Esta terça-feira (28 novembro), Randy Newman está de parabéns: o compositor chega aos 80 anos de vida. A proposta conjunta da Antena 1 e de João Gobern, como já aconteceu este mês com Joni Mitchell, consiste num seriado especial de cinco episódios – para escutar até sexta-feira: um por dia, pelas 9h54 e em repetição pelas 16h20.
O que vamos ficar a saber sobre o músico nomeado por 22 Óscares (vencedor de dois), responsável por “You’ve Got a Friend in Me”, tema do filme “Toy Story”, ou álbuns como “Sail Away” (1972) ou “Little Criminals” (1977)?? Fundamentalmente, que essa é apenas uma de muitas, incontáveis facetas deste californiano de gema. Munido da discografia de Newman (“incluindo bandas sonoras”), da biografia por David e Caroline Stafford, de entrevistas e artigos, Gobern desenvolveu o especial “O Génio do Americano Médio” para a Antena 1.
“Vale a pena perceber como um tipo comum, capaz de alternar o sarcasmo radical com as paixões ingénuas, figura entre os maiores criadores musicais desde a década de 60 do século passado”, reza a sinopse, aperitivo que nos convidou a falar mais um pouco com João Gobern. Entre escárnio e ingenuidade, o que predomina nesta obra? “Como não sou bom em estatísticas e percentagens, diria que as duas se equivalem. Há um profundo amor do criador pelo seu país, mas isso não o impede de exercitar a crítica e o humor negro”, diz o autor à Antena 1.
Talvez por isso se manifeste nas canções de Newman aquilo que Gobern designa “a perenidade estonteante das suas canções, que não sofrem erosão nem se desactualizam. Quando se consegue conciliar, na mesma dimensão patrimonial, um ‘I Think It’s Gonna Rain Today’ com um ‘It’s Money That Matters’, começa a perceber-se que, acima do mau génio, está mesmo o génio, sem mais.” E aí está a chave para o considerar, como diz o autor, “o legítimo herdeiro do Great American Songbook (Cole Porter, Irving Berlin, os Gershwin, Rodgers & Hart e por aí fora), acrescentando-lhe, ainda por cima, uma boa dose de ‘picante’.”
E o já referido “mau génio” não passa ao lado deste especial, com as várias controvérsias que marcam a vida de Newman. Desde polémicas com as pessoas mais baixas e com os sulistas dos EUA (“sem que Newman deixasse de incluir a canção nos concertos no Texas”), até ao discurso da sua primeira vitória nos Óscares, “com um tema que não hesitou em considerar “menor”, na sua obra, agradeceu à Academia de Hollywood, em virtude das suas muitas nomeações anteriores e derrotadas, a ‘oportunidade de ser tantas vezes humilhado’. Não é defeito, é feitio…”