Nesta página disponibilizamos letras e composições de autores que enviaram os seus trabalhos para o programa “Masterclass”. Independentemente de serem designados para trabalhar com o mentor do programa, João Gil, aqui colocamos visíveis as obras inéditas e propostas. Serve esta página para permitir o contacto entre compositores de modo a um trabalho em conjunto. Quem tem música e procura uma letra, ou vice versa.
A Antena 1 serve apenas de plataforma de informação. O material não pode ser usado sem autorização do próprio. Os contactos que aqui são deixados, permite o contacto com os autores.
"Não me Deixes / Melhor Assim / Salto Alto"
Nome: Francisco Fernando Freitas Cardoso
Contacto: 3fcardoso@gmail.com
Francisco Fernando Freitas Cardoso
Não me Deixes
Refrão
Não me deixes sozinho
Não partas, agora
Mais difícil é o caminho
Se te fores embora.
Tanto tempo de jornada
Lado a lado, passo a passo
Tanta vida repousada
No calor do teu regaço
Não vivo, senão para ti
Sem ti não tenho sentido
Largo tudo o que vivi
Só para estar contigo
Se tropeça o teu olhar
Corro nessa direcção
Só p’ra to amparar
Com o meu coração
Não me abras esta ferida
Não me deixes a sangrar
Neste intervalo da vida
É duro recomeçar
Melhor Assim
Refrão
Dá-me o teu sim,
Que seja esta noite
Não estou em mim!
Dizes que um dia, hás de ser minha
Mas esse dia nunca mais vem.
Deixas-me em suspenso
À mercê da loucura, já não penso!
Perdi tudo o que havia em mim
Não tenho vida, não tenho ser!
Não respiro, longe de ti!
Deixa-me viver!
Não faças isso, que me atormentas
Se minha esperança ainda acalentas.
Não quero ser, de ti dependente
Não quero ser mais
Um no meio da gente.
Acaba a minha cruz, entrega-te a mim
Vais ver que também tu
Ficas melhor assim!
Salto Alto
Bela silhueta, sainha preta,
Onde baila o vento.
E eu a olhar, o peito a estoirar
Doce encantamento
Quanto mais de perto, maior é o aperto
Do meu coração
O que não daria, pelo seu sorriso
Ou aceno de mão.
Mas quando ela passa
E eu já demente,
Ela nem disfarça, não desmancha a graça
Eu sou-lhe indiferente.
Mesmo desolado, não sei como é,
Fico preocupado ao mirar-lhe o pé.
Saia de cambraia, camisa de seda
E eu em sobressalto
Menina não caia, não quebre e não ceda
Esse salto alto.
"Lancheira da Razão / Corte à Inteligência / Tudo me Aperta / Casa da Alegria / Hotel / Ligeiras Pantominas / Insónia / Uma Certa Vida / Quarteto / Não sei se realmente existo"
Nome: João Vasco Faleiro Fernandes Resende
Contacto: joaores@gmail.com
João Vasco Faleiro Fernandes Resende
"O Baile / A Partitura"
Nome: Laurinda Rodrigues
Contacto: laurinda.m.rodrigues@gmail.com
Laurinda Rodrigues
O Baile
Convidei-te para vires dançar comigo
no salão privativo do meu quarto…
Não sei se por engano ou por castigo
disseste logo que já estavas farto.
Tentei o cha-cha-cha, o tango, a valsa;
dei voltas ao salão, quase deitada…
E, finalmente, descobriste a salsa
porque estavas com fome de salada.
P’ra frente e para trás, rasgando o chão
num rodopio já com fim à vista,
resolvi distrair tua atenção
p’ra dança não fugir para outra pista.
Mas tu já estavas fora do compasso
e eu duvidava se a dança é meu destino…
Porque isto de acertar o nosso passo
com um par que nunca foi um bailarino
vai decerto trazer-me frustrações
que nunca mais esquecem no futuro…
Tinha sido melhor cantar canções
que é o teu bailado mais seguro.
