É a voz e a caneta por detrás de “Slave to Love”, “More than This” e “Avalon”; é um dos ícones do rock das décadas de 1970 e 1980, símbolo de experimentação e sofisticação musical. Com uma carreira repartida entre os Roxy Music e as aventuras a solo, Bryan Ferry completa oito décadas de vida – e merece, ao longo desta semana, destaque na rádio pública.
A Antena 1 dedica-lhe um especial assinado por João Gobern, com produção de Miguel Brejo da Costa e sonorização de Tomás Anahory. Ouça-o na emissão de rádio de segunda a sexta-feira, pelas 9h52 e com repetição às 14h40, e a qualquer hora na RTP Play. Pode ouvir uma versão alargada este domingo, na nossa emissão, depois das notícias das 14h.

Leia a nossa entrevista com João Gobern a propósito deste programa:
Antena 1: Esteta, autor, cantor com charme: a figura de Bryan Ferry é consistente desde o seu início? Que distinções se traçam entre o Bryan Ferry, artista solo, e o Bryan Ferry, líder dos Roxy Music?
João Gobern: Parece-me absolutamente consistente, sim. No grupo, onde foi sempre o líder incontestado, Ferry aventurou-se mais na inovação sonora e no experimentalismo – pelo menos enquanto as duas “aventuras” estiveram activas em simultâneo. Na carreira em nome próprio, foram muitas as ocasiões em que ele assumiu em pleno a condição de intérprete, sem nunca deixar de acrescentar uma impressão digital vincada ao que ia decidindo cantar, garimpando em criações alheias. Mais clássico? É uma maneira de ver as coisas…
Falamos aqui de uma das figuras mais influentes da música dos anos 70 e 80? Terá algo a ver com a pop sofisticada que nos apresentou?
Não foi só influente nas décadas referidas – foi espalhando os seus parâmetros e os seus horizontes por muitas obras e muitos percursos de terceiros, como expoente do glam rock e com tudo o que veio depois. Dos neo-românticos a gente mais chegada aos novos caminhos, Bryan Ferry foi sempre uma referência, até pela forma como se apoiou exemplarmente em músicos virtuosos, postos ao serviço da “causa”, e em produtores eméritos.
O que mais agradou o João na feitura deste especial? Algum episódio ou obra de Ferry que tenha sido especialmente bom recordar?
O que mais me agradou foi a possibilidade de reencontrar um cantor e criador múltiplo, um sublime cultor das versões. E isso também se faz recordando, além das criações próprias que deixaram marcas, as três vertentes dominantes na escolha dos covers que redesenhou – uma, a da soul music e do R&B; outra, a do Great American Songbook, em especial com Cole Porter; por fim, a sua dedicação a grandes autores da América infinita, de Willie Nelson a Kris Kristofferson, com destaque óbvio para Bob Dylan, a quem dedicou um álbum inteiro. Há muito, e muito bom, por onde escolher.