Ao longo da rua General José Celestino da Silva, uma transversal da rua dos Soeiros, em Lisboa, a dois passos do Parque Bensaúde, há um extenso declive para o qual, durante muitos anos, os moradores foram despejando entulho das obras e toda a espécie de lixo. Mas certo dia, Anabela Santos, enfermeira no Hospital de Santa Maria, viu algo que alterou os seus dias. Assim nasceu um jardim que é um pouco pomar e um pouco bosque, ao longo do qual vai correndo a conversa
Anabela Santos passa aqui quase todo o tempo que lhe sobra das duras jornadas em Santa Maria. É tal a sua devoção a estas plantas que foi conquistando o apreço e a ajuda dos vizinhos. Um deles disse-lhe há tempos que ela tem “mão verde”. Outra passa por nós e descreve o prazer com que da sua janela viu crescer as hortênsias no jardim da “senhora enfermeira”.
Anabela nasceu em Caldelas, terra de termas. A sua infância haveria de correr em Valença onde a mãe lhe incutiu o gosto pelas plantas. A cuidadora de flores e de gente mostra-nos espécies improváveis no jardim que fez nascer do nada, numa rua de Lisboa.