A Partitura
Olhei para a pauta e vi um sol maior
que me pareceu simbolizar um rei.
E, nesse tom, pensei que era melhor
usar discretamente aquilo que sei.
No meio da multidão, fiquei escondida
à espera de chamar tua atenção…
Parecia estar distante e desprendida
de revelar um jogo de emoção.
De tom em tom, já ias no menor,
com um bemol a arredondar o gesto,
quando perdi a calma e com fervor
soltei estas palavras de protesto:
Ó Rei! Mas quem tu pensas que tu és?!
Afinal, se és o sol, eu sou a lua
e, em cada noite, ninguém está a teus pés:
sou eu a inspiradora, linda e nua!
Numa reviravolta musical,
com toda a partitura já rasgada,
improvisas um coro colossal
onde eu sou a solista iluminada.
"Vestido de feira e fato de flanela / Horário de jogo / Campêndio do medo / O último fado / A tua alma à minha voz / Silêncio… Proibido / Ninguém ouve o que digo / Palavras que saltam / O meu espelho / Duas linhas simples de letra grande / Horário de Jogo / Compêndio de medo / O último fado / A tua alma à minha voz / Há histórias fantásticas"
Nome: Raul Alberto Carrilho Cordeiro
Contacto: raulcordeiro@sapo.pt
Raul Alberto Carrilho Cordeiro
Vestido de feira e fato de flanela
é tão grande a distância
e grave a ideia
de ter a tua concordância
ver a tua odisseia
e assistir na plateia
não me deixaste tocar-te
nem com a ponta de um dedo
desviaste de mim o olhar
nem desvendas-te o segredo
nem por coragem nem por medo
fiquei eu meio sem jeito
e equipado a preceito
tu airosa e sobranceira
no teu vestidinho
de tecido de feira
nem me valeu a gravata
nem o fato de flanela
valia mais uns calções
e um jeito de acrobata
e em circo se tornou
este nosso desencontro
raio, corisco e estrela
um vestido de feira
e um fato de flanela
é tão grande a distância
e grave a ideia
de ter a tua concordância
ver a tua odisseia
e assistir na plateia
não me deixaste tocar-te
nem com a ponta de um dedo
desviaste de mim o olhar
nem desvendas-te o segredo
nem por coragem nem por medo
Horário de jogo (letra de música)
O lume que acendes
É da cor dos teus olhos
Vou apagá-lo com um beijo
Depois
De escrever versos simpáticos
Puxo os galões de catedrático
E vou estudar-te…
Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus
O lume que apago
É quase da cor do fogo
Escolhe tu as regras
Deste jogo
Já não sei o que sentir
Nem escrever nem dizer
Escrevo versos no desejo
De apagar os teus com um beijo
Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus
Compêndio do medo
O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu
Sou apenas um homem simples
Traído pelas árvores e pelos pássaros
Parvo e louco de ciúmes
Em edifícios pouco claros
O medo é essa coisa absurda
De língua amarga e afiada
Faladora, tagarela e linguaruda
De garganta fria e cansada
O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu
O último fado
Quando um dia
Tiveres à tua volta
Mármore branco por todo o lado
Não chores nem grites
Não teres dito o teu fado
Perdeste a voz
Antes da festa começar
Perdeste o espaço e o tempo
Sepultaste na tua voz a razão
Quando um dia
Te disserem coisas vãs
Não chores não grites
Canta apenas teu fado
Todas as manhãs
Que seja feita a vontade do destino
Quando um dia
Tiveres à tua volta
Mármore branco por todo o lado
Não chores nem grites
Não teres dito o teu fado
A tua alma à minha voz
Numa voz clara e cristalina
Embalas-me nesse teu fado
Meu corpo não quer, não espera
Fica apenas envergonhado
Oiço-te na calma da tarde
Veloz e ligeira
A tua voz nessa melodia
Meus olhos não querem
Minha boca não diz
Para te ouvir
O que eu daria
Numa voz doce e singular
Fico a ouvir esse teu fado
