"Sam Ali, um jovem sírio, sensível e impulsivo, deixou o seu país e viajou para o Líbano, para escapar à guerra. Para poder viajar para a Europa e viver com o amor da sua vida, ele aceita tatuar as suas costas por um dos mais propícios artistas contemporâneos. Transformando o seu próprio corpo numa obra de arte de prestígio, Sam irá, no entanto, perceber que a sua decisão pode realmente significar tudo, menos liberdade.
Este filme é um encontro entre dois mundos; o mundo da arte contemporânea e o mundo dos refugiados: dois mundos selados que são governados por códigos totalmente diferentes. Por um lado, temos um mundo elitista estabelecido onde a liberdade é a palavra-chave e, por outro lado, temos um mundo de sobrevivência impactado por eventos atuais em que a falta de escolha é a preocupação diária dos refugiados. O contraste entre esses dois mundos no filme mostra uma reflexão sobre liberdade. Quando o refugiado Sam conhece o artista Jeffrey, ele diz-lhe: "Você nasceu no lado direito do mundo". O problema é que vivemos num mundo onde as pessoas não são iguais. Apesar de cada vez mais se falar em igualdade e direitos humanos, a história cada vez mais complexa e contextos geopolíticos garantem que haja inevitavelmente dois tipos de pessoas: os privilegiados e os condenados.
O filme é um pacto faustiano entre privilegiados e condenados. Sam Ali concorda em vender as suas costas para o diabo porque ele não tem escolha, e assim ele entra na esfera elitista e codificada da arte contemporânea por uma porta improvável. Ele é exposto, vendido, empurrado de um lado para o outro. Confrontado com um destino excecional, nas garras de um conflito interno doloroso, Sam Ali tentará recuperar a sua dignidade e a sua liberdade.
Notas da Realizadora