Alegria’, o mais recente disco de Cristina Branco,
estreou-se no top nacional com uma entrada directa para o #3.
Cristina Branco, no dia em que editou o seu novo disco de
título "ALEGRIA" passou o dia na Antena 1, desde manhã bem cedo.
Durante a tarde, em directo e ao vivo, a cantora falou com
Ana Sofia Carvalhêda e ali no estúdio 23, com o desenho de som de Juventino
Ferreira, cantou dois dos temas de um CD que veio para marcar a
nossa cena musical….
Oiça as entrevistas e os temas:
Videos de Catarina Limão
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"Alegria", novo CD de Cristina Branco
""Quero
alegria, a melancolia me mata aos poucos",
Clarice Lispector, in A Via Crucis do Corpo.
Porque o Fado, o malfadado Fado, o por vezes mal amado Fado também sabe
falar de alegria, ou porque alegria e melancolia podem ser as faces da mesma
moeda, este novo disco é uma viagem onde o coração das trevas e a glória de
todos os dias são histórias da vida de gentes anónimas. Um retrato com tanto de
cru como de irónico e sensível do homem e da mulher de todos os dias, do café,
do fim da rua, do virar da esquina, de qualquer parte do país ou largado no
mundo.
Serão personagens muito reais, histórias dos dias de hoje, de agora, da vida
como ela é! Uma narrativa cantada (e contada) de como se vive, do país que
temos e para onde vamos escrita por alguns dos maiores autores portugueses
contemporâneos. São eles a massa desta terra, os que cá vivem e se confrontam
todos os dias com o país que nos foi dado viver ou que por vezes são levados a
sair. Cada um será um pedaço, um reflexo de cada um de nós. Vamos ouvi-los."
Cristina
Branco
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‘Alegria‘,
o novo disco de Cristina Branco, quase todo composto por originais (com
excepção de três temas, de Sérgio Godinho, Chico Buarque e Joni Mitchell), tem
pontos de contacto com os seus trabalhos anteriores, designadamente nas
autorias das letras e das músicas, mas obedece a um novo e ousado conceito:
Aurora, Cândida, Carolina, Deolinda, Miriam ou Louise são mulheres emblemáticas
saídas de um tempo que pode bem ser o português mas que se projecta para além
dele; lutadoras, românticas, vítimas, marginais, sonhadoras, há de tudo um
pouco no painel de personagens maioritariamente femininas imaginado por
Cristina Branco e construído pela conjugação feliz das palavras de Manuela de
Freitas, Miguel Farias, Pedro Silva Martins ou Jorge Palma, e os sons criados
por estes dois últimos autores e ainda os de Mário Laginha, João Paulo Esteves
da Silva e Ricardo Dias.
A
produção de "Alegria" é de Ricardo Dias, contando ainda com a
participação de músicos que têm acompanhado Cristina Branco em dezenas de
palcos espalhados pelos quatro cantos do mundo: Bernardo Couto (guitarra
portuguesa), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Carlos Manuel Proença (guitarra),
para além do próprio Ricardo Dias (piano e acordeão) e os convidados Mário
Delgado (guitarra elétrica) e João Moreira (trompete).
"Alegria" tem como
edição em Portugal a 25 de Fevereiro.
01 – Alice No País Dos Matraquilhos
02 – O Lenço Da Carolina
03 – Branca Aurora
04 – Deolinda
05 – Construção
06. – Miriam
07 – Cherokee Louise
08 – Cândida
09 – O Palhaço E O Ministro
10 – O Cidadão De Frente Para A Cidade (Fado Bizarro)
11 – Petição Do Farias Para Alegria De Ministros E Catedráticos
12 – O Desempregado Com Filhos
FAIXA
EXTRA
13 – Lembras-Te Da Nossa Rua – (Fado Da Defesa)
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DIGRESSÃO
Concertos de apresentação a 5 de Abril no S. Luiz em Lisboa e a 7 de Abril na
Casa da Música no Porto
Em Março, antes de Cristina pisar os palcos nacionais
– a apresentação de ‘Alegria’ está marcada para 5 de Abril no São Luiz Teatro
Municipal, em Lisboa, 6 de Abril, no Cine-Teatro da Casa da Cultura de Seia e 7
de Abril na Casa da Música, no Porto – Cristina Branco faz uma tour de 7 datas
pela Bélgica, passando ainda pela Noruega. Em Abril, a cantora passará pela
Holanda, para mais 10 datas e em Maio por França onde tem agendada a actuação
em duas salas.
