Atirar-se para fora de pé “para não morrer como artista”.
A actriz volta às tábuas do palco com “O Elogio do Riso”.
Onde a comédia abre janelas para os lugares mais íntimos da Humanidade.
No gabinete do director artístico da companhia de teatro de Almada, a literatura para a peça em cena salta à vista.
Escritores, filósofos, artistas, criadores, psiquiatras, santos e pecadores, e Aldo Palazzeschi, cujo manifesto “A contrador” foi a bússola desta peregrinação às origens do riso.
A longa caminhada da criação é também o propósito desta conversa, o momento em que se mete uma ideia na cabeça, se mergulha, em que se diz “Sou Pessoa para Isso”. Maria Rueff, prestes a chegar, vai despindo a pele do velho Marcolino Coimbra, porteiro do teatro,tomado nestes dias por uma companhia inglesa.
“O Elogio do Riso” é o seu manifesto sobre a arte da comédia, a homenagem da actriz aos mestres, mas é também um olhar sábio, arguto, cirúrgico, sobre os tempos que vivemos.
A miúda que sonhava na empena dumas águas furtadas, que quis ser freira mas cresceu actriz, que comia sopas de leite com pão rindo a bandeiras despregadas com a família, é hoje a mulher que reclama bondade e empatia, que nos pede a escuta do outro. A comediante que honra os comediantes, sujando-se para dar o palco ao sr. Marcolino.
Até ao final de Novembro, Maria Rueff é “Pessoa para Isso”.