1.
Não é científico, não conheço nenhum estudo que o confirme e não será fácil comprovar, mas tenho a convicção de que são as pessoas que têm menos que dão mais.
Que os pobres são mais generosos do que os ricos.
Sei que não devo generalizar, mas generalizo ainda assim.
Da experiência que tenho, de muitos anos a comer em casas de remediados e abastados, de ver a empatia dos abraços de uns e outros, das malgas de sopa de uns e de outros, do que deixam uns e outros…
… da experiência que tenho, dizia-te, estou certo de que é verdade.
2.
Que o pobre dá emprestado o pouco que tem.
E que o rico pede garantias.
Que o pobre gasta as economias num jantar com família e amigos quando recebe.
E que o rico é “agarrado” ao dinheiro fora do que estipulou gastar.
O pobre vive para ter umas alegrias.
O rico vive para multiplicar o dinheiro que tem.
Também é verdade que alguns ricos que conheço são pobres até dizer chega.
E que alguns pobres vivem como se não existisse qualquer risco de não conseguirem pôr a comida na mesa.
3.
Os pobres vão muitas vezes para a cama com um frio na barriga.
Mas os ricos vão para a cama com fome de ganhar mais.
Não estou a afirmar que os pobres são bons e os ricos maus.
Não é isso.
Há ricos que são pessoas maravilhosas e bem-intencionadas.
E pobres que são crápulas e valem menos do que o dinheiro que não têm.
Mas ser rico é viver com medo de ser pobre.
E ser pobre é viver com a esperança de ser rico – nem que seja através de uma raspadinha.
Talvez seja isso.
A palavra do rico é medo.
A palavra do pobre é esperança.
4.
O pobre dá sem esperar nada em troca.
O rico, quando dá, chama-lhe responsabilidade social.
O pobre dá e fica mais pobre.
O rico dá e fica mais rico.
Até nas crises…
O pobre vai ao chão com o cataclismo.
O rico enriquece mais com o cataclismo.
Nada a fazer.
Para o rico o dinheiro puxa dinheiro.
Para o pobre a falta de dinheiro puxa o sonho de melhores dias.
É mais do que compreensível.
Afinal, Deus foi injusto para os ricos.
Aos coitados, deu-lhes dinheiro.
Mas aos pobres ofereceu-lhe o Céu.
Valha-nos isso.
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