O dia que assinala a data do nascimento de David Bowie já se tinha transformado numa jornada cheia de notícias ainda antes daquela manhã, em janeiro de 2016, em que o mundo soube que o músico nos tinha deixado. Hoje, 8 de janeiro de 2024, a data que assinalaria o 77.º aniversário de Bowie, chega com duas notícias: a inauguração de uma rua em Paris e um novo álbum com material de arquivo.
A Rue David Bowie, que hoje será inaugurada, fica no 13.º Bairro de Paris, que assinala a zona sudeste do centro da cidade. É um bairro que guarda em si memórias de muitos portugueses que chegaram a Paris como emigrantes ou exilados (nos tempos do Estado Novo), já que ali se encontra a paragem final do célebre Sud Express, na Gare d’Austerlitz cujos ecos José Mário Branco fixou no instrumental que abria o alinhamento de “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” (disco de 1971 gravado perto de Paris). Cenário de parte da ação de “Os Miseráveis” de Victor Hugo, casa também da Bibliothèque Nationale de France e da recente urbanização Paris Rive Gauche (na margem do Sena) o 13 e Arrondissment acolhe a partir de hoje uma rua com o nome de David Bowie, uma transversal da Av. Pierre Mendès France, a dois passos da Gare d’Austerlitz e muito perto do rio junto ao edifício que alberga o grupo Le Monde. Para assinalar o momento a Mairie do bairro tem patente na Galerie Athéna uma exposição com obras do fotógrafo Geoff MacCormack e do pintor George Underwood, este último amigo de infância de Bowie (e o responsável pelo mítico soco que o deixou com uma íris de cada cor). Ao fim da tarde, no edifício da Mairie, há uma festa animada por Jérôme Soligny, biógrafo de Boqie, e que inclui um concerto de Clifford Slapper.
Hoje foi anunciado ainda o lançamento de um novo álbum. Com o título “Waiting in the Sky” (e subtítulo “Before The Starman Came to Earth)”, o disco é mais um lançamento com material de arquivo e recupera aquele que poderia ter sido o alinhamento do clássico “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars” caso Bowie não tivesse resolvido criar as sessões adicionais de estúdio entre as quais gravou o recentemente composto “Starman”, que acabaria por ser a canção que lhe daria o gatilho para um patamar de grande sucesso.
O disco, que terá edição limitada em vinil por ocasião do Record Store Day, a 20 de abril deste ano, parte assim de um alinhamento fixado em fitas registadas nos Trident Studios a 15 de dezembro de 1971. Este alinhamento inclui quatro faixas que acabariam fora do álbum editado em 72: “Round and Round” (uma versão de um tema de Chuck Barry que surgiria no lado B de “Drive-In Saturday”, em 1973); “Amsterdam” (de Jacques Brel, que seria lado B de “Sorrow”, também em 73); “Holy Holy” (uma nova leitura de uma canção de 1971 que só surgiria no lado B de “Diamond Dogs”, em 1974) e ainda o clássico “Velvet Goldmine “ (um inédito que só teria edição em 1975 no lado B de uma regravação de “Space Oddity”).
Texto de Nuno Galopim
David Bowie foi hoje destaque no “Gira Discos (Diário)”, com a canção “Blue Jean”, retirada do álbum “Tonight” (1984).