
Este é o momento certo para abraçar a luta de quem não se identifica com o género que lhe foi atribuído à nascença, baseado no seu sexo. Assim se pode largamente definir uma pessoa trans(género) — em contraste com uma pessoa cis(género), isto é, cuja identidade de género coincide com o sexo atribuído à nascença. E essa identidade em nada se relaciona com a orientação sexual.
Contudo, o termo “trans” é verdadeiramente amplo, aberto a quem sente estar fora do binário homem/mulher. Uma pessoa trans, pode, aliás, nunca passar por cirurgias de redesignação sexual, seja pela simples vontade de não o fazer, ou pela impossibilidade de suportar os custos físicos, mentais e materiais do processo. Na verdade, a discriminação, a injustiça laboral ou o preconceito tendem a ser o múltiplo comum entre as vidas trans — mas cada experiência é diferente, e é urgente ouvir todas elas.
Neste dia, trazemos à Antena 1 um exemplo da luta das pessoas trans para alcançar a visibilidade que merecem. Após o protesto da atriz brasileira Keyla Brasil, que exigia maior representação trans no teatro português, Maria João Vaz passou a interpretar o papel de Lola na peça Tudo sobre a minha mãe — adaptação dramatúrgica do filme homónimo de Pedro Almodóvar, encenada por Daniel Gorjão.
Noutro tempo e noutra vida, era esta a pessoa que entrava no anúncio do “Tou xim? É p’ra mim”. Desde então, já participou em produções do Teatro Praga. Mas a sua vida nunca foi fácil, repleta de sacrifícios pelo caminho. Não receou a humildade de trabalhar num restaurante de fast food, por exemplo, para sustentar o seu sonho. Esse sonho, de ser atriz e artista plástica, começa a ter lugar.