Nasceu em Santa Catarina, uma freguesia do concelho das Caldas da Rainha, onde foi criança antes da chegada da luz eléctrica. Mas conhece como poucos as aldeias do pinhal da Beira Baixa com as quais criou laços fortes por razões do coração. Tem obra poética respeitada e acabou de publicar o livro de crónicas “A Pátria da Chuva”. Conversamos na loja 24 do mercado de Benfica que, todas as semanas, recebe produtos da região de Proença-a-Nova, chouriços, maranhos, bolo finto e uns biscoitos a que, se estou bem lembrado, chamam Esquecidos.
José do Carmo Francisco vai todos os dias ao mercado de Benfica, perto de sua casa. É ali que conversamos em deriva pelo mapa dos afectos.
Aqui e além, cita Carlos de Oliveira, seu conviva de tantas horas no Toni dos Bifes: “Não existe paisagem sem povoamento”. Por vezes, introduz na conversa palavras raras como “calhabardais” que aprendeu com Baptista-Bastos. Fala com emoção da oferta de várias oliveiras de Proença a Nova ao jardim da Cortiçada, na rua Professor Jorge da Silva Horta, em Benfica.
São por vezes emocionantes as memórias de José do Carmo Francisco o homem que foi bancário antes de ter trabalhado em várias redacções de jornais portugueses, do Diário Popular à Bola, do Correio do Ribatejo ao jornal O Sporting. A sua vida tem raízes tão firmes como as das oliveiras do jardim da Cortiçada.