Depois das férias, há sempre aquela sensação de que regressamos e tudo está igual. Mas, neste verão não foi bem assim… Na Terra Média da política, da tecnologia, da cultura e dos media, nada ficou parado. Os sinos não deixaram de repicar, os arautos continuaram a anunciar, magos e feiticeiras não guardaram os caldeirões. Até nas praias e festivais se travaram batalhas de narrativas.
O colapso da Hasbara
Ao longo deste verão tornou-se evidente uma tendência: a falência da narrativa israelita nos media.
O que começou nas redes sociais ganhou terreno nos media tradicionais. Segundo uma sondagem da Gallup de julho, o apoio dos norte-americanos à ação militar de Israel em Gaza caiu para mínimos históricos. O próprio Netanyahu reconheceu, em agosto, que Israel estava a perder a guerra da propaganda online.
Ao mesmo tempo, declarações como as do embaixador de Israel em Portugal, Oren Rozenblat — que rejeitou relatórios da ONU afirmando “ninguém morreu de fome em Gaza” — geraram indignação e desgaste.
Nas ruas e nas águas, a contestação também cresceu. Uma flotilha internacional com destino a Gaza, incluindo três portugueses — Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte — tem recebido atenção constante através de transmissões diárias feitas via telefone, à semelhança do que Greta Thunberg fez noutras causas.
Nos festivais de verão, o palco foi também campo de batalha: a ascensão meteórica dos Bob Vylan após o concerto em Glastonbury contrastou com a polémica no Victorious Festival, onde a banda viu o espetáculo cancelado por exibir uma bandeira da Palestina. Já em Londres, Brian Eno reuniu dezenas de artistas no concerto “Together for Palestine”, em Wembley.
Até a direita norte-americana, historicamente pró-Israel, mostrou sinais de rutura. Figuras mediáticas como Tucker Carlson ou Marjorie Taylor Greene, puseram em “check” senadores republicanos como Ted Cruz ou questionaram o apoio incondicional a Israel.
O Inverno da IA está a chegar?
Se no campo geopolítico o verão foi quente, no da tecnologia pairam nuvens negras. Vários analistas já falam num possível “Inverno da Inteligência Artificial”, expressão que evoca o colapso de expectativas e investimentos após períodos de euforia tecnológica.
Jeremy Khan, editor da Fortune, defende que os sinais se acumulam: 95% dos protótipos empresariais de IA generativa estão afalhar, segundo um estudo do MIT.
Ao mesmo tempo, artistas estão a explorar os limites da criatividade com IA. O projeto Velvet Sundown lançou músicas compostas com apoio de inteligência artificial, incluindo o tema “Dust on the Wind”, desafiando conceitos de autoria e identidade artística.
O que vem aí
As eleições autárquicas poderão ser dominadas por campanhas low-cost feitas com IA, desde o design à comunicação. Novos produtos também exploram a “ressurreição digital” de entes queridos através da IA, prometendo abrir debates éticos intensos.
Recomendações
A Kenia e o Francisco recomendam o documentário “The September Issue” (Prime Video): bastidores da edição mais aguardada da maior revista de moda do mundo.
O Álvaro Costa recomenda a série “The Gilded Age”, temporada 3 (HBO Max): estreou em junho e mergulha nas tensões sociais da Nova Iorque do século XIX; e o NeuroRecital de Nicolas Namoradze no Verbier Festival, Suíça
Evento Apple: o iPhone 17 e outras novidades foram revelados no tradicional espetáculo de setembro.
E, para fechar, um vídeo sobre as divertidíssimas Olimpíadas de robots, na China.