Arquiteta paisagista, ou como prefere dizer, arquiteta-jardineira. Conhece as ruas de Lisboa pela silhueta das árvores e o Jardim Botânico da Ajuda como a palma das suas mãos. A chegada da Primavera com a natureza a florir, é apenas uma janela para a conversa com uma das maiores especialistas em arvoredo lisboeta. E é pela silhueta das árvores que vamos caminhando pela cidade, atravessando ruas e jardins, desenhando as histórias dos lugares. Parando para sentir o perfume dos jacarandás.
A cidade e as árvores. É sempre assim, a cada novo encontro com Ana Luísa Soares. Calha até falarmos de Eça de Queirós lá mais adiante, a propósito do Passeio Público, o primeiro jardim público de Lisboa projectado por um arquiteto, ideado pelo Marquês de Pombal. Mas é preciso ir às raízes da sua relação com a paisagem para decifrar a ligação à terra.
Desde a quinta do avô materno, em Sintra, às viagens de carro com os pais, engenheiros agrónomos, que apontavam as árvores do percurso em jeito de adivinha. Mais tarde a escolha do curso, conciliando o gosto pelo desenho com mondas e estacarias. A arte transformadora da Natureza é um fascínio que se realiza a cada nova estação. Seja nas aulas, levando os alunos para os jardins da cidade, ou na Tapada da Ajuda onde é coordenadora do Jardim Botânico.
Sempre com as mãos na terra, abraçando as árvores que imortalizou num livro que reúne três séculos do património vegetal lisboeta. Ana Luísa Soares é Pessoa para Isso.