Minha boca não fala, não grita
Fico apenas atarantado
Quem foi que disse
Que se canta fado por vontade
E amarrou a guitarra à voz
Quem foi
Que amarrou o rio à foz
E a tua alma à minha voz
Numa voz clara e cristalina
Embalas-me nesse teu fado
Meu corpo não quer, não espera
Fica apenas envergonhado
Numa voz doce e singular
Fico a ouvir esse teu fado
Minha boca não fala, não grita
Fico apenas atarantado
Silêncio… Proibido
Silêncio
Proibido falar
Ardem os ponteiros
De um tempo por chegar
Não sei pedir ao tempo
Que chegue devagar
Silêncio
Proibido calar
É na tua voz
Que sinto o tempo chegar
Quem tem medo
Quem cala
Quem não guarda
A voz em segredo
Silêncio
Proibido cantar
É nestes versos que canto
Canções de imaginar
E imagino
Que é imaginativo pensar
Silêncio
Proibido imaginar
Ninguém ouve o que digo
Valerá a pena acordar mais cedo
Para ficar com os pés fora do cobertor
Se o sol nasce todos os dias
Mesmo quando não está calor
Ninguém ouve o que digo
Vou gritar sempre que quiser
Cobro a um cêntimo uma lágrima de felicidade
Barato ou caro quem sabe
Faço saldos em conformidade
Antes que suba o preço e o mundo acabe
Ninguém escuta o que oiço
Vou calar-me se quiser
Ando ao vento e à tempestade
Tapo a boca e calo-me bem caladinho
Não sei se sou o que quero ser
Mas sou pelo menos um bocadinho
Ninguém ouve o que digo
Vou gritar sempre que quiser
Ninguém escuta o que oiço
Vou calar-me se quiser
Palavras que saltam
Engulo às vezes em seco o que digo
Prendo-me ao verbo
Ou salto as palavras
Sou do caderno mendigo
São as palavras que saltam
Tontinhas por cima de mim
Saltam-me da língua, velozes
As palavras são assim
No fim do texto acabado
Fico mudo, com medo, talvez
Que as palavras me saltem
Para dentro de mim outra vez
Não vou chorar
Nem penso em calar
Não vou sorrir
Não penso desistir
O meu espelho
Olhei triste para o espelho
Quebrou-se o feitiço no chão
Li o meu nome no chão
E fiquei de boca aberta
Quase dei um tropeção
Olhos feridos de olhar para mim
Fiquei logo iludido
Pus-me logo a imaginar
Ficar cego de olhar para mim
Limpei tudo bem limpinho
Varri vidros pelo chão
Olhei os meus olhos no chão
Fiquei só a meditar
Como se fosse um vidente
Como se de repente assim
Ficassem os meus olhos a olhar para mim
O destino quis quebrar
No chão triste o meu olhar
Num dia perto do fim
Um olhar a olhar para mim
Minha tristeza subiu de tom
Fez-se noite perto de mim
Fiquei com espelho no olhar
De uns olhos a olhar para mim
Fiz-me forte e num repente
Deitei fora uma ilusão
Os meus olhos cruzam-se assim
Tristes com outros
Olhando por mim
Olhei triste para o espelho
Quebrou-se o feitiço no chão
Li o meu nome no chão
E fiquei de boca aberta
Quase dei um tropeção
Olhos feridos de olhar para mim
Duas linhas simples de letra grande
Se eu me pudesse dividir ao meio
Sem vírgulas ou pontos finais
Ou parágrafos intencionais
Um texto corrido, de caracteres loucos
Especiais
Sem nós nem laços
Travessões, discursos directos ou embaraços
Assim como uma redacção da escola
Duas linhas simples de letra grande
Ilusão de óptica dos espaços
Para parecer mesmo grande
Tirada da cartola
Se eu me pudesse dividir ao meio
Seria esta uma parte de prosa
Teórica, esquemática
Escrava do morfema
E a outra fácil de adivinhar
O mais simples poema
Horário de jogo
O lume que acendes
É da cor dos teus olhos
Vou apagá-lo com um beijo
Depois
De escrever versos simpáticos
Puxo os galões de catedrático
E vou estudar-te…
Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus
O lume que apago
É quase da cor do fogo
Escolhe tu as regras
Deste jogo
Já não sei o que sentir
Nem escrever nem dizer
