A que sabe o Natal em Portugal? E saberá ao mesmo em todas as regiões? Num país com tanta riqueza gastronómica é claro que há 1001 sabores de Natal. Com Pedro Miguel Ribeiro, descobrimos as mesas de Natal típicas de cada região, e até damos algumas receitas. Este é o segundo dia de Consoante a Consoada, que celebra os sabores do Natal, na mesa da rádio e no site da Antena 1.
Açores — Receita de Bolo de Natal Açoriano
Consoante a Consoada, há muitos sabores diferentes por todo o país. E consoante a ilha… porque se estivermos a falar das 9 ilhas dos Açores, há ainda mais variedade. Açores rima com sabores… mas para dar uma receita apenas, o melhor é dar a conhecer o Bolo de Natal Açoriano.
Ana Luísa Gonçalves Dionísio é travel designer, faialense de gema e vai partilhar a sua versão do Bolo de Natal Açoriano: a receita secreta da família Gonçalves, do Faial.
Ingredientes
- 500 g farinha de trigo para bolos
- 500 g açúcar
- 6 ovos
- 250 g manteiga do Faial
- 2 colheres de chá fermento em pó
- 1 chávena mel de cana ou melaço
- 1 chávena compota de amora
- 500 g frutas cristalizadas
- 250 g frutos secos, nozes, amêndoas, avelãs, pinhões, ameixa seca, passas sultanas e figos secos
- 1 cálice vinho do Porto
- Canela em pó e noz-moscada q.b.
Modo de fazer
- Começamos por bater o açúcar com os ovos, depois juntamos as especiarias e a manteiga.
- De seguida, juntam-se a farinha com o fermento, o mel de cana ou o melaço, a compota e o vinho do Porto.
- Batemos tudo muito bem, até a massa ficar macia, nem muito mole nem muito dura.
- Juntam-se as frutas cristalizadas e os frutos secos, tudo cortado miudinho, e envolvendo bem.
- Vai ao forno lento, na forma forrada com papel vegetal.
- Reservar durante 3 a 4 semanas antes de comer, pode-se envolver em folha de alumínio.
Lisboa e Vale do Tejo — Receita de Bolo-rei
Consoante a Consoada, há tradições que viajam por todo o país e acabam por se concentrar nas cidades que atraem mais migração: é o que acontece em Lisboa, onde as mesas de consoada são tão variadas que mais vale sugerir a sobremesa que marca presença em todo o país: o bolo-rei.
Fernanda Lopes Magalhães, 94 anos, mais conhecida por “Bivó Nanda”, nasceu em Coimbra, viveu no Porto e agora mora entre Lisboa e Algarve. Ouvinte assídua da Antena 1 e fã incondicional de José Candeias, partilha aqui a sua receita de Bolo Rei:
Ingredientes
Quantidades para 3 bolos-rei (um para si, e dois para oferecer… só assim é que são bolos da Bivó Nanda)
- 1 kg de farinha de trigo
- 300 g de açúcar
- 6 ovos
- 50 g de fermento de padeiro
- 1,5 dl de leite
- 280 g de manteiga
- 1 cálice (dos que são usados para Vinho do Porto) cheio até meio com Licor Beirão
- Uma pitada de sal
- 50 g de nozes
- 250 g de frutas cristalizadas diversas cortadas aos pedacinhos
- Se quiser: uma fava seca para esconder na massa.
- Será preciso ter também algumas frutas cristalizadas para decorar o bolo por cima. Nessa decoração também podem entrar pinhões aos bocadinhos.
- E conte também com um pouco de açúcar para fazer uma calda e pincelar os bolos quando estiverem a acabar de cozer.
Modo de fazer
- Desfaz-se o fermento no leite, juntando-se alguma farinha e deixa-se repousar até crescer (uma hora a uma hora e meia).
- Deita-se no alguidar a manteiga, os ovos, o açúcar, o Licor Beirão, o fermento e as frutas cristalizadas cortadas aos pedacinhos.
