As janelas da vida de música de Anabela estão agora abertas em "Casa Alegre"
Ana Sofia Carvalheda conversou com a cantora e juntas percorrem este novo trabalho de originais já disponível no mercado.
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Neste álbum, lançado no ano em que a cantora comemora 30 anos de carreira, Anabela regressa à “sua Casa Alegre”, à sua matriz. Onze histórias, escritas e compostas com uma inteira portugalidade, por parceiros escolhidos ao seu gosto e que lhe entendem a cor e a alma.
Cátia Oliveira, Tiago Torres da Silva, Manuel Graça Pereira, Valter Rolo, João Vitorino, Pedro da Silva Martins, Diogo Clemente e Miguel Gameiro são os nomes que desenharam esta “Casa Alegre” com a arquitetura da TejoMusicLab. E tendo Anabela como polo de inspiração, não poderia sair mais evidente esta força grande de se ser português na música e nas palavras. São histórias da vida simples das gentes, nas quais a cantora veste cada história ao canto como se dela se tratasse.
No olhar e no sorriso, Anabela deixa transparecer a emoção e a alegria de dar a conhecer a “sua casa alegre”. Produzido por Valter Rolo e Diogo Clemente, este novo trabalho mostra-nos uma Anabela mais plena de maturidade técnica, ao mesmo tempo, fresca e cheia de energia.
Este não é um disco de fado, antes, uma visita pelo fado que ama e respeita, cantado como o sente. Uma mistura de texturas musicais que lhe conferem uma sonoridade “world music”, como a cantora refere: “O trabalho para a construção deste álbum foi muito aberto, recebeu muitas influências”, afirma Anabela.
“Há várias canções que partem da tradição portuguesa mas que, porque trabalhei com músicos com outra formação, e mais mundo, ganharam uma respiração nova e têm padrões mais complexos”. Noutros, explica a cantora, “músicas que não eram originalmente fados foram levadas para aí pela minha voz – só que, depois, a ‘vestimenta’ não é fado, é mais ‘world music’”.
“Casa Alegre”, tema que dá nome ao disco, é uma canção esperançosa que fala do amor e da felicidade. Partindo de um tema tradicional, “Casa Alegre” recebe a frescura da instrumentação com que é tocada, transformando-a numa sonoridade alegre e cheia de vida. Já “O Pecado Mora ao Lado” faz-nos viajar ao mundo da rádio nos anos 50, o tempo de Milú e de Madalena Iglésias.
É uma música dançante, divertida, com a história de um amor que nasce na ternura de um olhar e que se perde no tempo. “Só Hoje”, por seu lado, é uma autêntica “ousadia” ao fado tradicional: onde a voz é acompanhada apenas pela viola, tocada por Diogo Clemente, que assina a letra, parte de um fado tradicional de Amadeu Ramin e veste-se de uma “nova textura”.
Mas a alegria não está sozinha neste CD, “Fiz dos Teus Olhos os Meus”, “Pedi Meu Bem” e “Viagem”, têm um sopro triste, trágico e de saudade – perder-se em desencontros, partir sem planos para voltar, sobre o ir só por ir.
Em “Oh Minhas Amigas”, Anabela mostra-nos a influência africana, tema que quis partilhar com Lura, numa letra bem humorada e numa sonoridade cheia de ritmo, onde, com a cantora cabo verdiana, dá voz às memórias que tem das “suas próprias amigas”.
A carreira de Anabela iniciou-se em 1985 nos concursos de música infantil, que, há época, havia um pouco por todo o país.
No ano seguinte gravava o seu primeiro disco – o single “Rock do Amor” – e aos 12 anos venceria a Grande Noite do Fado. Quatro anos mais tarde, e com apenas 16 anos, ganhava o Festival da Canção com a música “Cidade Até Ser Dia” que lhe deu a oportunidade de representar Portugal no Festival da Eurovisão de 1993, em Millstreet, Irlanda.
Desde então, tem-se desdobrado em participações em musicais, sobretudo, de Filipe La Féria, em espetáculos com os seus próprios discos, em peças de teatro e em telenovelas. “Casa Alegre” é já o seu oitavo disco.