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Luís Osório | 20 set, 2024, 18:50

O homem que salvou os auxiliares de serem carne para canhão nos hospitais

A história incrível de um homem que salvou os auxiliares de ação médica. Se não existisse, se não tivesse porfiado nestes últimos vinte anos, os profissionais mais frágeis do SNS não teriam direito a uma carreira.

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Postal do Dia

Luís Osório | 20 set, 2024, 18:50

O homem que salvou os auxiliares de serem carne para canhão nos hospitais

A história incrível de um homem que salvou os auxiliares de ação médica. Se não existisse, se não tivesse porfiado nestes últimos vinte anos, os profissionais mais frágeis do SNS não teriam direito a uma carreira.

1.

No Serviço Nacional de Saúde, mas também nos hospitais privados, há um grupo de gente que faz o trabalho sujo.

São eles, e maioritariamente elas, que realizam as tarefas mais duras e difíceis.

Mudam as camas.

Limpam o sangue, a urina e as fezes.

Transportam pessoas de um lado para o outro.

Transportam mortos para a morgue ou para o frigorífico.

Os auxiliares de ação médica são preciosos nos hospitais.

E cruelmente invisíveis.

Mais do que os médicos ou enfermeiros são eles que mais acompanham os acamados no seu desespero ou na sua esperança.

2.

Transportam a roupa.

Dão a sopa à boca.

Moralizam os moribundos.

Ligam e desligam a televisão, chamam os enfermeiros ou os médicos.

Durante a pandemia foram mais os auxiliares infetados do que médicos ou enfermeiros – se o hospital fosse uma guerra eles seriam a carne para canhão, os que na primeira linha dão corpo às balas que matam.

3.

E são tal maltratados, tão esquecidos, tão ostracizados.

Em 2008, perderam quase tudo o que tinham, a começar pela dignidade de serem considerados profissionais de saúde. Ficaram num limbo.

O João Fael era um miúdo quando tal aconteceu.

Trabalhava desde os 16 anos, sabia o que era a vida.

Viera de Castelo Branco e carregava em Lisboa o objetivo de construir uma carreira e uma vida o mais digna possível.

Estava no Santa Maria e fazia umas horas no Hospital da Luz. De um dia para o outro o estatuto que julgara ter deixara de existir, passara a cumprir um trabalho que não era considerado enquanto carreira.

4.

João falou com este mundo e o outro.

Bateu mil vezes com a cabeça na parede. Os seus colegas não estavam conscientes nem sequer percebiam o que estava em

causa, o importante era receberem o seu salário mínimo e não fazer ondas.

O João Fael não desistiu de fazer ondas.

Foi ameaçado várias vezes – que lhe cortavam as pernas, que deixaria de ter lugar em qualquer hospital, que isto e aquilo, mas ele prosseguiu sempre.

5.

Esta é a extraordinária história de um homem que não se vergou.

Um homem que diz orgulhoso ser o que é, um auxiliar de ação médica, um profissional de saúde.

Um homem que lutou para que pessoas como ele, a maior parte que levaram porrada a vida toda, tivessem um estatuto e uma dignidade.

Quase vinte anos na primeira linha.

A chatear os poderes, a chatear os jornalistas, a levar com a porta na cara a maior parte das vezes, a recolher assinaturas para petições, a recolher apoio para fundar um sindicato, uma associação ou para juntar gente num congresso que aconteceu mesmo na Covilhã, 400 auxiliares de ação médica que se mobilizaram para o futuro, o seu exército feito de gente que se recusa a ser mais carne para canhão.

6.

Esta é a história de um homem que, quase sozinho, conseguiu que a sua gente fosse reconhecida, que a sua carreira fosse recuperada.

Um trabalho ainda a meio, mas que não estaria a meio se ele não existisse.

Chama-se João Fael e não parece ser deste tempo.

Tem um bigode de 1970 e é um herói para a sua gente.

Para a nossa gente, a que nos abraça se precisarmos de um abraço.

A que nos ouve em primeiro lugar se estivermos internados.

A que nos dá banho se não conseguirmos tomar banho sozinhos.

Que nos limpa sem nos humilhar.

Que nos socorre se apenas precisarmos de alguém que nos oiça.

Este Postal é para o João, o homem que se cumpriu oferecendo um futuro aos mais invisíveis entre os invisíveis.

Texto e programa de Luís Osório

Ouça o “Postal do Dia” na Antena 1, de segunda a sexta-feira, pelas 18h50. Disponível posteriormente em Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e RTP Play.

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