Episódio 7
Alla Kravchenko — Ucrânia; em Portugal desde 2005
Em Portugal desde 2005.
A fundadora do atelier de moda “Nutró”, na Praça da Batalha, no Porto, chama-se Alla Kravchenko, é Ucraniana, e cada vez que vê o Teatro Nacional de São João, lembra-se da sua cidade natal. Odessa.
Alla veio viver para Portugal quando tinha apenas 12 anos, por isso o seu primeiro Natal em Portugal foi uma forma de se integrar na vida do país sem saír muito do seu ambiente de família e amigos. Afinal os pais já cá estavam quando ela veio e já tinham amigos ucranianos, polacos e… russos, a viver em Portugal também.
Assim que aprendeu a falar português, a integração de Alla Kravchenko no nosso país foi de vento em popa. E se ouvir este programa vai perceber que ela até fala com um ligeiro sotaque do Porto.
O seu Natal actualmente é uma mistura de tradições culinárias portuguesas e ucranianas, onde convivem o bacalhau com todos, e as saladas de beterraba, os cogumelos, ou as sopas ricas e quentes do país do rio Dnipro.
Também é um Natal “quentinho” na óptica de Alla, porque pode não haver neve como na Ucrânia, mas para os portugueses costuma ser bastante frio. Até mesmo para norte americanos ou ingleses (basta ouvir as histórias de Richard Zimler ou Lucy Pepper).
Mas o natal de Alla Kravchenko é também um Natal de coração dividido. As saudades da sua avó são muitas. E ela está lá em Odessa, separada pela distância e com o medo latente da guerra a colocar os corações em sobressalto.
A prenda que ela mais quer é que a viagem que tem prevista para o ano para Odessa se concretize. Vale a pena conhecer o trabalho desta artista.
Episódio 8
Orquestra Zohra — Afeganistão; em Portugal desde 2021
Em Portugal desde 2021.
A Zohra Orchestra foi a primeira orquestra feminina do Afeganistão. FundadA em 2018, foi um sonho interrompido pela tomada do poder pelos talibãs em agosto de 2021.
Integradas no Afghanistan National Institute of Music, cujos artistas encontraram refúgio em Portugal, as interpretes da Orquestra Zohra desenvolvem a sua actividade agora entre Guimarães, Braga e Porto, com o apoio da Gulbenkian, do Alto comissariado para as Migrações e da Casa da Criança de Guimarães que nos permitiu o contacto com duas destas jovens.
Não podemos divulgar o seu nome verdadeiro mas chamemos-lhe Salima e Maryam. Ambas afegãs, encontraram a tranquilidade em Portugal, e o seu primeiro Natal em 2021, já lhes deu memórias felizes.
Só tinham visto celebrações de Natal em filmes e em séries de TV, e nunca tinham experimentado a festa ao vivo. Viveram o primeiro Natal da sua vida em 2021. Gostaram e sorriram, num ano nada fácil para elas. Falaram-nos também das grandes celebrações do seu país que, à semelhança de tantos outros países muçulmanos, dá especial atenção ao Ano Novo e ao “Eid”.
O Ano Novo, ou o “NowRoz” é uma festa de rua, tal como a nossa passagem de ano. Já o “Eid” celebra o fim do mês do Ramadão, no início da Primavera.
Para conhecer melhor a história da Zohra Orchestra e, já agora, conhecer melhor a música do Afeganistão, sugerimos uma visita a este site.
Episódio 9
Ljubomir Stanisic — Jugoslávia; em Portugal desde 1997
Em Portugal desde 1997.
Escrevemos Jugoslávia porque é assim que o Chef Ljubomir Stanisic gosta de se referir à sua terra. Foi essa, pelo menos, aquela da qual se despediu quando a guerra a desfez. Tanto sérvio quanto bósnio, o chef Ljubomir que todos conhecemos como o poço de emoção que acende o talento da cozinha do 100 Maneiras e que incendeia os ecrãs de TV, trouxe pouca coisa na bagagem quando fugiu para Portugal.
Trouxe memórias, sabores, ideias, e esperança. Mas os primeiros anos não foram fáceis e o seu primeiro Natal em Portugal também não. Morava num minúsculo apartamento na Reboleira, e acordou um dia com um cheiro estranho que o enjoava e que estava presente em todo o prédio. Veio a perceber depois que se tratava de… bacalhau. Todos os apartamentos do prédio estavam a prepará-lo.
E depois deste primeiro impacto horrível, acabou por adorar comer bacalhau.
Da mesma forma correu a sua estadia em Portugal. Nasceu torta mas endireitou-se. E hoje em dia, em cada Natal, para além de cumprir a tradição de ver sempre o concerto do Legendary Tigerman na galeria Zé dos Bois no Bairro Alto, gosta de misturar as tradições do Natal católico português, com o seu Natal cristão ortodoxo. Até porque o calendário o permite: um dos Natais é a 25 de Dezembro, o outro é a 6 e 7 de Janeiro.
Já aconteceu realizar a ceia de Natal jugoslava no 100 Maneiras, onde não falta o mítico “Cabrito da Mamma Rosa”, mas há mais tradições, do Burek à Sarma (couve fermentada). Se quer saber como foi este ano, espreite aqui.