Não há muitos grupos musicais no mundo com uma atividade ininterrupta ao longo de 45 anos. Os UHF sopraram as velas sobre o seu primeiro concerto a 18 de novembro de 1978 — e festejam com um disco novo. «Era tão irreal que nunca me passou pela cabeça que aquilo ia durar um ano ou dois», diz, a propósito, António Manuel Ribeiro, único membro da formação original.

Capa de Novas Canções de Bem Dizer (2023), álbum de UHF.
«Chegar aqui foi uma caminhada, não foi um escorrega num parque aquático, por vezes até foi duro, e sempre muito exigente. Mas a exigência deve começar por nós», acrescenta. «Continuo a desenhar modelos/tipos sociais, como aprendi em Gil Vicente, nesta mediocridade democrática onde todos flutuam cansados, habituados a viver habitualmente.»
Este disco é como um espelho, faz pensar; esquecer não é uma boa solução. «Sou obsessivo a escrever, não há palavras a mais para encher ou rimar», prossegue, e conclui: «Escrevo sobre nós, o que vejo nem sempre é bonito, antes sórdido, triste e automático». Haverá uma nova via para a canção de intervenção? E sobre o amor adulto, ainda há rimas?
“Novas Canções de Bem Dizer” dos UHF, é um disco irónico, certeiro e sacana. Este disco é uma revelação. Para além dos já editados singles “(Hey! Hey!) Bora Lá”, “A Primeira Noite Sem Ti” e “Eu Vou Ao Norte”, existem mais 8 temas a serem escutados com atenção.