Datas:
20 Março – Flagey Studio 4 – Bruxelas – 20h15
21 Março – Stadsschouwburg – Mechelen – 20h15
23 Março – De Warande – Turnhout – 20h15
24 Março – Voss – Noruega – 19h
26 Março – Schouwburg – Leuven – 20h00
28 Março – De Spil – Roeselare – 19h15
29 Março – CC Belgica – Dendermonde – 20h00
30 Março – De Roma – Antuérpia – 20h30
05 Abril – Lisboa – São Luiz Teatro Municipal –
Portugal – 21h00
06 Abril – Cine-Teatro da Casa da Cultura de Seia –
Portugal – 22h00
07 Abril – Casa da Música – Sala Suggia – Porto –
Portugal – 21h00
13 Abril – Chassé Theater – Breda – 20h00
15 Abril – DeLaMar Theater – Amesterdão – 20h00
16 Abril – De Kom – Niewegein – 20h15
18 Abril – De Harmonie – Leeuwarder – 20h30
19 Abril – Amphion Schouwburg – Doetinchem – 20h00
20 Abril – Theaters Tilburg – Concertzaal – Tilburg –
20h30
23 Abril – Dr. Anton Philipszaal – Haia – 20h15
25 Abril – Theater aan het vrijthof – Maastricht –
20h00
26 Abril – Stadsgehoorzaal – Leiden – 20h15
27 Abril – Theater De Maaspoort – Venlo – 20h15
02 Maio – Auditório do Conservatório de Música de
Coimbra – Coimbra – 21h30
11 Maio – Centro das Artes do Espectáculo de Sever do
Vouga – 22h00
24 Maio – Cafe de la Danse – Paris – França
25 Maio – Théâtre du Parc – 20h00 – Andrezieux –
França
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A voz de Cristina Branco é uma voz nómada. Assim que se sente
demasiado confortável, parte à procura de um novo poiso, uma nova pele. Quem
diz pele diz novos contextos, novos significados musicais, novos desafios.
Neste novo
disco, nascido de uma conversa com Gonçalo M. Tavares, Cristina Branco quis
vestir a pele de doze personagens, ajustando o seu ser individual ao social,
usando a música como escudo e como arma, celebrando o heroísmo que existe no
anonimato, procurando respostas para os tempos conturbados que cruzamos. Essas
personagens são os vizinhos do lado, os que moram mesmo dentro da nossa casa,
os que habitam o nosso pensamento. Somos nós; doze personagens onde nos podemos
rever continuamente. Ora pedidas de empréstimo ("Construção", de Chico
Buarque", "Alice no país dos matraquilhos" de Sérgio Godinho e "Cherokee
Louise", de Joni Mitchell), ora inventadas por Cristina Branco e exploradas
pela imaginação de quem aceitou a responsabilidade de lhes dar uma história.
Em Alegria,
descobre-se quem é então a Deolinda (essa mesma); conta-se a história de Alice,
nascida e crescida em berço frágil; descobre-se o lado feminino de Jeremias, o
fora da lei, com "Branca Aurora"; dá-se de caras com um palhaço com a missão
eterna de fazer rir e com a dor do operário nas palavras de Chico Buarque;
conhece-se a história do amor forçado a emigrar de Carolina e de uma Louise rejeitada
pela sociedade; chora-se o triste fado do homem desempregado e com filhos e o
beco tóxico e sem saída da inocente Cândida; exalta-se Miriam como o Robin dos
Bosques moderno e elogia-se o estoicismo do cidadão perante o duro confronto
com a realidade; dá-se notícia da petição do Farias para dar nova oportunidade
aos políticos. Em resumo, redige-se um tratado acerca da condição humana
e dos seus limites. Alegria é
um desejo, espécie de apelo, de provocação, de paradoxo, uma tela em aberto.
André Gomes