Os Bandua nascem de uma ideia de Bernardo Addario, produtor, DJ, baixista e compositor luso-brasileiro mais conhecido como Tempura the Purple Boy. “Eletrónica orgânica com raízes portuguesas” era o que ambicionava encontrar, mas rapidamente percebeu que teria de pôr mãos à obra — não apenas as suas, mas também as de Edgar Valente, um dos fundadores do grupo Criatura, envolvido com o ensino de arte e música como veículos de um espírito comunitário.
Ao descobrirem que eram ambos naturais da Beira Baixa, decidiram aprofundar esta colaboração e produzir uma carta de amor às suas terras — que ganha corpo em Bandua, o primeiro álbum da dupla, lançado em 2022 e que agora conhece edição física pela Frente Bolivarista. O projeto concretiza aquilo que era a vontade original de Tempura: associar as raízes do folclore português a uma matriz eletrónica, inspirada na cena downtempo de Berlim.Influenciada pelas tradições pagãs e mouriscas, a Beira Baixa é uma região central de Portugal impregnada de cultura milenar com uma história de música folclórica hiperregionalizada. “Bandua é uma reinterpretação das canções e poemas populares da região, trazendo-as para o mundo moderno”, explica Tempura. “Queríamos criar algo novo, sem esquecer de onde vimos”.