Escrevo versos no desejo
De apagar os teus com um beijo
Vou ler …
As tuas frases ao contrário
Decifrar o teu horário
E sonhar…
Vou ver …
O brilho
Dos teus olhos nos meus
E os meus beijos chocarem com os teus
Compêndio do medo
O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu
Sou apenas um homem simples
Traído pelas árvores e pelos pássaros
Parvo e louco de ciúmes
Em edifícios pouco claros
O medo é essa coisa absurda
De língua amarga e afiada
Faladora, tagarela e linguaruda
De garganta fria e cansada
O medo é a linha que separa
O teu mundo do meu
A minha existência é pouca e rara
O meu destino incompleto sem o teu
O último fado
Quando um dia
Tiveres à tua volta
Mármore branco por todo o lado
Não chores nem grites
Não teres dito o teu fado
Perdeste a voz
Antes da festa começar
Perdeste o espaço e o tempo
Sepultaste na tua voz a razão
Quando um dia
Te disserem coisas vãs
Não chores não grites
Canta apenas teu fado
Todas as manhãs
Que seja feita a vontade do destino
Quando um dia
Tiveres à tua volta
Mármore branco por todo o lado
Não chores nem grites
Não teres dito o teu fado
A tua alma à minha voz
Numa voz clara e cristalina
Embalas-me nesse teu fado
Meu corpo não quer, não espera
Fica apenas envergonhado
Oiço-te na calma da tarde
Veloz e ligeira
A tua voz nessa melodia
Meus olhos não querem
Minha boca não diz
Para te ouvir
O que eu daria
Numa voz doce e singular
Fico a ouvir esse teu fado
Minha boca não fala, não grita
Fico apenas atarantado
Quem foi que disse
Que se canta fado por vontade
E amarrou a guitarra à voz
Quem foi
Que amarrou o rio à foz
E a tua alma à minha voz
Numa voz clara e cristalina
Embalas-me nesse teu fado
Meu corpo não quer, não espera
Fica apenas envergonhado
Numa voz doce e singular
Fico a ouvir esse teu fado
Minha boca não fala, não grita
Fico apenas atarantado
Há histórias fantásticas
Adormeci hoje a pensar que acordava daqui a uns anos
Num apeadeiro nas crateras da Lua
Onde das estrelas caíam palavras
Que faziam um texto de uma frase nua
Onde, no Mar da Tranquilidade
As pessoas perdiam a idade
Onde não se criavam raízes
E podiam ser eternamente felizes
Onde por entre naves espaciais
Voavam borboletas e flores magistrais
Pássaros Fénix imortais
E aí esperava por ti
Da tua carreira regular de Vénus
Com escala breve por aqui
Fato espacial branco cru
Por cima de um corpo nu
Olhaste e vieste a mim
Onde os semáforos espaciais eram folhas de plátano
Que só mudavam de cor nas estações siderais
Onde o tempo era imponderável
Mas o solo pouco arável
E por isso as flores cresciam no ar sem ar
E não podiam parar a idade
Nem a força da gravidade
Foste breve no olhar mas lenta no respirar
Rarefeito o ar e o teu escutar
Tinhas pressa do espaço e da sua arte
Das velocidades de anos-luz
Dos cruzamentos com Marte
De um voo espacial nocturno
Com passagem por Saturno
Pressa a amores sempre fiéis
De tocares os seus anéis
Agora de saída após a tua partida
Contemplo essa bola azul
De senhora e eterna idade
Onde tudo é terreno e destino
Onde podia tocar-te sem esse fato espacial
Sem que levasses a mal
Onde a gravidade nos agarra à terra
Onde podemos ser pensamento
Mesmo triste
Mas onde a vida existe
É só ela mesmo responde
Quando a Lua se esconde
"Segundo / Wikilixe / Manha e falso prestígio (homenagem a Almada Negreiros) / Diz que disse / Não faz mal / "
Nome: Teresa Maia e Carmo
Contacto: tmcarmo@hotmail.com
Teresa Maia e Carmo
Segundo
Quando te reencontrei
Desmaiei por um segundo
Um segundo inteirinho
A lembrar-me o que enterrei
Não te vi durante anos
Não me olhaste
Nem fizeste danos
Como é que respiramos?