- Amassa-se tudo com as mãos muito bem durante meia hora. O ponto da massa estará correcto se esta não se agarrar aos dedos. Se estiver mais mole, põe-se mais um pouco de farinha (às vezes os ovos são maiores e isso faz diferença)
- “Ouvir a massa” é importante. É preciso mesmo amassar até ela começar a fazer umas bolhas… ou a “soprar”.
- Abafa-se a massa e põe-se a repousar durante umas 10 horas (idealmente amassa tudo antes de se deitar e deixa a levedar durante a noite).
- Põe-se a massa formando uma argola e com uma tigela de esmalte ou uma caneca com água ao meio para a massa não unir, pinta-se com ovo, enfeita-se com frutas cristalizadas por cima e deixa-se a levedar mais algum tempo no tabuleiro.
- Quando vai ao forno que deve estar a 180 graus, mantenha a tigela ou caneca com água no centro do bolo para evitar que, ao crescer, o bolo se feche ao meio e perca o feitio.
- Enquanto os bolos cozem no forno, faz-se uma calda de açúcar em ponto e pinta-se por cima os bolos enquanto eles ainda estão quentes. Nessa altura, remove-se a tal caneca ou a tigela que estão ao centro para poder pintar também a zona que estava tapada por ela.
- Guarde um bolo para si. Ofereça os outros dois. Feliz Natal.
Minho e Douro Litoral — Receita de Aletria
Consoante a Consoada, pode haver mais ou menos doces na mesa… mas entre Douro e Minho serão muito variados de certeza. Entre os muitos pratos tradicionais que figuram numa consoada Portuense ou Minhota, a chef Marlene Vieira, fiel às suas raízes, escolhe a Aletria.
Fica a receita disponibilizada pela reponsável máxima de restaurantes como o ZunZum e o Marlene, assim como o Food Corner no Time Out Market de Lisboa.
Ingredientes
Atenção que a receita original da Mãe de Marlene Vieira é impossível de replicar aqui porque é feita sem medições… é tudo a olho e guiado pelo instinto. Mas vamos dar aqui umas medidas aproximadas para que todos possam experimentar. Com a prática, cada um irá desenvolver o seu próprio “Olhómetro” para os ingredientes.
- 175 g de aletria
- 250 g de açúcar
- 6 gemas de ovo
- 190 ml de água
- 1 casca de limão
- 1 pau de canela
- 25 g de manteiga
- 1 pitadinha de sal
- Canela em pó q.b.
Modo de fazer
- Tenha a Aletria já esfarelada, ou seja, é preciso desfazer à mão os novelos em que ela vem naturalmente.
- Parta os ovos, separe as claras das gemas e bata as gemas numa taça.
- Entretanto coloque num tacho água a ferver com uma pitada de sal. quando levantar fervura, deite a aletria lá dentro. Deixe-a cozer uns 5 minutos e depois deixe arrefecer.
- Noutro tacho, coloque os 190 ml de água a ferver com o açúcar, a água o pau de canela e a casca de limão. Espere até estar uma calda brilhante que vai ganhar também um pouco do amarelo do limão. Nessa altura, retire a casca de limão e a canela.
- Escorra a aletria cozida e deite-a no tacho da calda.
- Junte os 25 g de manteiga
- Vá mexendo a mistura durante uns 3 minutos em lume brando, envolvendo a aletria com a calda.
- Retire o tacho do lume e junte as gemas à mistura que está no tacho. Se quiser, antes, tenha o cuidado de juntar um pouco de calda quente às gemas para que ao juntar as gemas no tacho ela se misture de forma mais homogénea.
- Vá mexendo à medida que vai colocando as gemas tranquilamente. Não é coisa para se fazer à pressa.
- Leve de novo o tacho ao lume brando para que a aletria ganhe consistência. Coisa para demorar 2 minutos e meio.
- Deite o conteúdo do tacho numa travessa baixa e decore com canela em pó…