De uma janela do primeiro andar do palácio Landal sai música de dança. A música espalha-se pelo largo Padre Chiquito, assim designado em homenagem ao grande impulsionador do que viria a ser a Sociedade Recreativa Operária de Santarém.
Crê-se que nesta casa nasceu Manuel de Sousa Coutinho, fidalgo capturado por corsários junto à costa da Sardenha e levado para uma prisão argelina onde terá conhecido Cervantes. Manuel de Sousa Coutinho foi cavaleiro da Casa Real e correu as sete partidas, antes de se tornar frade e tomar o nome de Frei Luís de Sousa, com o qual assinou importante obra literária.
A casa onde nasceu está associada a uma luta consistente contra a ditadura e foi, ao longo de mais de um século, um lugar de cultura e de cidadania.
A conversa com Manuela Marques, antiga vice-presidente da Sociedade começa pela evocação do padre Chiquito que tem um busto no largo fronteiro e é um nome indissociável da história desta instituição fundada em 1915 sob a designação de Fraternidade Operária de Instrução e Recreio.
Vítor Gomes, o tesoureiro da Sociedade lembra vários episódios reveladores do modo como a polícia política manteve sempre a casa e os seus dirigentes sob apertada vigilância.
A dado momento junta-se à conversa Graciete Alves, quase 80 anos, uma vida cheia de memórias desde os bailes e os concursos de dança dos tempos da juventude ao regresso como actriz. Graciete tem uma longa vida dedicada ao teatro e é como actriz que regressa ao velho palácio Landal.