O 25 de abril de 1974 operou rupturas profundas na sociedade portuguesa, desde logo reflectidas da vida da Emissora Nacional. Na madrugada da revolução, a EN foi ocupada pelo Movimento das Forças Armadas mas não fora utilizada para transmitir os primeiros sinais musicais que confirmaram o avanço das operações, cuja emissão partiu da Rádio Alfabeta, nem o primeiro comunicado oficial do MFA, que foi lido por Joaquim Furtado a partir do RCP, entretanto ocupado. O recurso a uma emissora alternativa à EN permitia evitar possíveis equívocos quanto à natureza política da revolução. Durante o dia 25, foram lidos dois novos comunicados do MFA a partir da Emissora Nacional.
Recetor de rádio de marca Realistic, modelo Astronaut 6, 1974.GMD/RTP.
Os meses seguintes mudaram para sempre a rádio pública que, em Dezembro de 1975, foi declarada a nacionalização dos meios de comunicação, transformando na Radiodifusão Portuguesa – Empresa Pública – RDP o grupo que reunia a EN, o RCP, os Emissores Associados de Lisboa, a J. Ferreira & Cª. Lda, a Sociedade Portuguesa de Radiodifusão, a Alfabeta Rádio e Publicidade e ainda os postos emissores e retransmissores do Clube Radiofónico de Portugal, Rádio Graça, Rádio Peninsular e Rádio Voz de Lisboa. De fora do processo ficaram a Rádio Altitude, a Rádio Pólo Norte e a Rádio Renascença. A cobrança de taxas de radiodifusão foi também eliminada.
A atriz Ivone Silva (anos 80).GMD/RTP.
No período revolucionário, os destinos da rádio pública foram sendo assegurados entre militares e uma comissão civil, cujos membros eram sobretudo originários do jornal República.
Em Abril de 1976, o estatuto da rádio pública fez criar uma Assembleia de Radiodifusão e um Conselho de Informação que, no entanto, nunca chegaram a entrar em actividade. Os anos seguintes foram marcados por dificuldades financeiras que conduziram a uma reorganização geral.
Atuação de Rui Veloso no 3º aniversário do programa Ponto de Encontro, da Antena 1, em 1983.GMD/RTP.
A partir de 1977, a liberalização da banda destinada à Frequência Modulada (FM) estimulou o movimento das rádios livres, com o aparecimento de mais de 500 pequenas emissoras, muitas delas locais, por todo o país: as “rádios-piratas”. Entre estas estava a TSF Rádio Jornal, mais tarde licenciada.
No final dos anos 70, a rádio chegava a mais de 80 por cento da população portuguesa, cabendo a principal fatia de audiências ao RCP, Rádio Renascença e RDP1. Nesta altura, entre os canais que a RDP produzia, incluía-se a Rádio Comercial, criada em 1979, com uma programação mais orientada para o público jovem.