O nome, assim enunciado, pode não convocar imediatamente memórias: Helen Folasade Adu. Nasceu em Ibadan, na Nigéria, em 1959, mudou-se para Inglaterra aos quatro anos onde, mais adiante, fez a sua formação na londrina Saint Martin’s School of Art, iniciando um percurso profissional como designer de moda e modelo antes mesmo de transformar uma atividade até aí mais pessoal numa expressão mais visível da sua relação com os outros: o canto. Deu primeiros passos em 1980 nos Pride, banda (em terreno latin soul) da qual, dois anos depois, saiu, juntamente com três músicos, criando um novo grupo que desde logo adotou o nome pelo qual era já conhecida a sua vocalista. Sade. A agenda de concertos deu-lhes visibilidade e cativou atenções. E, quando passaram pela célebre Danceteria (a discoteca de Nova Iorque que pouco tempo antes havia dado primeiros episódios de notoriedade a Madonna), já tinham uma editora de caneta na mão para um eventual contrato.
Quando a Epic Records abordou Sade Adu, na verdade o grupo já tinha 15 canções gravadas. Mesmo sem experiência anterior em estúdios de gravação profissionais, tinham marcado uma série de sessões num estúdio londrino e chamado a bordo um produtor (Robin Millar) que os ajudou a enfrentar uma semana de trabalho. E ali, umas atrás de outras, ganharam forma canções assinadas pela própria vocalista, entre as quais temas como “Your Love Is King” ou “Smooth Operator”, desde logo evidentes sinais de que algo maior estava aqui a nascer, e uma versão de “Why Can’t We Live Together” de Timmy Thomas.
Com o acordo assinado com a Epic as canções ganharam outro potencial de comunicação, o que ficou desde logo evidente com o sucesso obtido à escala europeia pelo single de estreia “Your Love Is King”, uma mais discreta (mas ainda considerável) visibilidade do seguinte “When Am I Going to Make a Living” e o impacte global de “Smooth Operator” e ainda “Hang On To Your Love” (um quarto single extraído para o mercado norte-americano). Com uma música suave e elegante, marcada pela presença evidente de ecos do jazz e da música soul, o álbum de estreia “Diamond Life” foi um dos rostos mais evidentes de uma nova geração de bandas que então partiam da música pop sob estas mesmas coordenadas e influências, criando um momento particular na história da cultura pop nos oitentas que levou o jazz a rotas de diálogo com a canção popular. Além de nomes como os Style Council, Everything But The Girl ou Swing Out Sister, as canções de Sade abriram assim uma nova frente no desenho do panorama pop de então. E “Diamond Life” foi mesmo um dos títulos mais marcantes deste processo.