Ecos da primeira edição portuguesa do Coala Festival. Gilberto Gil e Rubel representam duas gerações da música popular brasileira (MPB): mundos que se comunicam, apesar da distância temporal, e que se cruzam no novo episódio de “Duas ou Três Coisas”.
Em primeiro lugar, Gilberto Gil: aquele que é um dos nomes maiores e históricos da MPB, um dos expoentes máximos do Tropicalismo (o movimento de rutura numa era de repressão política) e autor de temas como “Domingo no Parque” (1968) e “Andar com Fé” (1982). Além dos lançamentos de arquivo, não tem havido inéditos, apenas o gosto de pisar os palcos. Esta é uma das respostas à entrevista que a Antena 1 apresenta neste episódio:
Ao longo da minha trajetória, sempre temos encontrado momentos em que a inquietação – no sentido da possibilidade de produzir novidades, do meu próprio ponto de vista e do público – tem sido uma coisa percetível. Nos últimos tempos, não me tenho dedicado tanto a desvios e mudanças de caminho. Com a consolidação da minha imagem junto ao público brasileiro e de outros lugares do mundo, […] há uma expectativa em relação [a poder ouvir as] coisas que já são conhecidas.
Quanto a Rubel, criador mais jovem, ficámos a saber mais sobre um músico ligado ao presente da música brasileira: empenhado em construir um futuro, com toda a bagagem de nomes como Gilberto Gil. O seu álbum mais recente – “As Palavras, Vol. 1 & 2” (2023) – foi gravado entre 2018 e 2022, aquele que Rubel caracteriza como um período “extremamente difícil, crítico e assustador do Brasil”. Procurou fazer um disco que “dialogasse com essa realidade”, acabando por descobrir que há algo que transcende sempre as diferenças ideológicas, unindo ouvintes de todos os campos: as canções de amor.
Ouça o episódio para ouvir estas citações e mais em discurso direto, no programa de Nuno Galopim e João Lopes.