Quanto mais livros lemos, mais livres somos.
Ler é uma atitude de resistência. Sempre foi. Ainda mais numa ditadura como a do Estado Novo, que tudo fazia para manter o povo afastado da informação, da cultura, do espírito crítico. Vamos ao encontro de um tempo em que o medo se sentava ao lado de quem escrevia e editava. Por sua vez, os livros proibidos eram mais apetecidos. E tiveram um papel fundamental na revolução. Escutamos Maria Teresa Horta sobre a violenta resposta do país conservador à poesia do desejo feminino no livro “Minha Senhora de Mim”, e de como “Novas Cartas Portuguesas” abalou o regime. Ouvimos nomes que marcaram a história da edição nestes 50 anos, como são Zeferino Coelho, Manuel Alberto Valente, Carlos da Veiga Ferreira, Rui Beja. Também o historiador Flamarion Maués, autor de uma extensa investigação sobre a edição e revolução em Portugal. Olhamos os escaparates da liberdade: os dias pós-revolução, uma explosão de alegria e excesso, também no mundo dos livros. São disso testemunha os escritores A. M. Pires Cabral e Jaime Rocha. E nesse mundo novo para descobrir encontrei as interrogações de José Saramago, Ana Hatherly e Augusto Abelaira, em 1974, sobre o papel do escritor e qual o seu lugar numa sociedade democrática. Inês Pedrosa fala-nos disso. Os livros deram à democracia e receberam dela. Esta é uma história de 3 L’s que foram conquistados – Liberdade, Literacia, Livros. Pergunto-me então: Porque não foi tudo isto mais fértil?