Tudo à volta ressuscitou
As coisas, os sons e os olhos
Já não de vidro, embalsamados
Alguma coisa estoirou
Na cara dos dias sossegados
Vem à minha procura
Não me faças confessar
Que só quero a tua cura
Agora que percebo
Que os dias passam devagar
Mas os anos passaram a voar.
Wikilixe
Eu sei que tu sabes
Que eu não sei
Mas o que interessa o que sabes
Num mundo que eu dominei?
REFRÃO:
Cai na real ó cota
O que te digo é ksalixe (liqsse)
Esquece lá mas é o tal de apocalipse
Não estudo, nem estudei,
Quero ir para DJ
Crio e ponho no Face
Tudo no meu próprio pace
REFRÃO
Julgas que é o apocalipse
Por eu não saber quem são
O Churchill ou o Napoleão
‘tá tudo na net, curte a comédia
Quando não sei vou à wikipedia
REFRÃO
O 25 de Abril é tótil
A ditadura foi uma chatice
Mas agora o pessoal curte
Como se a vida fugisse
Manha e falso prestígio (homenagem a Almada Negreiros)
É só manhosos
É só venenosos
O trabalho está pouco
O emprego está fraco
Tens de trepar para lá chegar
Pisa o do lado, esse parvalhão
Faz tudo certinho só para chatear.
O chefe gostou? Vou fazer mais
E pelo caminho intrigas brutais
Há que varrer os tipos das regras
Pô-los a lamber o trilho das pedras
Ficou a doer?
Quero lá saber
Sou empreendedor, amo o lifestyle
Só como gourmet, já nem sei porquê
Ao pequeno-almoço tomo piranha
Com esta farpela estou um senhor
Sigo sempre a estratégia da aranha
Não percebo para que serve o amor
Mete uma patranha,
puxa pela manha
Arrasa-o no insta
Desgosta no Face
Põe-no na lama.
É só manhosos
É só venenosos
Querem capas e fingem que não
Na sua argúcia de betão
Armam-se em cândidos
Falso prestígio
Mas do Voltaire, oh que prodígio
Nem a sombra do mínimo vestígio.
Diz que disse
Diz que disse
Diz que fez
Não há direito, tu já viste?
Esta coisa da pequenez
Que alimenta o mal dizer
O tuga fixe, o português
Não aguenta ver o outro a ser
Ai que se cumpre e eu ‘prá qui
Porquê Deus meu, porquê?
Quem não sabe é como quem não vê
Diz que disse
Diz que fez
Logo a mim que só quero estar quietinho
Não me metam em políticas
Não gosto de confusões
Só quero passar maneirinho
Não gosto de multidões
Detesto associações
É melhor olhar de lado
Disfarçar e passar à frente
Ó pra eles só a armar
Querem é dar que falar
Pra passar à frente da gente
Eu cá não sou de intrigas
Mas…tu já viste?
Diz que disse
Diz que fez
Olha a lata
A desfaçatez
Chapéus há muitos seu palerma
Vê mas é se tens cá disto,
Evaristo duma figa
Ó careca tira a boina
O que eu quero é ir à Coina
Também lho digo pela frente
E nem gosto de fofoca
Mas aquela badalhoca
Tu já viste?
Diz que disse
Diz que fez
Não faz mal
Se o peito te aperta
Não faz mal
Eu respiro por ti
Se a distância nos fere
Não faz mal
Eu corro por ti
Se a minha falta te mata
Não faz mal
Eu morro por ti